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- Chase Hudson

Quando chegamos ao hospital, fomos para um lado diferente. Parecia específico para tratamento, diferente da emergência. Charli sabia exatamente para onde ir (ela sempre sabia para onde ir, em todos os sentidos).

- Olá passarinha - Cristina abraçou a morena - almoçou Chase? - afirmei - tudo certo?

- Sim - respondi sorrindo.

- Vamos Charli - ela bufou e encostou a cabeça no meu peito.

- Por que estamos bravos? - levantei a cabeça dela.

- Charli vai fazer agora uma espécie de limpeza interna, vamos tentar remover um pouco daquela gordura do baço dela.

- Eles colocam um cano dentro de mim e furam meu braço, não é muito legal - Charli segurou minha mão e começamos a seguir a Cris.

- Para com isso, você sabe que é para o seu bem - a mulher disse com as mãos nos bolsos do jaleco.

- Não, é pra tirar peso da sua consciência. - Charli falou baixo e Cristina parou de andar, me obrigando a freiar também.

Cris parecia triste, talvez porquê o que Charli havia dito carregava um pouco de verdade. Eu estudei a doença de Gaucher, nada salvaria a Charli, talvez um milagre... Mas como isso não existe, tudo o que Cris ou qualquer outro fizesse, seria em vão.

- Perdão - Charli abaixou a cabeça - vou fazer, desculpa.

- A glicocerebrosídeo podia sair de você igual as palavras mal pensadas saem - Cris riu e nós voltamos a andar.

- Que diabos e glicesico...?? - perguntei e Charli riu.

- É minha amiguinha infeliz - ela respondeu segurando meu braço, lembrei de ter visto esse nome durante as minhas pesquisas.

Paramos em frente a uma sala, tinha um vidro que permitia ver o interior do quarto. Tinha uma cadeira meio deitada e vários equipamentos e aparelhos que eu não fazia ideia para que serviam.

- Vamos entrar, você pode esperar aqui ok? - Cris tocou meu ombro.

- Pode deixar - peguei a bolsa que Charli carregava no ombro e coloquei no meu.

- Te amo - ela disse antes de me dar um beijo breve.

- Te amo - sorri e ela entrou na sala.

Cheguei a sentar no sofá, mas fiquei curioso e levantei para olhar pelo vidro. A cadeira estava de lado, e tinha um enfermeiro bem na minha frente, não conseguia ver Charli. Talvez fosse melhor assim...

Sentei de novo no sofá, mas agora tinha outra pessoa ali comigo. Uma menina, devia ter uns cinco anos, estava sentada na poltrona na minha frente. Não vou mentir, crianças me intimidam.

Na verdade, tenho medo delas.

Não sei o que é, mas elas me assustam. Me lembram meu irmão, e é muito fácil se apegar com crianças, por isso fico longe de todas, tenho medo de perdê-las também.

A garota caminhou lentamente até o sofá que eu estava e sentou ao meu lado, dei um pulinho para o lado oposto.

- Está doente? - ela perguntou e eu engoli seco.

Era ridículo? Era. Mas era real.

- Na-não, não.

- Por que está aqui?

- Minha namora-namorada - fingi uma tosse - cadê seus pais?

- Meu pai está lá dentro resolvendo "papeúlada" - ela suspirou.

𝗛𝗮𝗽𝗽𝗶𝗲𝗿, chacha ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora