Capítulo 9

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SERKAN

Fazia um pouco mais de um mês  desde que Eda e eu iniciamos esse relacionamento despretensioso.

Nos encontrávamos no mínimo três vezes por semana e quando não fazíamos passamos horas conversando por mensagens ou vídeos. Seja falando sacanagens ou  contando sobre o nosso dia.

Nossos encontros sempre eram em sua casa, e eu evitava levá-la em algum lugar por causa da imprensa. Queria manter  tudo o mais privado possível, pois se isso caísse na mídia ela não teria paz. Sem contar que não tínhamos  nenhuma pretensão de avanço nessa relação, então o melhor que tínhamos que fazer  era manter no sigilo.

Nossos encontros fora de sua casa eram apenas para visitação ao local da obra da sua loja, onde já havíamos avançando bastante e faltavam poucos detalhes no acabamento para a  entrega. O que demoraria em torno de 2 semanas se nenhum imprevisto ocorresse.

Observo através da janela a chuva intensa. Era um domingo cinzento, e por algum motivo sentia o coração inquieto.   Afasto o meu olhar da janela e volto a encarar minha irmã  que ocupa a mesa de jantar com diversas compras para o preparo do nosso almoço. Sempre que ela inventava de fazer um prato diferente, corria para o mercado para comprar ingredientes, pois raramente tinha tudo o que ela queria aqui em casa.

Lembro da conversa que tive minutos atrás com ela. Melek sempre foi uma pessoa muito observadora, e por isso  ao perceber o meu estado de inquietação não exitou em perguntar o que estava acontecendo. Claramente eu menti dizendo que era preocupação com um problema no trabalho, mas ela não acredito e ainda pergunto se  eu estava assim por causa da mulher que eu estava saindo.

Fiquei surpresa por ela está ciente disso,  mas então ela respondeu que era impossível não saber que tinha mulher no meio quando eu dormia várias vezes da semana fora. Bingo!

No final acabei contando para ela sobre a minha relação com Eda e ela ficou surpresa, mas não emitiu nenhuma opinião.

- Você devia convidá-la para vir almoçar com a gente hoje. - Fala de repente e a encaro.

- Você só pode está de brincadeira- Respondo. - Já falei qual o tipo de relação que nós temos.

- E qual o problema nisso? É só um almoço.

- Não quero que você imagine coisas onde não tem.

- Serkan, me dê um pouco de crédito,  não sou tão sonhadora como você pensa. Só fiquei com um pouco de pena. İmagine, pleno domingo, dia que todos se reúnem com sua família e amigos, e ela lá sozinha.

Penso em sua palavra e lembro que domingo era o único dia da semana que não entrava no meu calendário de visitas a Eda, pois queria dedicá-lo exclusivamente a minha irmã. 

- Ela já está acostumada, sempre foi sozinha. - digo e na mesma hora me arrependo de minhas palavras, pois era justamente isso que vinha me incomodando em relação a Eda.  Tirando a amiga que morava em outro país, ela não tinha mais ninguém.

Melo  na mesma hora para de mexer nas coisas e me encara séria.

- Ninguém  gosta de ficar sozinha e tão pouco se acostuma a isso - diz e sinto meu  coração apertar. - Mas você que sabe Serkan, não sou eu que vou dizer o que você tem ou não o que fazer na vida. - complementa.

- Eu não quero que ela crie alguma expectativa sobre nós.

- Então cabe a você deixar isso claro. - Diz- Enquanto você decide o que você vai fazer, vou  ir preparar o nosso almoço.

E assim ela pega as coisas que estão sobre a mesa  e vai em direção a cozinha.

Passo minha  mãos por meus cabelos sem saber bem o que fazer. A ideia de ter Eda na minha casa era muito agradável, mas ao mesmo tempo apavorante. Eu não queria que ela pensasse que isso seria um incentivo para um relacionamento sério. Nós estávamos bem do jeito que estávamos e não precisávamos de complicações.

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