Capítulo 20

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EDA

Quando Serkan saiu pela porta do quarto eu chorei desesperadamente. Ao longo da minha vida já sofri muitas humilhações, mas nada comparado a humilhação e ameaças vinda de alguém que eu amava mais do que a minha vida.

Em um momento nós estávamos ali nos amando e mantando aquela saudade louca que faltava nos sufocar, e no outro estava sendo acordada com ele direcionando todo o seu ódio para mim. Era tudo muito difícil de acreditar.

Se fosse em outro momento eu me entregaria mais uma vez a tristeza como ocorreu outras tantas vezes ao longo da minha vida, mas agora eu tinha uma criança que dependia de mim.

Não sei de onde eu tirei tanta força para me levantar daquela cama e ir tomar um banho. Quer dizer, na verdade eu sabia sim. Minha força vinha dela, da minha filha a quem eu já amava mais que a minha vida, e que havia se tornado luz na minha vida sombria.

Enquanto tomava banho percebi que precisava dar mais um passo na minha vida, e esse passo era excluir Serkan da minha mente e do meu coração. Eu precisava deixar ele ir por mais doloroso que fosse para mim.

Era impossível construir um relacionamento em cima de desconfianças, inseguranças e medo. Meu relacionamento com ele já estava fardado ao fracasso, mas eu sempre mantinha aquela pitada de esperança de que as coisas se acertariam.

A reação dele hoje foi a peça que faltava para eu finalmente entender que não haveríamos um futuro juntos, e que a nossa única ligação séria apenas por nossa filha.

Lembrar das ameaças que ele fez sobre tirar ela de mim foi o ponto que mais me doeu. Mas era aquilo, nada na minha vida foi fácil, não teria o porquê de ser diferente agora. Eu só precisava agir com frieza e dar um passo de cada vez.

Estava sentada no sofá folheando uma revista de maternidade e comendo o meu café da manhã quando a porta da sala foi escancarada e um Serkan transtornado passou por ela.

- Quem você pensa que é para entrar na minha casa assim? - Levanto indignada

Ele me olha de cima em baixo e vejo seu olhar suavizar.

- Eda, graças a Deus que vocês estão bem. - Diz se aproximando, mas me afasto.

- Claro que estamos bem. Você pode se retirar da minha casa, por favor? Ou será que vou precisar chamar a polícia?

- Eda eu.. quero conversar com você. - Pede

- Eu não tenho mais nada para falar com você.

- Temos muito que falar, eu preciso me desculpar com você. Eu acabei saber tudo que aconteceu na sua vida e me sinto extremamente mal pela forma que venho te tratando.

Na mesma hora paro, como assim ele ficou sabendo de tudo o que aconteceu na minha vida. Será que foi isso que foi divulgado na imprensa? Mas como? As maioria das informações sobre a minha infância e adolescência eram sigilosas.

Volto a encarar o Serkan e vejo aquele olhar se remorso, remorso pela forma que me tratou. Mas isso só aconteceu por causa do que ele descobriu, e não porque de fato se importasse comigo.

- Acho engraçado você vir aqui pedir desculpa só depois do que descobriu sobre minha infância. Agora eu me pergunto, e se há minha infância tivesse sido alegre e feliz e eu resolvi me prostituir quando cresci porque eu quis? Você ainda estaria aqui me pedindo desculpa?

Ele empalideceu e ficou calado.

- Foi o que imaginei. Por favor, você pode ir embora?

- Eda, mas eu...

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