Capítulo 15

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EDA

Novamente eu estava sozinha, sozinha em uma casa que agora eu achava grande demais para mim. Olho para o lado e já sinto saudades da Gisele e da Mariana e não havia  passado nem 6 horas desde que eu havia me despedido delas no aeroporto. 

Me despedi delas me sentindo bastante  culpada por não ter dado atenção que mereciam. Mas como eu poderia imaginar que tudo a minha volta desmoronaria?

Apesar de tudo agradeço por ela ter estado aqui nesse momento tão dificil na minha vida. 

Olho para caixa  em cima da mesa de centro e volto a abri-la. Dentro tinha dois  bodys de bebê, uma branco com listras azul  e com  o embrema de uma ancora no lado esquerdo e outro  vermelho com o símbolo da bandeira da Turquia bem no centro.  Era um presentes dado por Gisele a esse bebê que se formava dentro mim.

Lembro da minha reação  quando a médica disse que eu estava grávida. Eu havia literalmente surtado. Chorei como uma louca e disse que não queria ter esse bebê, que ele não merecia  vir ao mundo através de uma mulher como eu.

Eu estava tão surtada que eles tiveram que me dar um sedativo  acabou me apagando quase que imediatamente.  Quando acordei, fui encaminhada para um ginecologista e uma psicóloga. 

Foi feita uma ultra e ali escutei o coração do bebê. Não sei bem explicar qual o sentimento tive na hora, mas era algo mais perto de desespero do que sentimento materno.

Claro que eu não me orgulhava desse sentimento, mas estava confusa demais  para pensar de outra forma. Esse bebê teria uma mãe que não merecia.

Gisele conversou muito comigo e me convenceu a procurar ajuda psicológica e foi o que eu fiz. As consultas eras duas vezes por semana e eu esperava realmente que dessa vez ela desse resultado.

Antes de ir embora ela me fez prometer que eu me cuidaria, que eu continuaria com a terapia e que contaria para o Serkan sobre a gravidez.  Essa última era a única que eu não poderia prometer para ela, pois não  aguentaria  olhar o Serkan  e correr o risco dele me menosprezar. Eu não aguentaria.

Pensar em Serkan me causava uma emoção indescritível. Eu o amava tanto! Só que percebi que o nosso relacionamento não era para ser. O Serkan merecia alguém melhor. Alguém que tivesse uma família estruturada e o mesmo nível intelectual que ele, e não uma ex-garota de programa problemática.

Eu sofria por não ter ele ali, sofria por ter ferido seu coração e torcia que realmente que um dia ele encontrasse alguém que o amasse tanto quanto eu o amava, pois mais doloroso que isso pudesse ser para mim.

Fecho a caixa com as roupinhas do bebê e me levanto, mas aquele enjôo seguindo de mal estar novamente me ataca. Aquilo  estava acabando comigo  como consequência eu estava perdendo muito peso. O apetite era inexistente e quando eu comia tudo ia para fora. Eu vivia me sentindo mal.

No dia seguinte eu teria uma consulta com a obstetra e eu esperava realmente que ela achasse uma solução para esses enjôos.

Com muito custo  caminho para o meu quarto e quando chego lá me jogo na cama e adormeço em um piscar de olhos.

****

Acordo pior do que fui dormir. Meu estômago não me dava sossego e eu não parava de vomitar mesmo não tendo mais nada para colocar para fora.

Assim que termino de me arrumar, chamo o taxi para me levar ao médico. O  caminho até lá foi uma tortura, pois o balanço do carro me deixa ainda pior.

Assim que chego no hospital e a recepcionista percebe o meu estado me encaminha diretamente para o atendimento.

Após me analisar,  a médica achou melhor me internar, pois eu estava com um quadro de desitratação severa e desnutrição.

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