Gangsta || (Zigi) ✔

Capítulo 6

Gigi

Andar na rua de madrugada e sozinha assusta qualquer um,  mas só a realidade de estar a chegar a casa ainda me deixa mais nervosa, a ideia de ter que me encontrar com o traste a quem chamo marido. 

"Mas então porque continuas casada com ele sua idiota?" - pergunta a vozinha na minha cabeça.

Essa é a pergunta que faço a mim mesma diariamente, mas nem eu sei a resposta. Ninguém nos prepara para situações desta, quantas foram as vezes que já tentei sair de casa e até mesmo fazer queixa mas o James consegue sempre apanhar-me antes que pense em fazer algo. A primeira e única vez que estive mais perto de o denunciar fui traída por um polícia, alguém que fez um juramento de cuidar e proteger.

A  primeira vez que o filho da mãe me agrediu foi também a pior de todas. Numa noite em que chegou a casa bêbado tentou vir para cima de mim ao que eu neguei, não contente com o não tentou novamente de forma mais agressiva ao que eu me neguei, tirando a sua mão da minha perna, debatendo-me com ainda mais força tendo mesmo que lhe bater ao que o idiota me bateu e prendeu as minhas mãos com o lençol, não contente prendeu também as minhas pernas abertas nas duas pontas da cama deixando-me á sua mercê. Voltando para cima de mim apontou a sua arma no meu pescoço e sorriu satisfeito mostrando o quão satisfeito estava com a situação, quando senti a sua mão descer no meu corpo cuspi-lhe para cima ao que recebi uma bofetada no rosto, a sua mão veio para a minha boca impedindo-me de gritar, o seu sorriso de prazer durou segundos até o sentir penetrar-me bruscamente e sem cuidado, os seus gemidos ia aumentando até se ter fartado. Todo o tempo quis gritar e debater-me mas o choque do que estava a acontecer foi tão devastador que tanto o meu corpo, como a minha mente congelaram no lugar. A minha mente ficou em branco, os olhos focados nas pequenas manchas de bolor do teto escuro. Assim fiquei até ele terminar, nunca soube quanto tempo durou, se foi muito ou pouco. Naquela noite era apenas um corpo vazio, a minha mente havia fugido para bem longe.  

Quando terminou saiu de dentro de mim vestiu-se e pegou nas suas coisas preparando-se para sair de casa, tendo apenas a decência de soltar os meus braços. Esperei alguns minutos após ouvir a porta de casa fechar e sai de casa sem pensar em mais nada, apenas me vesti, coloquei um casaco e corri para a esquadra mais afastada da minha casa para apresentar queixa, só não revelei o nome do meu agressor com medo de alguém ali conhecer o traste e o poder avisar de onde eu estava, uma mulher sargento anotou a queixa e enquanto saiu para chamar um médico para me analisar, um outro polícia entrou na sala acompanhado do traste que me olhou com um olhar que eu já bem conhecia. 

De início não o reconheci mas assim que ele falou logo me lembrei dele, claro que tinha de haver um dos melhores amigos do idiota naquela esquadra. Apesar de saber o motivo de ali estar o idiota nem quis saber apenas ligou para o James avisando-o que eu ali estava, os dois apenas se cumprimentaram por segundos e logo fui arrastada para fora dali e levada para casa. Mal chegamos ao beco onde estava estacionado o carro fui virada bruscamente e de imediato senti o meu rosto arder, em seguida voltamos para casa em total silêncio.

Após essa noite passei a tomar a pílula e as agressões não passavam de verbais, a nível sexual ou físico o traste jamais me tocou e inclusive passou a dormir no sofá, o que eu agradeço mentalmente todas as noites.

O único motivo para não fugir para bem longe, é o medo, mas não por mim, pela Bella. As suas ameaças em relação a abandoná-lo vão sempre para a mimha irmã, e apesar de ser um cobarde sei que quando abre a boca para ameaçar a minha irmã, não é apenas da boca para fora. Cobarde como é, realmente é capaz de fazer mal á pessoa mais importante da minha vida apenas para me atingir. Apesar de ser um cobarde sei que é capaz dos atos mais brutais e horríveis apenas para se sentir poderoso. Prefiro não arriscar.

Uma buzina alta desperta-me dos meus pensamentos, nem mesmo percebi que já estava no meu bairro, e que lágrimas inundavam o meu rosto, que estava quente e de certeza que vermelho e inchado, olho ao meu redor percebendo que além de já estar no meu bairro, também já me encontro em frente do meu prédio.

Limpo o meu rosto molhado e inchado com a ajuda da porta espelhada e entro no prédio, o nojento cheiro de urina inunda as minhas narinas, sinto o olhar predatório de Dean, o senhorio que se encontra sentado ao balcão. Finjo não notar e sigo para a escada, como sempre o elevador está avariado, subo os três lances de escadas e finalmente chego a casa. O cheiro de tabaco e maconha, as garrafas de cerveja espalhadas pelo chão, mesa e sofá fazem-me suspirar, ainda teria de limpar tudo. 

- ONDE É QUE ESTAVAS? - uma voz alta e furiosa desperta-me dos meus pensamentos.