Capítulo 14

31 0 0
                                    



O corpo de Lena balançou, e ela se obrigou a não furar outra parede. Tinha mais controle do que isso, embora não se parecesse com ela recentemente. Ela rapidamente jogou um pouco de água fria em seu rosto, esperando que acalmasse seu lobo. Kara dormia no quarto ao lado, exausta depois de sua vida amorosa e a explosão da casa maternal.
Embora tentasse, não tinha sido capaz de adormecer, seu lobo também na borda para a paz, mesmo um momento. Na verdade, a única paz que ela sentiu em muito tempo, foi quando tinha Kara em seus braços. Lena nunca pensou que iria se sentir assim em relação a outra pessoa. Não passou por sua cabeça que se importaria com outro ser como ela fazia.
Tinha passado tanto tempo lutando para o bem do bando, manchando sua alma para que outros pudessem respirar de novo, que a ideia de uma companheira perfeita para ela parecia impossível. Em seguida, houve longos anos sem um único acasalamento dentro do bando. Alguns pensaram que era a deusa da lua amaldiçoando a cova, por causa do que Lilian tinha feito, mas Lena teve outra ideia. E se a deusa da lua estivesse amaldiçoando-a em vez disso? Ela fez o impensável e tinha o sangue de tantos outros em suas mãos. Ela não merecia uma companheira, e com maldita certeza não merecia a mulher em sua cama.
Kara vinha tomando um pedaço seu pouco a pouco, surpreendendo-a cada vez mais. Seu
acasalamento não era um fardo, não era algo que elas foram forçadas mais, não mais. Era algo que queria acalentar. A fim de fazer isso, porém, ela sabia que era hora de contar toda a história do bando e como ela se tornou Alfa. Nos tempos de guerra e conflitos, o que ela fez pode não parecer tão ruim quanto sentiu que fez, mas era escuro o suficiente para que machucasse o lobo, o seu ser.

Estava na hora de encarar a verdade e esperava que Kara e seu lobo a quisesse o suficiente para ficar. Oh, ela sempre seria sua companheira, mas não tinha que viver com ela, não tinha que mantê-la em sua vida. Havia maneiras de contornar isso. Ela orou que Kara a escolhesse uma vez que fosse tudo revelado.
Se ela não o fizesse... Bem, não queria pensar sobre esse resultado. Lena não tinha certeza que podia suportar.
Lena ainda podia ver o sangue no rosto, a fuligem e gesso cobrindo seu corpo quando a viu pela primeira vez nos escombros. Seu coração tinha saltado para fora do seu peito, sua mente entrando em modo de pânico. Ela tinha estado tão perto de perdê-la. Se ela tivesse estado apenas alguns segundos cedo ou alguns metros mais perto, poderia tê-la perdido. Não importava que ela fosse um lobo e pudesse curar mais rapidamente e levar mais dano do que os seres humanos; ela poderia ter sido morta.
Lena não sabia o que faria se a perdesse.
E esse foi o ponto crucial.
Lena encontrou uma companheira que cavou seu caminho para o seu coração, e ela não tinha ideia de como tinha chegado lá. Agora que ela estava lá, porém, não estava disposta a deixá-la ir. Isso significava que iria lutar por ela, mesmo que fosse a única que quisesse sair, uma vez que lhe contasse tudo o que tinha feito.
_ Lena?
Virou-se para a porta entre o banheiro e quarto, e respirou fundo. Seu doce perfume
derivando em sua direção, e Lena se viu movendo até a ela, sem pensar duas vezes. Seu cabelo
loiro caiu ao redor de seus ombros, e ela tinha colocado uma de suas camisas, misturando seus perfumes. Ela estava em sua pele, assim como estava na dela. Enquanto Lena queria esfregar ao longo de seu corpo mais uma vez, para se certificar de que o cheiro persistisse, não o fez. Elas precisavam falar primeiro.

_ Eu pensei que você estava dormindo. – Ela murmurou, em seguida, segurou seu rosto,
incapaz de não a tocar.
Ela inclinou-se na palma da mão e colocou a mão em seu peito.

_ Eu não podia. Não com você andando aqui. O que está acontecendo, Lena? Você está preocupada com alguém ferindo a cova de novo?
Lena engoliu em seco, em seguida, mudou sua mão a colocando na parte de trás do pescoço dela, a segurando de uma forma possessiva.

_ Nós precisamos conversar, Kara.
Kara arregalou os olhos por um momento, e então mordeu o lábio.

_ Sempre que alguém diz isso, normalmente significa algo ruim.
Ela encontrou seu olhar, seu lobo em seus olhos. Ela pode não ser agressiva, mas seu lobo sabia que o lobo de Lena nunca iria machucá-la. Essa confiança era algo que ela faria o
possível para nunca quebrar.
_ Eu preciso dizer-lhe sobre os meus pais e como me tornei Alfa. – A força de sua voz a surpreendeu.
_ Ok, nós podemos fazer isso. – Sua mão permaneceu em seu peito, e ela acariciou lhe
suavemente. – Eu sei alguma coisa, Lena. Tudo o que você acha que fez foi tão escuro, tão
doloroso, não pode ser tão ruim quanto você pensa. Você não seria a mulher que é hoje, se
fosse esse o caso.
Lena pegou a mão de seu peito e beijou a ponta dos dedos, seu lobo ritmando.

Companheiras destinadasOnde histórias criam vida. Descubra agora