♟XVI (labirinto pt.2)♟

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Astrid corria tão rápido que nem os galhos conseguiam a alcançar. Apesar de toda sua capacidade, as únicas que a faziam correr assim eram seus amigos que morreriam se ela não conseguisse. Niki não deixava os pensamentos da garota por nem um segundo.

Um mar de galhos se formava em sua frente, fazendo com que ela tomasse impulso mais uma vez para pular sobre eles. Durante o salto ela se sentiu como um pássaro em seu primeiro voo, mas seu sentimento de alívio foi destruído graças à um corte feito em seu braço por um galho que quase a perfurou de lado. Ela caiu no chão e voltou a correr novamente ignorando a dor em seu braço. Astrid entrava e saia de diversos corredores enquanto o labirinto se fechava cada vez mais, mas em um último momento de esperança ela conseguiu ver o lugar onde nenhum galho entrava. Ela finalmente tinha encontrado o centro do labirinto.

Correu mais rápido, deslizando no chão para de livrar dos galhos que tinham tomado a parte superior da passagem e finalmente entrando no lugar mais protegido daquela ilha. Ela observou o local por breves segundos, vendo que não tinha absolutamente nada lá. Era um ambiente quadriculado com o chão composto por uma terra amarronzada. Pelo menos não tinha grama ali. Ela se aproximou do centro rapidamente e começou a revirar a terra com as próprias mãos, cravando as unhas no chão firme. Astrid retirou outra faca que ela levava na bota e ficou no solo, fazendo a terra sair mais rápido.

Depois de alguns segundos, enquanto via o labirinto se tornar cada vez mais furioso fora do lugar onde estava e continuava cavando, ela viu a ponta de um objeto prateado. Começou, então, a retirar a terra ainda mais rápido. Ela encontrou um cabo e rapidamente agarrou, o puxando com toda a força e retirando-o do solo endurecido que se encontrava, dando um grande sorriso ao ver o que tinha pegado. Ela tinha encontrado a adaga, mas isso não era o que a deixava aliviada.

Seus amigos agora estariam à salvo.

Ou não.

Seu sorriso se desmanchou ao ver que o caos que o labirinto estava fazendo não foi interrompido com seu achado. A garota se desesperou. Ela não sabia o que fazer, todos iam morrer, então?


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Maya estava paralisada enquanto sentia os insetos se acumularem em seus pés, formando um "mar" deles. Ela continuava gritando sem parar por Jake, mas o mesmo não aparecia para ajudá-la.

Na verdade, poucos minutos depois de Maya cair no buraco, Jake percebeu a ausência da garota e entrou em desespero - não maior que o dela -. Ele se perguntava onde ela tinha parado de correr e porquê não fez nenhum barulho. Ele sacou a espada e começou a golpear os galhos que avançavam contra si, tentando voltar para procurar sua garota, mas foi uma tentativa completamente falha. Não importava o quanto ele lutasse, os galhos sempre eram mais fortes.

Maya já sentia os insetos chegando em suas coxas. A sensação deles andando em suas pernas a deixava imóvel. Ela tinha pavor de insetos desde quando era pequena e essa situação, na visão dela, era a pior de toda a sua vida. Ela já não sabia à quantos minutos estava ali, mas sabia que não iria conseguir ficar consciente por muito tempo.

Niki sentia os galhos perfurarem sua pele, fazendo cortes que ele não conseguia distinguir se eram profundos ou não, apenas sabia que grande parte do seu corpo latejava constantemente. A dor era tanta que o garoto começava a fechar os olhos lentamente, perdendo a consciência. Ele pensava em Astrid, precisava que ela conseguisse matar aquele labirinto para que ele não morresse. Dependia, agora, da garota que mais amava. Todos dependiam dela.

Astrid se aproximou novamente do buraco onde a adaga estava escondida, começando a cavar novamente, na esperança de encontrar algo que parasse aquele lugar. Depois de poucos segundos ela notou a ponta de outro objeto, mas esse era diferente, amadeirado. Ele estava um pouco ao lado do lugar onde ela tinha cavado, mas ela rapidamente conseguiu escavar um novo lugar, tendo visão de uma moldura amadeirada que cobria alguma coisa. Ao ver o que era, ela gritou pelo susto que teve. Um coração batia constantemente e várias raízes saíam dele, se espalhando por todo o subsolo. Astrid pensou no que deveria fazer, mas chegou à conclusão de que aquilo mantinha o labirinto vivo, como uma pessoa.

ℝ𝕖𝕚𝕘𝕟𝕤 - 𝕖𝕟𝕙𝕪𝕡𝕖𝕟Onde histórias criam vida. Descubra agora