ℝ𝕖𝕚𝕘𝕟𝕤 - 𝕖𝕟𝕙𝕪𝕡𝕖𝕟

♟ I ♟

Eu sentia a água invadir meus pulmões sem controle. Estava em baixo d'água e via apenas alguns flashes de luz que iluminavam a imensidão vazia do fundo do mar. Comecei a perder a consciência quando senti meus pulmões inundados, mas ainda assim, ouvia uma voz que me chamava distante, quase inaudível: "alteza!" . De repente a voz se tornou mais frequente e alta: "príncipe Jungwon! acorde!". E como em um passe de mágica eu acordei em um sobressalto em cima de minha cama. Assustado e ainda sem fôlego.

- alteza, o senhor está bem?

- sim, estou, não se preocupe, e obrigado por me acordar - jungwon respondeu educadamente -

- ahm, alteza, o senhor está atrasado para o café da manhã...

- MINHA NOSSA - saí de cima da cama em um pulo, logo me dirigindo para o banheiro - AH, obrigado por me salvar mais uma vez, Ylloc.

Ylloc sorriu amigavelmente para jungwon e saiu de seu quarto, deixando o príncipe em desespero devido ao seu atraso. Mesmo que fosse apenas um café da manhã em família, Jungwon não podia se arasar, já que ele estava em "período de treinamento" para se tornar Rei. Esse pesadelo começou à um ano e alguns meses atrás, quando completou 16 anos, e agora com 17 as coisas se tornaram ainda mais sérias. Jungwon havia perdido a juventude para um reinado que não iria exercer tão cedo, justo a juventude tão desejada pelo rapaz que sempre teve uma vida monótona dentro de seu palácio.

O Yang sempre admirou seu pai por tomar de conta de um reino tão grande, mas também sempre discordou de todas as exigências que ele fazia aos filhos, como por exemplo não poder sair do castelo em hipótese alguma. Jungwon queria conhecer o mundo por trás das grandes muralhas do castelo, ver o porto, o mercado, mas nunca pode. Nem ele e nem seus irmãos. Devido a todas essas exigências e obrigações, Jungwon havia escondido sua personalidade feliz e animada para dar lugar a um rapaz fechado, sério e pensativo. Ele gostava de sua parte pensativa, mas apenas ela. Os únicos momentos em que ele podia ser ele mesmo era quando estava sozinho com seus irmãos, seja treinando com Heeseung ou conversando com Maya.

Esses três irmãos eram os portos seguros uns dos outros, juntos sempre, em qualquer ocasião, sendo boas ou ruins. Irmãos cercados de segredos que não diziam respeito apenas à eles, segredos obscuros que logo seriam descobertos.

Assim que Jungwon se apresentou na sala em que sua família já estava tomando café da manhã, seu pai o adverteu:

- está atrasado mais uma vez, filho. Se quiser ser um bom rei um dia você não pode se submeter a atrasos.

- majestade, foi apenas um atraso. - heeseung disse tentando defender seu meio-irmão, já que odiava ver o Rei o tratando dessa forma -

- reis não podem se atrasar... e não é "apenas um atraso", isso trás má fama para famílias importantes.

- me perdoe, pai, não irá acontecer novamente - jungwon respondeu encerrando o assunto e se sentando à mesa -

Depois do café da manhã extremamente entediante - que foi animado apenas por Maya que compartilhava as últimas coisas que tinha aprendido com seu livro de latim - os irmãos se separaram para suas atividades diárias. Maya foi estudar com sua mãe, Jungwon foi aprender sobre economia e Heeseung, como quase sempre, foi treinar seus tão amados e perfeitos golpes.

Heeseung era o melhor espadachim já visto por qualquer pessoa que entrasse naquele castelo, mas o caminho até chegar a ter esse título não foi algo que ele teve prazer de viver. Ele não era um filho legítimo do rei, mas sim filho do dono das minas de ouro de Askirad (o reino), porém um dia seu pai foi misteriosamente assassinado e depois de meses de luto sua mãe conheceu o rei, pelo qual se apaixonou e se casou depois de mais alguns meses. No início do casamento a relação entre ele e o rei era uma maravilha, mas com o passar dos meses e com a gestação de seu primeiro filho legítimo, jungwon, o rei começou a tratar Heeseung de uma forma diferente, rude, como se o garoto tivesse feito algo de errado. Claro que o rei não o tratava assim na frente da rainha, e Heeseung nunca a contaria, tanto pelo medo que tinha do rei quanto por saber que sua mãe estava feliz com seu novo marido.