Não É Uma Opção

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Bakugou foi levado para casa, e então para um médico especializado. Seus pais, assim como ele, já tinham uma noção que isso poderia vir a acontecer. Quando pequeno, Bakugou tinha feito alguns testes sobre o assunto, mas a possibilidade era distante e, com certeza, nem de perto suficiente para fazê-lo desistir de seu sonho e carreira como super herói. Ele entrou na UA, ele cresceu até ser o herói e estudante que era agora, e não se arrependia, por um segundo sequer.

All Might sabia disso, poderia ver em sua expressão, mas mesmo depois da conversa tranquilizadora com Mitsuki, não podia não se surpreender. Ela conhecia a teimosia do filho, e sabia que que ele não iria parar. Não pediria para ele fazê-lo.

Katsuki perdeu por volta de 63% da função de seu ouvido esquerdo, e 87% do direito. Não tinha cirurgia que pudesse reverter a situação, ou quirk, pelo menos conhecida. Mesmo que o fizesse, ele continuaria a perder mais e mais da audição, se não parasse de lutar e usar tanto sua habilidade.

- Não é uma opção.

Foi a única coisa que Bakugou disse o dia todo. Era estranho ver seu menino tão quieto, e Mitsuki foi obrigada a esconder algumas lágrimas do moleque. Ele não parecia mais o mesmo.

Seus aparelhos de ouvido ficariam prontos logo. Por enquanto ele poderia voltar para casa e passar um tempo com os pais, com uma proteção de heróis (da qual ele reclamou com resmungos e dedos do meio).

- Katsuki, precisamos conversar.

Mitsuki, sua mãe, abriu a porta de seu quarto depois de um tempo, revelando sua presença e esperando o filho a estar olhando antes de continuar.

- Você sabe que os aparelhos não vão resolver tudo, não sabe? Pode deixar seus ouvidos super sensíveis em batalha, e se ficar sem eles vai estar em desvantagem. Você precisa procurar outras formas de--

- Eu sei, velhota, me deixa.

A frase veio acompanhada dos sinais, certeiros mesmo na hora do apelido. É claro que ele aprenderia isso primeiro... Foi demais para a loira, ela o agarrou em um abraço apertado, bagunçando seu cabelo em um cascudo, sufocando as lágrimas.

- ME SOLTA, VELHA CADUCA!

Ele finalmente conseguiu se soltar, com uma careta emburrada, e a loira sorria enquanto o respondia, também em língua de sinais:

- Você vai ter que se esforçar o dobro agora. Sabe disso, não sabe?

O menino pareceu ficar em choque por algum tempo. É claro que ele sabia. Se esforçaria.

- Não vai ser essa merda que vai me impedir de ser o herói numero um! Vou superar All Might do mesmo jeito!

Ela pareceu feliz com a resposta, mas o loiro não tinha acabado. Com a voz um pouco mais baixa, como se estivesse se controlando para medir a altura de sua voz sem poder ouvi-la, ele perguntou:

- Desde quando você sabe sinais?

- Acha que não ia estar preparada? Pensei que essa hora pudesse chegar... Apesar de ser um maldito boca suja desrespeitoso, você ainda é meu filho, Kat.

Ele pareceu se emburrar ainda mais, desviando o olhar, e Mitsuki tomou aquilo como um tipo de felicidade. O conhecia, sabia que era o melhor que conseguiria. Então bagunçou seu cabelo uma vez mais, batendo em sua cabeça diante do xingamento que recebeu em resposta, e o deixou descansar. Teriam algum tempo juntos ainda.

you can count on me - deaf! bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora