Você Tá Falando Sério?!

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Aos poucos, Bakugou e Izuku se ajustavam um ao outro, e apesar de Deku estar muito feliz com a melhora na relação dos dois, não estava muito certo sobre como os outros viam isso. Depois daquele dia de treinamento, não chegou a conversar com Todoroki sobre, e Aizawa mais preferia não ter nada em relação a isso, então o garoto estava mais do que satisfeito em fingir que nada tinha acontecido.

Não entendam mal, Izuku amava ter Bakugou em seus braços, tanto que as vezes ainda se pegava achando que sonhava quando acordava de manhã com a respiração calma do loiro dormindo atrás de si, mas... Mas ele ainda tinha medo do quão facilmente tudo poderia ir pro água a baixo, do quão frágil tudo aquilo poderia ser. Afinal, estavam em categorias bem diferentes. Poderiam ser os melhores da turma, poderiam ser a melhor dupla nos treinos, poderiam se entender e estar confortáveis um com o outro mais do que qualquer outro, mas ainda assim... Bakugou era Bakugou, inalcançável. Pelo menos, era como Izuku pensava.

- Porque parou, nerd?

Só então Izuku se deu conta que tinha interrompido o cafuné no cabelo de Bakugou, deitado em seu peito, enquanto o moreno lia alguma coisa. O loiro estava com enxaqueca depois de um dia longo, coisa que só os cafunés do... Amigo podiam resolver.

- Ah! Foi mal, Kacchan...

O garoto riu baixinho para si mesmo, voltando ao seu dever, já completamente distraído do livro que deveria estar lendo. As vezes demorava a cair a ficha de que podia tê-lo assim tão fofinho ao seu lado.

- No que estava pensando?

Os olhos carmesim agora colados nos dele tornavam difícil mentir, mas como ele poderia contar a verdade? Se esforçou para não deixar a melancolia rápida tomar sua expressão, e fez um sinal negativo com a cabeça, se lembrando que ele não estava com aparelhos.

- Em nada, tá tudo bem. Já quer dormir?

A expressão sonolenta de Bakugou deveria ser resposta o suficiente, mas ele ainda soltou um resmungo que para Izuku soava como um claro "sim, por favor apaga essa luz" e ele logo obedeceu, se ajeitando nas cobertas agora no escuro.

Aquilo ainda era algo com que vinham aprendendo a lidar, se comunicar sem os aparelhos e sem luz. Como de costume, Izuku esperou Bakugou o abraçar por trás e trouxe sua mão ao rosto, deixando um beijo na palma de sua mão, um "boa noite".

Mas quem disse que conseguia dormir? Sentiu a respiração de Bakugou estabilizar atrás de si e deixou a mente voltar a viajar por aí. Nunca tinha se sentido tão bem. Só Bakugou era capaz de lhe fazer se sentir daquele jeito, hum? As vezes sentia que era injusto se sentir tão bem. Será que ele merecia tudo aquilo? Kacchan fazia tudo por ele. Tudo bem, não era muito bem em comunicação ou carinho no geral, poderia xingar demais e as vezes ser agressivo demais, mas estava sempre lá para o ajudar, cuidar dele mesmo quando ele não precisava. Ele tão bom pra ele...

Izuku costumava ser afogado por todos esses sentimentos com alguma frequência. Gostava tanto dele. O admirava tanto. O amava tanto...

O que?! Amava ele?!

Depois do susto inicial, não precisou pensar duas vezes. Amava Bakugou. Já há muito, muito tempo. Como não tinha se permitido perceber antes? O amava tanto que as vezes doía. Como agora, em que se via completamente incapaz de lhe dizer aquilo. Como poderia?

Batucava os dedos distraidamente no braço de Bakugou em volta de sua cintura, e demorou um pouco a perceber a repentina tensão atrás de si. Num segundo só o loiro o puxou pelo ombro e acendeu a luz do abajur, com uma expressão surpresa na direção dele.

- Céus, Kacchan! Você quase me matou do coração! O que foi?!

- Você tá falando sério?

Izuku imediatamente achou que tinha feito algo muito errado e estava prestar a surtar, então notou que o tom dele não tinha nada de raiva, e mais... Que era aquilo? Quase como se esperançoso?

- D-Do que você tá falando...?

Kacchan levou uma mão ao rosto de Iuzku, agora apoiado nos cotovelos para poder o ver, e o Moreno mal teve chances de esperar um beijo, o loiro estava batucando em sua bochecha.

- O que você tá...?

E então notou. Era o mesmo batuque que estava fazendo no braço dele, as claras palavras "eu te amo" em código morse. Nem percebeu que estava fazendo aquilo. Tinha começado a aprender exatamente para poder conversar com ele no escuro, mas não tinha lhe contado. Desde quando Bakugou sabia código morse?!

you can count on me - deaf! bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora