Podemos Recomeçar, Que Tal?

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Izuku abriu a porta pro quarto de Bakugou. Tinha estado ali algumas vezes ja, com mais frequência nas últimas semanas, conforme ficavam mais próximos, mas nunca tinha podido reparar o suficiente, normalmente só ficavam estudando ou teorizando sobre os vilões. O quarto de Bakugou não tinha mudado muito desde quando eram crianças. Ainda é simples, mas as poucas decorações que tinha, normalmente do All Might, já não estavam mais a vista. Será que tinha errado no presente...?

- Que é, nerd?

A pergunta o traz de volta a realidade, e só então ele nota Bakugou apoiado nos cotovelos, na cama, sem camisa e agora se esticando para pegar os aparelhos e colocar de volta para poder conversar com ele. Izuku se esforçou para manter o olhar em seu rosto enquanto isso, apesar de não entender porque estava desajeitado com uma coisa dessas. Já tinha visto ele sem camisa um zilhao de vezes a esse ponto, né?

- Eu vim, er... Te dar parabéns...? Eu sei que você não curte muito essas coisas, mas... Aqui estou eu!

Bakugou não parecia surpreso, apesar da pergunta. Izuku nunca tinha perdido um aniversário dele, mesmo na pior das épocas dos dois. Não esperava que ele fosse ficar sem vê-lo hoje, e ainda tinha alguma bateria social para lidar com ele um pouco. Quem diria, guardando bateria logo pra ele...

- Senta aí.

Ele aponta para a própria cama, e Izuku se senta, desajeitado. De trás das costas, ele tira o presente e estica para o amigo. Uma figure action de All Might, é claro, em uma de suas famosas poses.

- Aqui, pra você. Eu não sei se você ainda coleciona, mas no seu aniversário de 14 anos, tava faltando esse na sua coleção... Eu não consegui te entregar naquela época, pensei que talvez você ainda pudesse querer.

O loiro encarou o presente por alguns segundos, inexpressivo, e Izuku pôde sentir seu coração cair em seu estômago. Naquela época, Izuku mal poderia chegar perto do loiro sem ser explodido, é claro que ele não iria aceitar nada dele, mesmo com sua mãe o espancando. Izuku pensou que agora poderiam consertar isso... Estavam melhores, não? Passavam tempo juntos, não brigavam mais com tanta frequência, tinham até se abraçado, uma vez! Podia considerá-lo seu amigo, certo?

- Eu não posso aceitar.

A frase finca uma faca no estômago de Izuku, e ele se esforça para olhar para Bakugou, mas os olhos rubis estavam presos no boneco, melancólicos.

- P-Porque...? Você não coleciona mais? O-Ou eu errei no presente?! Claro, é-é, foi mesmo uma ideia boba! Eu posso te arranjar outra cois--

- Eu sinto muito, Izuku...

O moreno congela no meio de sua gagueira diante da frase. Kacchan, se desculpando...? Quería perguntar porque, mas já sabia a resposta, e era ainda mais chocante.

- Me desculpa por tudo que eu fiz pra você. Não consegui me acostumar com a ideia que você é forte. E eu... Tenho minhas fraquezas.

Izuku mal podia sentir o coração bater mais, mal registrava a sensação de seu corpo na cama. Talvez tivesse morrido e estivesse no céu?

- Mas apesar de tudo, você sempre esteve _ao meu lado_, esse tempo todo, mesmo eu tendo sido... Mesmo eu ainda sendo um idiota. Eu não mer--

Ele se obrigou a parar de falar, e só então Izuku percebeu que sua voz estava embargada. Kacchan tinha se desculpado com ele! Nunca pensou que fosse viver o suficiente para ver isso acontecer, era simplesmente incrível demais! Mas agora sim iria morrer com o formigamento de êxtase que subia por seu rosto e o fazia acreditar que sua cabeça ia explodir!

- Da pra você falar alguma coisa logo?! Por favor...

Ah, claro! Ele precisava responder. Kacchan deveria estar odiando isso, ficar de cabeça baixa pra ele, esperando um veredito, demonstrando alguma emoção... Não queria que ele se sentisse assim, não no seu aniversário, e nem nunca.

- Kacchan... E-Eu te perdoo. Eu sei que você não é aquela pessoa mais... Todos nós crescemos, melhoramos...

Ele parece finalmente voltar à realidade, conforme heistantemente alcança a mão do loiro, que se contorce no lugar, mas não recua. Izuku deixa o boneco na palma aberta e Bakugou sobe o olhar pra ele, enfim.

- Podemos recomeçar. Que tal?

O choque passa como um raio pelo rosto de Bakugou, e depois de alguns segundos tentando esconder o misto de sentimentos em seu rosto, ele concorda com a cabeça.

- Okay. Recomeçar, Izuku.

O seu nome na boca alheia faz o estómago do garoto dar tres mortais de felicidade, como para variar, e seu sorriso aparece, de orelha a orelha.

- Então vamos! Você tem que descer!

you can count on me - deaf! bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora