Aquela pergunta fez seu coração pesar tanto que podia senti-lo caindo até seu estômago. Porque aquilo do nada? O que aquilo tinha a ver com ele estar triste? Porq--
E então Izuku caiu na real. Era um cara muito inteligente, realmente era, mas as vezes sentimentos não eram sua melhor área de ação. Se lembrou de como ele tinha reagido quando não o deixou beijá-lo aquele dia na sala de aula, e como tinha ficado bravo hoje de manhã logo depois de Izuku ter deixado Todoroki acreditar que eram só colegas de treino. Ele estava chateado por causa disso...? Porque?
- Eu... Pensei que você também quisesse assim.
O revirar de olhos de Bakugou talvez tenha indicado a Izuku que, de fato, talvez seu namorado não quisesse aquilo também. Ele pareceu manter o olhar longe do do Moreno por alguns segundos como se respirando fundo antes de voltar a conversa, com seu tom cortante.
- Porque? Eu tô pouco me fudendo pro que os outros acham. Porque você se importa?
Porque se importava? Não sabia como começar a explicar a Bakugou isso e sem que percebesse, seus olhos caíram, envergonhados. Tinha vergonha de seus motivos e não queria que Bakugou soubesse o quão patético era com todas aquelas inseguranças.
- Eu não sei, eu...
- Você tem vergonha de mim.
O loiro o interrompeu, talvez de propósito, talvez porque não conseguisse ver os lábios de Izuku, mas aquilo foi o suriciente para o fazer erguer o olhar de volta, chocado.
- Não! O que? Porque eu teria vergonha de você?!
A esse ponto, Bakugou se levantou, se afastando do moreno. Izuku esperava ver as explosões pequenas nas palmas de suas mãos indicando sua raiva, mas ao invés disso, quando ele voltou seu olhar para ele para poderem continuar a conversar, Izuku se surpreendeu ao perceber as lágrimas rebeldes que ameaçavam escapar pelos cantos de seus olhos.
- Eu causei o fim de All Might! Eu era seu bully! Eu fui capturado por mais parecer a porra de um vilão! Era óbvio que você iria ter vergonha de mim, o que as pessoas iam pensar de você se te vissem comigo?! Se vissem o grande herdeiro do One for All com alguém como eu?!
O tom embargado, raivoso e alto de Bakugou parecia conseguir despedaçar cada centímetro de carne no coração de Deku, cada gosta que escapava por seu rosto abrindo uma nova rachadura. Ele não estava de aparelhos, não deveria ter noção nenhuma de como soava, o que fazia aquilo tudo ser ainda mais genuíno e... Doloroso.
Por quanto tempo Bakugou carregaria aquelas culpas? Aqueles fardos não eram mais dele, ele poderia se permitir respirar. Se alguém tinha vergonha de Bakugou, era ele mesmo. Izuku levantou atrás dele, as mãos a sua frente como se se atrevesse a tentar alcançá-lo.
- Kacchan... Você não causou a queda do All Might, você não é um vilão. E nós nos resolvemos, você pediu desculpas, nós éramos crianças bobas e nada disso importa mais, nada disso me faria ter vergonha de você.
O loiro balançou a cabeça, com um riso sarcástico enquanto limpava as lágrimas com alguma brutalidade, dando mais passos para trás para que Izuku não o alcançasse.
- Então porque você mente sempre que alguém pergunta de nós? Sempre que alguém ve a gente junto? Porque você foge de mim?
Ouch, e suas suspeitas são confirmadas. Se lembrou de todas as vezes que agiu como o loiro dizia e mal percebeu as mãos trêmulas. Como poderia lhe contar?
- Eu não estou fugindo, eu nunca ia fazer isso, nunca ia te deixar. Eu quero ser seu parceiro, estar aqui pra você, de todas as formas, eu prometo...
- Não quero só ser seu dentro de um armário de vassouras, Deku...
Os cacos do que um dia foi seu coração estilhaçaram contra o chão de seu estômago, quase o fazendo querer vomitar novamente, e só então Izuku percebeu que também chorava. Como tinha feito isso com ele por tanto tempo? Bakugou não era alguém para se esconder.
- Eu só não conseguia acreditar que você pudesse querer ser meu, Kacchan... Porque no final do dia eu ainda sou eu. O patético Deku, mesmo com os poderes de All Might, mesmo com toda a força que eu tenho agora... Você continua estando em outro patamar. Eu passei a minha vida toda sonhando em te alcançar, sonhando em estar do seu lado, Sonhando em poder segurar a sua mão... Eu só não me acho merecedor disso ainda...
Izuku admitiu, por fim, segurando os soluços para ainda conseguir falar bem o suficiente para que Kacchan pudesse ler seus lábios. Se sentia minúsculo, bobo, por ter dito tais coisas, queria se enterrar no jardim mais próximo, mas a mão de Kacchan erguendo seu queixo o trouxe de volta a realidade.
- Eu quero isso. Não ligo pro que vão achar. Você é merecedor de qualquer coisa, e eu sei que eu posso não ser o mais legal as vezes, mas eu sou seu... Quero você do meu lado, quero segurar sua mão. E quero que todos vejam...
Aquilo foi a gota d'água para Izuku quebrar. Ele pulou no namorado e o apertou com tudo que tinha, enfiando o rosto na curva de seu pescoço e chorando até soluçar. Mal sabia o quanto precisava ouvir aquilo, há tanto tempo. Bakugou o aceitava ao seu lado, o queria ao seu lado, para todos verem. Parecia um sonho.
Depois de algum tempo assim, o Moreno se obrigou a se afastar, vendo Bakugou limpando as próprias lágrimas de cara fechada como se pudesse escondê-las, e percebeu que ainda não conseguiria falar. Cutucou o ombro o namorado e se esforçou para falar tudo o que queria em sinais. Eram um pouco fracos, mas com sorte Bakugou entenderia.
- Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci, o cara mais forte, minha inspiração desde sempre... Eu me orgulho muito de poder te ter como meu namorado, eu sonhei tanto com isso... Se é isso que você quer, que bom, porque é rudo o que eu mais quero. Eu ia adorar poder te exibir, poder te beijar em público, contar pra todo mundo que eu te namoro e deixar o mundo todo saber o quanto eu te amo, se você me perdoar...
Alguma coisa ali pareceu alcançar Kacchan, porque ele parou de chorar, e passou a encarar Izuku de olhos arregalados. Tinha falado alguma merda?! Ah não, Izuku, sério?
- Sério?
O Moreno já estava quase chorando de novo, dessa vez de desespero por ter sinalizado algo errado, quando viu Bakugou repetir um sinal que tinha acabado de fazer. A mão se fechando por cima do peito, na altura do coração. O sinal de amar. Ele estava perguntando se Izuku tinha feito aquele sinal sem querer ou de verdade e... A verdade é que Deku nem percebeu o que tinha dito, mas sabia ser a coisa mais sincera que poderia ter saído de sua boca. Quer dizer, mãos.
- Sim, Kacchan. Eu te amo.
Confirmou, falando e sinalizando, e viu a expressão de Bakugou voltar a se abrir em um sorriso pequeno e sincero enquanto o loiro voltava a tomá-lo em seus braços para enchê-lo de beijos. Izuku ria com as cosquinhas dos beijos e aos poucos cedeu, derretendo no abraço e se deixando ser beijado por completo, apenas aproveitando a sensação de Bakugou em seus braços.
- Ei, Kacchan... Deveríamos dormir, amanhã vai ser um dia longo com o nosso anúncio.
Depois de alguns segundos de choque, Bakugou voltou a sorrir e lascou outro beijão na boca de Izuku, aparentemente aprovando a ideia, o que fez Izuku rir mais, tomado pela felicidade do outro. Eles se deitaram, mas não é como se conseguisse dormir. No dia seguinte apresentaria Bakugou como seu namorado. Pra todo mundo... Tinha medo de acordar no dia seguinte e descobrir que era tudo um sonho. Seria mesmo possível que o Deus grego que tinha como melhor amigo e paixão desde a infância fosse seu namorado? E que todos soubessem disso?
Acariciava seu cabelo com delicadeza, a outra mão limpando os rastros de lágrimas de seus olhos apenas para sere puxada por Bakugou para perto de sua boca, num gesto que sempre pegava Izuku de surpresa e o fazia derreter de amores. O Moreno sorriu para o beijo na palma de sua mão mas não esperava a frase que lhe foi sussurrada em seguida:
- Eu também te amo, Deku.
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you can count on me - deaf! bakugou
FanficDepois de uma batalha, Bakugou percebe algumas mudanças estranhas. Já tinha passado por coisas similares antes, mas uma hora ou outra o zumbido irritante em seus ouvidos iria parar, e ele poderia voltar a ouvir normal. Certo...? #13 em Bokunohero em...