Bakugou, Espere!

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O desespero na voz de Bakugou pareceu cortar Izuku como uma navalha. Não queria ter o preocupado desse jeito. Estava bem, um escombro tinha o derrubado por um segundo, mas estava bem, podia ouvi-lo bem...

"Sim, Kacchan, estou te ouvindo, estou bem."

Se certificou que ele sabia disso, e foi tomado pela surpresa quando Bakugou voltou a abaixar a cabeça em seu peito, suspirando em alívio. Aos poucos se deu conta que Todoroki, Kirishima e Aizawa estavam ali perto, os observando em certa surpresa.

Contra todos os seus instintos, Izuku deu dois tapinhas no ombro de Bakugou para que ele se afastasse, queimando de vergonha por serem vistos daquele jeito. O loiro se afastou, mas não parecia não se importar nem um pouco com a plateia. Se levantou e ajudou Izuku a fazer o mesmo, então se virou para Aizawa.

- Vou levar ele pra Recovery Girl.

Mas antes de passar o braço de Izuku por cima de seu ombro, Bakugou arrancou algo de debaixo de um dos escombros, que o moreno não tinha notado até então. O tecido néon da bandeira do time inimigo... Quando ele tinha achado aquilo?

- Bakugou, espere.

Mas o loiro se virou e ignorou o professor. Izuku o conhecia o suficiente para saber que ele tinha visto Aizawa falar com ele, mas estava deliberadamente fingindo que não, por não poder ouvi-lo. Completamente grogue pela cabeça machucada, Izuku riu ao notar isso, e deixou Bakugou praticamente o arrastar para a enfermaria.

Passaram por Todoroki no caminho, e o olhar do bicolor de pura confusão e desconfiança foi o suficiente para colocar a cabeça de Izuku de volta no lugar. Bakugou... Bakugou tinha mesmo lhe tratado daquele jeito na frente da sala inteira, praticamente?!

Com o rosto queimando em vergonha, ele se afastou do loiro, acreditando que conseguia fazer o caminho sozinho, e assim o fez. Ele tentou ignorar as sobrancelhas cerradas de Bakugou, que continuou a acompanhá-lo, até chegarem a Recovery Girl.

Estavam finamente sozinhos, na fila para serem atendidos, mas apesar da cara que Bakugou fazia para o nada, de braços cruzados, ele não abriu a boca. Izuku sabia que devia ter muita coisa em sua cabeça agora... Ele parecia bem desesperado diante da possibilidade de ter o machucado daquele jeito.

Izuku o suportava desde que descobrira sua quirk. Deveria ter sido a pessoa a mais ouvir suas explosões, logo depois dele, e com certeza era a vítima número um delas. Quão fácil seria para Izuku ficar surdo por causa delas, por causa de Bakugou? O loiro não tirava isso de sua cabeça, e o medo agora era constante. Quase o suficiente para que ele não pensasse sobre a forma como Izuku se afastou dele quando passaram por Todoroki. Quase.

A aula acabou mais cedo para eles, enquanto as outras equipes iam em suas vezes, e foram para o banheiro e então de volta para seus dormitórios. Izuku, mais exausto do que deveria, estava pronto para se recolher e dormir quando as batidas em sua porta o surpreenderam.

As batidas eram reconhecíveis demais, e quando abriu a porta já tinha um sorriso carinhoso no rosto. Normalmente ficaria ansioso com Bakugou o visitando, mas dessa vez sabia que ele só deveria estar querendo checar nele ou algo assim.

- Oi, Kacchan... O que foi?

O loiro parecia estar de aparelhos, porque não tinha os olhos em seu rosto conforme fechava a porta atrás de si sem cerimônias. Já estava de pijamas, também, a blusa preta de caveira e uma calça de moletom qualquer, enquanto Izuku tinha... Bem, uma blusa cinza e uma calça com figurinhas do All Might.

- Cala a boca.

Mais uma vez sem cerimônias ou pedido algum, o loiro o arrastou pela mão até a cama, e jogou deitado.

- K-Kachan...?!

Izuku já era um poço de vergonha, apoiado em seus cotovelos, tremendo em ansiedade, quando Bakugou se enfiou no espaço entre suas pernas e... Despencou sobre ele, deitando sobre seu peito.

O coração batia a mil e as bochechas pareciam que iam explodir de tão quentes enquanto Izuku tentava inutilmente se acalmar. Ele tinha mesmo pensado, por um segundo, que Bakugou lhe tascaria um beijão, ou algo assim?! Só então foi entender o que ele estava fazendo, e de alguma forma isso foi pior ainda.

Tinha certeza que o loiro podia sentir seu coração prestes a pular de sua boca, errando batida atrás de batida, como costumava fazer sempre que Bakugou estava assim tão próximo. Mas era isso mesmo que o loiro estava procurando. Ele queria ouvir o coração de Izuku bater...

O Moreno teve que conter a vontade de chorar ao se dar conta do que aquilo era. Bakugou realmente deveria ter tido medo de perdê-lo, de machucá-lo. Não deveria ter conseguido ouvir a batida de seu coração, e agora está desesperado para poder ouvi-lo.

Então, depois de alguns segundos de desespero, com medo de qualquer movimento abrupto afastá-lo, Izuku se permitiu relaxar. Afundou no colchão e apoiou hesitantemente uma mão no cabelo do loiro, brincando com as mechas espetadas com cuidado. Sempre quis mexer no cabelo dele... Normalmente só de chegar perto do cabelo dele as pessoas eram explodidas, era impressionante que pudesse tocá-lo daquele jeito sem nenhuma reclamação.

Já conhecia a sensação das mechas loiras entre seus dedos, das vezes que tinham se beijado, mas agora era diferente... Manteve o cafuné, ao não receber reação negativa, e em segundos estava preso naquela sensação maravilhosa que só Bakugou conseguia lhe trazer.

Era tão bom tê-lo em seus braços, sem nenhum nervosismo, ansiedade, medo ou raiva... Era tão bom apenas aproveitar de sua presença, sem nenhuma palavra, discussão ou hesitação... Queria poder ficar do seu lado assim para sempre. Céus, gostava tanto dele...

Mal se deu conta quando caiu no sono, o loiro fazendo o mesmo pouco depois, embalado pelo som das batidas de seu coração, usando seu peito como travesseiro e aproveitando do cafuné que nunca admitiria ter gostado tanto.

you can count on me - deaf! bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora