Memórias de olhos azuis;

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⚠️ AVISO DE GATILHO: Cena sexualmente explícita leve, dissociação;
Prossiga com cuidado, colocarei sinalizações nas partes necessárias! ♡
>> Tenha uma boa leitura:)

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Capítulo sete:
"Memórias de olhos azuis"

O toque de Mateus era morno, contornando o nariz de Gio até seus lábios e então o queixo.
Gio fechou os olhos devagar com um suspiro.
"Quero voltar 'pra casa."
O pensamento intrusivo de sempre veio à mente.
Não era como se o tivesse apenas fora de seu apartamento; Também pensava em "voltar para casa" sentado no sofá, tomando banho, deitado na cama ou assistindo TV.
Era apenas a melancolia, saudade e nostalgia inexplicáveis de algo sempre faltando.
A sensação de um lar, alguém que lhe passasse aquela mesma energia de maneira mais efetiva do que Leah, Victor ou Guilherme, anos atrás.
"'Quê tanto pensa?"
Mateus sussurrou em tom brincalhão, puxando carinhosamente o lábio inferior de Gio com os dentes.
"Não interessa."
Gio murmurou em resposta, levantando o rosto o suficiente para deixar seu pescoço exposto ao outro, como um convite para continuar a marcar sua pele.
Ambos tinham completa noção do que faziam no momento, ao mesmo tempo que não.
Gio, o ex de Guilherme.
Mateus, seu melhor amigo do Ensino Médio, ainda quando moravam no interior Paulista e a maior preocupação ocupando suas mentes era se a sorveteria do centro acabaria estando fechada no fim do período escolar integral.
"Okay, sem papo então, era só ter avisado."
Mateus murmurou ao dedilhar suas costelas, percorrendo a pele retinta de Gio com o toque morno.

"Se eu descrevesse uma... Pessoa... 'Pra você."
Ravi levantou os olhos de seu caderno de desenhos, interessado no que André iria lhe propor.
"'Cê consegue desenhar? Sem uma foto de referência?"
Ravi abriu um sorriso sapeca, os olhos multicoloridos brilhando.
Dividiam uma mesa em uma praça de alimentação qualquer, tendo passado pela gráfica do shopping mais próximo à floricultura.
O ruído de conversas externas não era incômodo, ainda que presente, exercitando a ansiedade social (e geral) de Ravi.
Sairiam pelo menos uma vez por semana; André pediria um sanduíche vegetariano, pão de ciabatta.
Ravi preferia um pedaço de pizza gordurosa com borda recheada.
Dividiriam um sundae e jogariam duas ou três moedas na fonte do térreo, mentalizando pedidos silenciosos.
André passaria ao menos vinte minutos contemplando se deveria ou não comprar aquele caderno de anotações verde-pinheiro que namorava há meses, e então o deixariam na vitrine para a próxima vez.
"'Cê quer que eu desenhe um personagem seu ou rabisque um suspeito 'pra polícia, Dréco?"
Brincou, cruzando as pernas por debaixo da mesa.
"...Um pouco dos dois?"
André entortou o nariz, logo ajeitando os óculos de hastes vermelhas.
"É ... É alguém que eu não vejo há muito tempo."
Respirou fundo, dando de ombros.
"Um cara importante."
Completou.
Ravi arqueou as sobrancelhas e então as franziu.
Devagar, folheou seu caderno em busca de uma página em branco e pousou o lápis sobre o papel, levantando os olhos para André outra vez.
"Fala, a gente vê se eu consigo fazer parecido 'pra você."
Ele encorajou, abrindo um sorriso sincero.
André assentiu, engolindo com dificuldade ao idealizar a aparência de Giordano De Luca, seu amigo de infância, aos vinte e poucos anos de idade.
"Ele... Bom, ele tinha olhos bonitos."
Murmurou.
"Eu vou precisar de um pouquinho mais que isso, Dréco."
Ravi segurou a risada diante da expressão envergonhada de André.

"Se eu pudesse falar com ele de novo, o que eu diria?"
André respirou fundo, fitando o bloco de anotações surrado que mantinha desde os dezoito anos, utilizado apenas para o mesmo exercício terapêutico.
"Escrever cartas que não vão ser enviadas.
Meu vocabulário aumenta, meu coração descansa e a minha cabeça para de pesar tanto, passando tudo o que ela vive remoendo diretamente 'pro papel."
Ele desligou a luminária de sua escrivaninha, retirando os óculos e os pousando sobre o pequeno caderno.
"A minha insônia provavelmente vai ajudar a pensar nas palavras certas."

Beijos na esquina da Rua CintilanteOnde histórias criam vida. Descubra agora