Entre o cítrico e o doce de relações arco-íris;

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⚠️ AVISO DE GATILHO: Abuso doméstico, relações familiares tóxicas.

Prossiga com cuidado, colocarei sinalizações nas partes necessárias! ♡
>> Tenha uma boa leitura:)

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Capítulo cinco: Entre o cítrico e o doce de relações arco-íris

⚠️ Conteúdo sensível, colocarei outro sinal quando terminar! ⚠️

André encolheu os ombros e arregalou seus olhos esverdeados, mãos trêmulas abraçando um cãozinho de pelúcia contra o peito.
O coração acelerado retumbava diretamente até a garganta, como se a qualquer momento pudesse escapar pela boca e quicar no piso de madeira polida, denunciando seu esconderijo.
A porta da cozinha se fechou com um estrondo, o vento balançando seus cabelos curtos e castanhos. Estava escondido perto do enorme relógio de pêndulo herdado de seu avô, ao lado de onde os pais novamente discutiam.
"Eu não sei. Eu não sei, que inferno!"
A voz de sua mãe exclamou do lado de dentro, esganiçada apesar da coragem em, mais uma vez, confrontar o marido.
André fechou os olhos quando a parede atrás de si estremeceu com um estrondo, seguido do som de porcelana se estilhaçando no chão.
"Eu não te contaria 'pra onde ela levou essas crianças nem se eu soubesse, Carlos, agora com licença."
Anna sibilou, a luz da cozinha iluminando o lobby escuro, seus olhos castanhos brilhantes em lágrimas que se recusava a deixar vazar.

⚠️ Sinalização! Já é seguro pra ler! ♡ ⚠️

Piscou, o tilintar do sino sobre a porta da floricultura lhe trazendo de volta à realidade.
"Céus, hoje 'tá quente."
André murmurou, deixando seu capacete de lado e então recolocando os óculos de hastes vermelhas.
Foi recebido por um par de olhos castanhos e brilhantes, Ravi acenando de trás do balcão.
"Você trouxe comida?"
Ele perguntou com uma risada sapeca, afundando a cabeça entre os ombros quando André afagou seus cabelos escuros.
"Oi, Ravi, bom dia."
Cumprimentou, estendendo-lhe a trouxinha de salgados ainda mornos presenteados mais cedo. Ravi enfiou três mini-coxinhas em sua boca, suspirando de prazer.
André observou com um sorriso satisfeito antes de dar a volta até o computador do caixa, checando anotações de novos pedidos não entregues.
"'Cê vai comigo?"
Perguntou em um murmúrio concentrado, ajeitando os óculos no nariz reto.
"Hm? Nah, eu fico no caixa, hoje é seu dia."
Ravi sorriu torto, sem conseguir convencer nem a si próprio.
"Ah, sim, que nem no mês passado inteiro e metade desse também, entendi."
André arqueou as sobrancelhas, logo suspirando em concordância.
"'Cê é o meu anjo da guarda, Dréco!"
O baixinho exclamou, agradecido, imediatamente puxando seus materiais de desenho para fora da bolsa. Abriu uma das últimas folhas do caderno abarrotado de ilustrações e estendeu para que André pudesse avaliar sua criação mais recente.
Pintava com lápis aquareláveis algo que poderia ser descrito como um encontro entre criaturas místicas e animais da floresta, fadas com vestidos floridos, esquilos de cartola e camundongos de saias compostas por grandes pétalas; Todos lanchando sob a sombra de um enorme cogumelo.
"Interessante. Gostei do esquilo de monóculo."
André sorriu, levando um tapa delicado na mão ao tentar passar os dedos pelo desenho.
"E o que significa, hm?"
Ravi arqueou as sobrancelhas, quase ofendido. Um de seus olhos, diante da luz, era visivelmente mais claro que o outro, num contraste de chocolate e caramelo.
"É um piquenique de bichinhos e fadas."
Resmungou.
"Dréco, às vezes as coisas não precisam ter significado o tempo todo 'pra você apreciar."
Ele puxou o caderno de volta, mastigando outro salgado.
"Às vezes, ratinhos de saia e cogumelos gigantes são só ratinhos de saia e cogumelos gigantes. 'Cê trouxe refri?"
Perguntou de boca cheia, limpando as mãos nos jeans para selecionar um lápis azul turquesa, mesmo tom das duas mechas mais compridas de seus cabelos volumosos, sempre trançadas e presas com elásticos finos.
André revirou os olhos e negou com a cabeça, sorrindo ao amigo.
Novamente se pegou observando Ravi com olhos carinhosos de um irmão mais velho. O garoto tinha o olhar baixo para seu caderno, cuidadosamente pintando cada xícara do jogo de chá azul e lilás no piquenique.
"'Cê não quer vir mesmo? Vai ser mais rápido se a gente for conversando. 'Cê pode me falar como foi a terapia ontem."
Ofereceu em tom gentil. Ravi arregalou os olhos e lhe devolveu um sorriso constrangido.
"Sobre a terapia..."
"Você fugiu da terapia? De novo?"
"Fugir é uma palavra muito forte, Drequinho..."
André abriu os lábios para repreender o amigo, interrompido pela visão do chefe passando nos fundos da loja.
"Seu Augusto, você não me escapa! Que ideia de me mandar pra cima daquele cara...!"
Ele se apressou atrás do velhinho, abandonando Ravi com seus camundongos, fadas e o alívio de não levar uma bronca.

Beijos na esquina da Rua CintilanteOnde histórias criam vida. Descubra agora