O garoto azul, observando do fundo;

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⚠️ AVISO DE GATILHO: Linguagem sexual explícita;

Prossiga com cuidado, colocarei sinalizações nas partes necessárias! ♡

>> Tenha uma boa leitura:)

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Capítulo Dez;

"O garoto azul, observando do fundo"

"Vocês o quê?"
Leah bateu com seu copo de vidro colorido contra a mesa de centro da sala, incrédula, ao mesmo tempo que Mel passava a mão por seu rosto num suspiro decepcionado.
A maquiagem da noite anterior ainda não havia sido removida, seus cabelos lavanda presos num coque frouxo que reforçava a imagem de ressaca pós uma madrugada inteira dançando com Mateus pela borda da piscina.
O amigo abriu um sorriso torto e envergonhado, encolhendo a cabeça entre os ombros.
Bebericou seu café antes de responder, e então deixou a xícara sobre uma revista com a própria imagem entre manchetes diversas.

"Mateus Fiore, o brasileiro queridinho da Europa"
"Entrevista com o bailarino em ascensão e curiosidades exclusivas sobre suas mais recentes apresentações"
"Abertamente pansexual, Mateus relata: 'Posso ter um álibi, mas os italianos são os mais românticos'"

"Olha, eu 'tava... Doidão de remédio. Acho. Eu já não lembro, sinceramente."
Mentiu, enfiando metade de um croissant na boca para não precisar continuar com qualquer explicação.
Leah expandiu as narinas em expressão que mesclava irritação, descrença e certa graça dolorida pela situação. Amélia suspirou e voltou para seu celular, ruminando uma broa de erva-doce.
"E 'cê por acaso planeja em contar alguma coisa?"
Leah perguntou de forma aflita, ameaçando esganar o amigo quando este deu de ombros outra vez.
"Eu tenho que contar alguma coisa?"
Mel arqueou as sobrancelhas, levantando os olhos da tela.
"Ele é seu amigo, e 'cê transou com o ex dele."
Julgou na voz monótona de sempre. Mateus abanou a mão para afastar qualquer energia ruim, alcançando a xícara e então torcendo o nariz ao ver que sua foto possuía uma grande mancha de café expresso.
"Detalhes, detalhes, se alguém tem que querer contar alguma coisa, é o baixinho que se entregou."
O dançarino levou dois tapas simultâneos, Leah acertando sua nuca e Mel sua cabeça, fazendo com que derrubasse mais café sobre a revista.
"Que bagunça."
Reclamou, comprimindo os lábios.
"Com certeza é uma bagunça! Eu devia colocar uma cláusula no contrato de amizade desse grupo, 'Proibido coito entre membros, pela sanidade de Leah e Mel', porque sinceramente, Mateus."
Leah esbravejou e gesticulou conforme o sotaque italiano voltava junto da emoção.
A comoção acordou Victor, que ainda dormia em posição desconfortável no outro sofá. O garoto levantou sua cabeça com expressão sonolenta, coçando seus olhos e então voltando a se deitar.
"Escuta, se alguém me envolver nisso..."
Murmurou, sendo atingido por um pão de queijo.
"Você foi o primeiro a ficar fazendo ciúmes no Guilherme depois deles terminarem, olha o seu exemplo!"
Leah retomou as reclamações frequentes em rodas de conversa. Victor arregalou os olhos e se sentou mecanicamente, ofendido.
"'Cê sabe muito bem que o Gio me mandou dar uns pegas nele naquele dia."
Exclamou, acertando o olho de Mateus com o mesmo pão de queijo para calar suas risadinhas discretas.
"Ai!"
"Eu ia saber que o cabeludo ia surtar e mandar a sua namorada empurrar a gente na piscina?!"
Continuou, Amélia respondendo com um meio sorriso sarcástico.
"Foi divertido."
"Ela fez o certo."
Leah rebateu, então puxando a orelha de Mateus sem motivo aparente, o amigo choramingando de maneira manhosa.
"Fora que isso foi porque o Gio me pediu, pergunta 'pro gostosão aí se ele falou que queria provocar o ex em algum momento? Eles 'tavam bêbados e são dois inconsequentes, Leah.
...Não é como se o Guilherme fosse a vítima da sociedade só porque não superou um término mais longo do que a quantidade de anos que eles namoraram."
Victor também gesticulou enquanto discutia, hábito adquirido pela convivência com os gêmeos.
"Grato pela parte que me toca."
Mateus resmungou, a orelha já quente entre os dedos de Leah.
"Vocês são impossíveis..."
A moça choramingou, soltando o amigo e se deixando recostar no sofá, derrotada.
Mateus tinha a expressão levemente mais sombria, parecendo refletir sobre suas ações tarde demais.
"'Cês acham que eu estraguei qualquer chance deles voltarem?"
Perguntou de forma insegura, levantando os olhos cor de mel para observar a roda de amigos, que se apresentavam tão desesperançosos quanto.
"Eu não sei."
Leah murmurou em voz rouca, os olhos azuis chorões fitando Mel quando a namorada se aproximou para limpar uma borra de chocolate em seus lábios.
"Eu nunca tive a impressão de que o Guilherme realmente desistiu dessa relação.
E talvez devesse. E talvez, agora seja a hora 'pra isso.
Apesar de eu saber o quanto eles se gostam e se querem bem, todo mundo sabe que toda essa crise arrastada ao longo dos anos completamente... Sequelou tudo."
Ela respirou fundo, passando as mãos pelos cabelos tingidos.
"De repente, não é 'pra ser."
Victor observava a amiga em expressão preocupada, analisando seu comportamento como se pudesse ouvir e traduzir os sons das engrenagens em seu cérebro trabalhando para conseguir chegar em qualquer conclusão satisfatória.
"Quer dizer, às vezes pessoas fazem coisas que acabam servindo 'pra abrir o... O coração 'pra possibilidade de que o que a gente 'tá tentando consertar na verdade não 'tá quebrado, e só é feito 'pra encaixar de outro jeito. E aí, acaba funcionando sem ter que jogar tudo o que 'cê construiu fora."
Victor verbalizou seus pensamentos, servindo-se de uma caneca de café com leite.
"Agora em português."
Mateus zombou, franzindo o nariz para Victor, que mais uma vez lhe mostrava o dedo do meio.
"'Cê falou em língua de técnico de informática, não é culpa minha!"
Reclamou o dançarino, passando um guardanapo na mancha de café sobre a revista.
O papel molhado enrugou e então se rasgou em alguns pontos.
Mateus fez uma careta insatisfeita.
"Acontece com os melhores. Às vezes, eles brigam tanto nessa vida 'pra se entender em outra. Deve ser por isso que o Gio 'tá sempre tentando..."
Victor passou a mão pelo próprio pescoço e então simulou um enforcamento, deixando a piada de lado ao ver que nenhum dos amigos ria.
"Acontece."
Concluiu, suspirando em derrota.

Beijos na esquina da Rua CintilanteOnde histórias criam vida. Descubra agora