Olhos castanhos, verde-musgo e azul eclesiástico;

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⚠️ AVISO DE GATILHO: Menção de cicatrizes por auto mutilação, menção de atividade sexual, piadas de conotação sexual;

Prossiga com cuidado, colocarei sinalizações nas partes necessárias! ♡
>> Tenha uma boa leitura:)

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"Olhos castanhos, verde-musgo e azul eclesiástico"

Ariadne e os gêmeos chegaram na nova casa pouco após o nascer do sol.
Gio dormia contra o ombro de Lê, que tinha o rosto encostado no vidro e expressão curiosa apesar de sonolenta.
Após alguns toques no interfone, o portão da casa de praia se abriu. Um vira-lata de pelo bagunçado passou pela rua de terra e pedregulhos com suas orelhas levantadas, observando conforme Ariadne entrou na garagem.
"Ok. Ok. Tudo bem."
Ela respirou fundo, olheiras profundas ao levantar seus olhos carinhosos até espelho retrovisor e sorrir para Lê.
"Tudo bem. 'Cê acorda o seu irmão 'pra mim? Eu já venho pegar as malas."
A mãe afagou o joelho de Lê e então saiu do carro, passos atordoados seguindo apressadamente até a silhueta de uma senhora em seus sessenta anos parada na varanda.
"Gio, chegou."
Lê sussurrou, dando leves tapinhas na coxa magra do irmão.
"Chegou."

Gio abriu os olhos azuis cansados, rolando-os pelo painel do carro de Victor até perceber que o amigo lhe observava da direção.
"Ê soninho bom."
Provocou, recebendo um puxão de cabelo gentil de Gio, que apenas retirou o cinto e saiu do carro sem mais palavras.
"Bom dia, ingrato!"
Victor reclamou, abaixando o vidro para acompanhar a entrada do colega no café onde trabalhava há uma semana.

Os olhos de Thiago se iluminaram com a presença do colega, sorrindo ao cumprimentá-lo.
Usava o gorro de Papai Noel naquele dia, deixando Gio com as opções do chapéu de Elfo (e seu sino irritante tilintando a cada mínimo movimento) ou os chifres de rena do primeiro dia.
"Bom dia! 'Cê pegou trânsito? O nosso horário começou dez minutos atrás, mas como choveu bastante e é segunda de manhã, eu achei que você pudesse ter ficado parado no-"
Gio deu a volta no balcão e passou diretamente para colocar seu uniforme, dirigindo-lhe um olhar mortal com os olhos azuis afiados.
"R-Ressaca?"
Thiago perguntou timidamente quando a porta da salinha de funcionários se fechou num estrondo.
"Ele 'tá andando engraçado..."
Murmurou sozinho, ajustando o crachá com uma abelhinha desenhada ao lado de seu nome, agora sem o "L" do sobrenome no conjunto.

"'Cê... Quer que eu te faça um café?"
Thiago tocou o ombro de Gio delicadamente, sorrindo de modo terno.
"Ou um suco? Eu sou bom com sucos 'pra ressaca."
Gio passou a mão pelo rosto e respirou fundo, assentindo antes de esfregar seus olhos cansados. Os chifres de rena balançaram no processo.
Por trás da blusa de uniforme, hematomas e mordidas eram distribuídas pelo pescoço de pele retinta.
"Suco."
Disse baixo, voz rouca.
"Você 'tá acabado mesmo! 'Que rolou? Fim de semana agitado...?"
Thiago riu de forma envergonhada, seguindo então até uma das geladeiras do café não muito movimentado.
"Não me faz ter a conversa com você, Muffin."
Gio respondeu ao ruminar um pão de queijo roubado da vitrine.
"...A conversa?"
"Quando dois adultos bebem muito, Thiago com L..."
O mais velho recitou em voz monótona, apenas interrompendo seu discurso ao ver Thiago quase derrubar o liquidificador inteiro no pequeno espaço que ocupavam atrás do balcão.

"Agh!"
Gio bufou de cansaço, jogando suas chaves na mesa da sala em frustração.
"Ah, merda, 'cê pegou essa chuva na volta?!"
Guilherme surgiu do corredor dos quartos, trazendo uma toalha para o namorado, que choramingou ao retirar os sapatos perto da porta. Bentinho, seu gato gordo e peludo, seguia os passos do dono, aproximando-se para cumprimentar Gio com um miado carente.
"Eu peguei essa chuva na volta!"
Esbravejou de volta conforme o outro secava seus cabelos com delicadeza, sem os deixar mais armados do que já estavam.
"Tô acabado."
Giordano reclamou, checando a maquiagem completamente borrada na câmera do celular.
"Você toma um banho e eu te ajudo com o cabelo, Gio..."
Guilherme riu, retirando o casaco ensopado de seu namorado.
"Eu fiz o meu cabelo ontem, e hoje não é nem dia de banho."
Queixou-se, largando no chão o cinto repleto de espetos falsos ao arrastar seus pés de maneira dramática a caminho do quarto principal do apartamento alugado de Guilherme.
"Passar uma noite de cabelo enrolado não é tão ruim, hm? Deixa o seu cabelo descansar."
O outro lhe confortou com seu sorriso terno enquanto Gio atravessava o corredor.
"Passar um segundo de cabelo enrolado é pior que ruim! Ah, cara, eu vim com essa cara no ônibus?"
Choramingou do quarto, trazendo um sorriso paciente nos lábios de Guilherme.

Beijos na esquina da Rua CintilanteOnde histórias criam vida. Descubra agora