3.1

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Ashtray parou os passos e deu um puxão na mão que segurava-a para trazer Mary para perto de si mais rápido. Andar, algo normal do dia-a-dia, nunca tinha sido tão divertido e novo. A garota tropicou nos próprios pés e Ash teve que a segurar pelos ombros para evitar que ela caísse.

— Cuidado — falou. Ashtray piscou algumas vezes seguidas, tentando focar no que queria fazer: entrar no carro e não se distrair. — Vem.

Ele destrancou as portas e Mary entrou no banco do motorista para engatinhar para o carona. Se ajeitaram nos bancos e Mary começou a gargalhar ao ver a que a estrada — o asfalto e as linhas — pareciam estar subindo... tipo... indo para o céu.

— Você também tá vendo a estrada subir né? —a garota perguntou em meio aos sorrisos, Ashtray que estava muito distraído com as estrelas e como elas pareciam pulsar, arregalou os olhos quando olhou para estrada e de fato: parecia que estava subindo.

Rue's voice.

Uma fato interessante de quando você toma drogas é: você entra na vibe das pessoas muito fácil, sua mente se torna muito mais maleável á criatividade;

— Que... puta merda — Ash começou a murmurar. Preferiu esquecer a estrada, aquilo era bizarro, no mínimo, então voltou a se concentrar nas estrelas e em como boa parte delas pareciam estrelas-cadente congeladas no lugar.

Mary desfocou os olhos da rua para o gramado, aquilo parecia respirar junto consigo; ela via a grama se mexendo de acordo a sua respiração. Bizarro.

— Quero deitar na grama.

— Não vamos deitar na grama.

A garota encarou o garoto com cara de quem ia dizer "e por que não?".

— Não vamos deitar na grama — repetiu.

— Hum.

Eles ficaram em silêncio novamente, Mary tirou os saltos e esticou os dedinhos dos pés, nossa, aquilo era muito bom!

— Eu tô com fome — sussurrou, olhando-o de canto de olho.

— Vamos deitar na grama — Ashtray bufou. Mary riu e saiu do carro á pulinhos até o gramado, quando se deitou na grama fechou os olhos e aproveitou a sensação de "voar", nunca tinha voado de fato, mas parecia.

Ashtray se sentou ao lado dela e trancou o carro pelo alarme. Não admitiu em voz alta, mas sua mente sussurrou para si: "foi ótimo vir 'pra grama".

— Quando foi que você perdeu o sapato? — perguntou ao ver Mary arrancar as gramínea entre os dedinhos descalços.

— Eu tirei.

Mary sorriu grande quando notou a música que tocava, ela se sentou rapidamente e tão rápido quanto se sentou, foi para sua visão escurecer por alguns segundos, quando as coisas voltaram ao "normal", ela encarou Ash, o futucando para notar a música que tocava.

— O que que foi agora — perguntou "mal-humorado", fazendo cara feia para esconder que sentia cócegas nas costelas.

— A música, é claro! Escuta.

— Tô escutando.

— Idiota, com atenção né.

— Hum.

Eles ficaram em silêncio, prestando atenção. E quando a melhor parte começou, Mary levantou o dedo indicador para mostrar que ia começar.

Ay-ay-ay, soy un mujeriengo; ay-ay-ay, y yo nunca lo niego. Cuando me robo a una, chao y hasta luego — cantou alto, com ritmo e animação. Mexia os ombros, dançando sentada. Ashtray a encarava com as sobrancelhas levantas, mas tinha um sorrisinho bobo de animação nos lábios.

𝘖 𝘐𝘕𝘐́𝘊𝘐𝘖 𝘋𝘈 𝘌𝘜𝘗𝘏𝘖𝘙𝘐𝘈 - Ashtray.Onde histórias criam vida. Descubra agora