Capítulo- 79

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 Sarah pressionou mais o acelerador, dando seta e mudando de faixa, rapidamente ultrapassando o motoqueiro na sua frente na estrada, voltando para a faixa correta e desligando a sinalização. 

— Quantos anos vocês tem mesmo? — Kelly perguntou a menina depois de algum tempo em silêncio. A loira desviou a atenção para ela por um momento, rapidamente voltando a prestar a atenção na estrada. 

— Quinze, por quê? 

— Quinze?! — a mulher exclamou a pergunta. — E está dirigindo?! 

— Aprendi a dirigir muito cedo. Minha vida é perigosa, eu poderia precisar de um modo de fugir. Não se preocupe, eu dirijo bem. 

Kelly ficou em silêncio, apenas observando a adolescente ao seu lado, imaginando quanto de sua infância havia sido tirada de si dada a vida perigosa de seus familiares. Por quantas situações extremamente traumáticas ela tinha passado desde a infância? Quão mentalmente cansada ela estava? 

Se ajeitou no banco e desviou a atenção para a janela, levando a destra a barriga que começava a aparecer. Inevitavelmente, se perguntou se a vida de seus filhos seria assim. Sabia que morreria no parto, logo não poderia protegê-los. Será que apanhariam da vida tanto quanto Sarah provavelmente havia apanhado? 

Era simplesmente aterrorizante pensar nisso. 

— Escuta, eu não sei para onde te levar. — Sarah comentou, ganhando sua atenção novamente. — Sei como te manter escondida e segura, mas não faço ideia de para onde ir. 

— Acho que devemos ver nossas prioridades primeiro. Estou morrendo de fome e não temos roupas, já que saímos sem malas. 

— Vou parar no próximo posto de gasolina para comermos e compramos roupas na conveniência do posto. — Kelly concordou, achando levemente engraçado ouvir algo do tipo, um planejamento desse tipo de uma adolescente. Sarah obviamente era madura demais para a idade que tinha, mais uma vez, não de forma boa. — Lembrando que é importante ficarmos na encolha e não chamar atenção. 

— Concordo. — disse, o aparelho celular de Sarah chamando sua atenção quando a tela se iluminou com o número de Dean. Provavelmente tinham acabado de acordar e percebido que não estavam lá. — É seu pai. 

— Deixa tocar. 

— Eu... Percebi que a relação de vocês não é muito boa. — a mulher comentou, receosa. Queria conhecer mais sobre Sarah, visto que aparentemente ela seria sua companhia de viagem por muito tempo. 

— Não é o que o pensa. Passei muito tempo longe deles por situações diversas e dado o trauma que compartilhamos e a falta de convivência é difícil manter um diálogo com ele. Sei que ele se sente mal quando olha para mim e se lembra do que aconteceu, o mesmo acontece comigo. Nossa relação é complicada, mas eu o amo e sei que ele me ama também. Mas... Ainda não estou pronta para ter uma relação super melosa de pai e filha com ele. Tenho quase certeza de que ele também não. 

— Sinto muito que seja tão complicado. — disse, sinceramente, desviando os olhos para seu próprio telefone quando ele começou a tocar uma chamada de Charlie. Pressionou os lábios em uma expressão de desagrado, ainda estava chateada com a ruiva. — Mas seu relacionamento com seu irmão é bom, não é? 

— Sim, nos damos muito bem. Por mais que na infância ele tenha me jogado de uma janela. — a loira comentou, rindo com a lembrança. E então seu sorriso sumiu quando sua linha de pensamento a fez lembrar de Gabriel. Ele havia curado-a naquele dia. Sentia falta dele. — Depois disso ele passou a cuidar de mim como se eu fosse um cristalzinho frágil. Às vezes irrita, as vezes eu fico extremamente grata.

Alternative/ DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora