Capítulo - 90

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Sam respirou fundo, deixando as pequenas ferramentas que usava de lado. Tinha sido um árduo e demorado trabalho fazer com que Gabriel permitisse que o tocasse mas, com muita persistência, conseguiu.

Foi graças a isso que ele pôde fazer os devidos curativos nos ferimentos do arcanjo, que por algum motivo não estavam curando. Castiel já havia especulado que poderia se tratar da fraqueza do irmão, visto que sua graça estava debilitada.

Além disso, Sam também tinha acabado de remover a costura horrível da boca do arcanjo. Levou tempo e exigiu muito de seu cuidado, mas agora, Gabriel poderia falar de novo.

— Pronto. — disse, sendo alvo dos olhos amendoados do loiro. O olhar dele era desconcertante. — Você pode... Você sabe. Pode falar se quiser.

Gabriel abaixou o olhar, franzindo as sombrancelhas em uma expressão extremamente machucada, como se olhar para Sam diretamente nos olhos doesse.

— Eu sei. — o Winchester murmúrio, baixo. — Sequer posso imaginar o que você passou, Gabe. Ninguém espera que você volte a ser o que era antes do nada, ok? Tome seu tempo, chore o que precisar, grite e quebre coisas se achar que é necessário. Nós estamos com você agora.

O arcanjo concordou minimamente, um leve e tímido movimento de cabeça, tão diferente do Gabriel que conhecia que Sam ficou desnorteado.

Pressionou os lábios em tristeza genuína e ódio também.

Ódio porque Chuck sequer pensou mencionar que Gabriel nunca esteve morto.



Na biblioteca do bunker, Castiel respirou fundo quando viu Dean adentrar o cômodo, abaixando o olhar e fazendo menção de sair, parando quando o loiro se colocou na sua frente.

Ele tinha tentando falar com Jack e Belphegor quando se acalmou da choradeira por Gabe, mas foi informado de que ambos já estavam dormindo e resolveu deixar para o dia seguinte.

Realmente, quando chegaram já era tarde.

— Dean, por favor. Pode brigar comigo o quanto quiser depois, mas agora...

— Não vou brigar com você. — o tatuado o interrompeu, ofendido pelo anjo pensar que faria algo assim em um momento como esse, mas infelizmente sabia que ele tinha razão. — Precisamos ter aquela conversa.

Castiel escondeu o rosto nas mãos, massageando as têmporas, sabendo que os próximos minutos seriam difíceis.

— Dean, você sabe que a auto punição é algo extremamente enraizado em mim, eu não consigo só desligar.

— Certo, isso eu entendo. Detesto, mas entendo. Mas por que você acha que tem que se punir pelo que houve com Gabriel?

— Isso é óbvio!

— Não para mim. — o loiro discordou. — Você não tem culpa, Cass.

— É claro que eu tenho! Se eu tivesse prestado atenção naquele dia eu teria percebido os sigilos antes de entrarmos na cidade! Se eu tivesse prestado atenção eu teria sentido a Abaddon se aproximando! Se eu tivesse ouvido aquela porcaria de oração...

— Oração? — Dean indagou, confuso e preocupado ao ver os olhos do anjo se encherem de lágrimas. — Que oração?

— Eu estava ouvindo... Tinha alguém chamando meu nome um tempo atrás, antes de eu desligar a rádio dos anjos. — contou, as primeiras lágrimas descendo apesar de se esforçar para que não. — Eu... Eu acho que era o Gabe... Se eu tivesse verificado...

Alternative/ DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora