Maktub

Estratégias

Muhammad Ayad

Os dias foram extremamente agitados desde a invasão. Entre infinitas reuniões com o conselhos, voamos para Meca para a reunião com o rei enquanto assistíamos a eleição em Israel. Vibramos juntos quando nosso plano se engajou, enfim o governo de Israel está em nossas mãos e depois de tanta destruição, a ordem está sendo imposta sobre o país. A guerra civil cessou, os militares estão tomando conta das ruas. Propagandas sobre ordem e independencia são ditas por todos lados, fazendo-os acreditar na liberdade, por fim conquistando a paz.

Por meio de Israel, faremos nossa fortuna 40 vezes maior. A rota que seguíamos atravessando todo o oriente médio para chegar aos estados unidos com as cargas de petróleo, será reduzida pela metade, sendo desviado passando por solo saudita até Israel, e do mediterrâneo até América do Norte. Nossos lucros subirão exponencialmente.

A proposta de acordo já foi enviada ao governo de Israel, eles irão obter uma boa porcentagem de lucro das exportações, que serão bem direcionadas para a infraestrutura do país.

Desde a minha promessa de nunca mais abandoná-la, fizemos todas as viagens juntas. Era para tudo estar perfeitamente bem, no entanto sinto que uma fenda se abriu em meu relacionamento com Khadijah. Observo que ela está me evitando. Percebo que é só aprofundarmos em uma conversa e ela começa a se esquivar.

Isso me deixa agoniado, pois isso também me dói. Tanto quanto dói a ela, estamos machucados, mas ela não se permite abrir e fazermos isso juntos.

Mas eu irei respeitar. Darei o tempo que ela necessitar para superar as dores e perdas que sofremos. Eu só temo que os estragos venham a se tornar irreversíveis com nossa distância. E quanto mais longe ela está, mais eu sinto o poder se esvaindo de minhas mãos e minha mente teima em encontrar aquele belo par de olhos azuis que um dia marcaram minha alma.

Ando de um lado para o outro no escritório de nosso palácio e me jogo na poltrona de frente para a mesa. Eu juro que estive enlouquecendo escondido nesses últimos dias que passaram. Tomo mais um gole do meu centésimo copo de jeager e jogo a cabeça para trás, apoiando no encosto da poltrona.

Eu estive fodido. Tentei ao máximo parecer estar bem, mas perder tudo o que me sustentava me deixou sem chão. Khadijah se afastou e me deixou perdido.

Mas eu não posso me deixar levar a isso. Outra fodida vez eu não posso ter meu chão tirado por uma mulher. Dessa vez tudo mudou e eu não vou assumir a mesma postura de leão ferido como sempre! Aperto o copo forte entre meus dedos e urro. Chega disso! A partir desse momento, analisando todas as decisões que - não - tomei, por me deixar levar por essaa merdas de sentimentos e emoções, eu não posso seguir novamente a mesma rota. Isso não seria lógico.

Sinto que de pouco a pouco, estive desmoronando, e a única forma de acabar com isso é deixando a frieza se apossar de meu ser. Preciso ser forte, e isso não é só por mim. Também é pelo bem de minha esposa, eu vejo sua dor. Então eu não irei fraquejar, ela precisa de um pilar.

Junto todas as forças que existem dentro de meu ser e chuto toda essa merda que me trás à borda para uma caixa muito bem trancada no fundo do meu subconsciente.

Volto lembrar de momentos difíceis como minha peregrinação, naquele momento eu tive que encontrar minhas forças sozinho! Ali eu descobri que a minha mente era capaz de tudo. Então chegou a maldita hora de sustentar as minhas próprias bolas e assumir quem eu me tornei. Eu não sou mais Louis Belford. Eu sou Muhammad Ayad.

Deixo o copo sobre a mesa e levanto meio cambaleando. Saio pela porta, andando em direção ao quarto. Preciso tomar um bom banho e assumir a postura de quem eu verdadeiramente sou. Quase levo um tombo quando os tigres se entrelaçam entre minhas pernas.