Tentação

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Ando de um lado para o outro pensando qual vai ser a desculpa da próxima vez. Quero levá-la para jantar novamente, ver aqueles olhos me queimando com desejo escancarado, escuta-la falar por horas sobre suas ideias geniosas. Então resolvo pedir conselho para o mais sábio na área.

— Hassan, eu tô precisando de umas dicas. — Digo ao telefone.

Yalah sediq. Para o que precisar, estou por perto da sua empresa, posso dar um pulo aí, quer bater um papo pessoalmente?

— Ótimo, vou preparar um Jager para nós.

Ele ri ao telefone. — Essa parada é dos Deuses, tô voando. — E desliga.

Alcanço os dois copos de shot e derramo o líquido cor âmbar. A secretaria aciona e permito a entrada de Hassan. Nos cumprimentamos, ele abre o botão do terno e senta-se em uma das cadeiras gêmeas, lambendo os lábios ao olhar para o líquido. Ele não é nada como a irmã, o cara adora cometer um pecado, pois deveria estar de ramadan, mas claro que não se aguentou.

— Antes do assunto do dia, saudações querido amigo. — Empurro o copo com o dedo, ele pega e joga o líquido para a garganta com um sorriso nos lábios e eu faço o mesmo.

— Sabe, acho que eu deveria ter nascido alemão, austríaco, não sei, tudo menos muçulmano. — Ele divaga sarcástico. — Isso é bom demais!

Dou risada formulando as palavras que usarei para tocar no assunto delicado.

— Mas diga, o que passa amigo? — Hassan questiona.

— Eu conheci uma árabe. — Começo a contar, me debruço sobre a mesa levantando uma sobrancelha e cuidando bem as palavras que uso. — Ela é especial, eu quero tê-la, mas não quero desvirtua-lá.

— Hummm... — Ele pensa um momento sobre o assunto e logo sorri. — É fácil.

Olho-o espantado com a notícia. Fácil? Poderia imaginar tudo, menos algo fácil. Então o cara manja mesmo as façanhas com as árabes? — Fácil, como assim? — Pergunto.

— É simples cara, ela é religiosa?

— Sim. — respondo.

— Então case-se com ela. — Ele diz com naturalidade. E claro que meu queixo vai lá no chão. Ah tá, beleza! Casar, ok. Vai nessa. Ele só pode estar de brincadeira com a minha cara se acha que farei algo estúpido do tipo, então minha risada sarcástica assume. — Como assim casar, tá louco? Ainda não quero isso, agora que estou recomeçando minha vida.

Há, como se fosse tão fácil assim. Chegar e casar com uma mulher que conheço à alguns meses e apenas tive contato umas três vezes. Nunca toquei, nunca beijei, nunca transei. Muito menos à vi completamente. Isso é bizarro, escolher uma pessoa para compartilhar a vida, que você não sabe se quer. E aí chega lá na frente, é só cancelar o casamento e a pessoa? Prefiro fazer o oposto.

— Mas é simples cara. Ou você vai ter que desvirtuar ou casar. — Ele dá de ombros. — Leva a garotinha pro mau caminho. Só não deixa o pai dela descobrir que você meteu o que não devia entre as pernas da filhinha querida, que fica tudo certo. — Ele ri da situação. Que filho da mãe, então ele está achando cômico. — Ah, provavelmente o futuro marido não vai descobrir que ela perdeu a virgindade antes do casamento, ou não, mas aí já vai ser tarde, não é?

— Puta merda. Eu juro que não lembrei disso. Virgem cara. — Esfrego a mão pelo rosto nervoso com a nova informação sendo processada, caindo como um pequeno peso. Como pode uma mulher tão madura ainda virgem.

— Mas me conta, quem é? — Ele ergue uma sobrancelha com o semblante transbordando curiosidade, chamando minha atenção.

— Aí cara, eu prefiro não comentar, É só um interesse, não que eu vá prosseguir, porque nessas condições fica difícil.

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