Líbano

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Beirute, um grande celeiro do Império Romando na antiguidade. Um pouco mais de dez mil quilômetros quadrados que já passou por sete destruições e reconstruções, sendo assim, conhecida como a "fênix" e também conhecida como "paraíso terrestre" por sua imensa floresta de cedro, carvalhos, pinheiros e outras árvores de essências aromáticas. Um Mediterrâneo em tom azulado banha toda sua a costa oeste, rivalizando com montanhas cobertas de neve no inverno, abundantes reservas ecológicas, sítios arqueológicos, monumentos históricos, gastronomia da melhor qualidade e muita, muita badalação. Movimentada, divertida, alegre.

Cumpri minha agenda e reforcei meu conhecimento pelo Oriente Médio, buscando mais conhecimento sobre o pequeno e encantado país chamado Líbano.

Começarei explicando-lhes alguns detalhes: No Oriente Médio estão localizados os famosos Árabes, que se trata de uma cultura. E cerca de noventa por cento dos Árabes, fazem parte da religião islâmica, ou também conhecida como muçulmana. O calendário islâmico é um calendário lunar, composto de 12 meses de 29 ou 30 dias, e um ano com 354 ou 355 dias , tem cerca de onze dias a menos que o calendário solar, a contagem do calendário começa quando o profeta Muhammad começa a Hégira, que é a fuga do profeta de Meca para Medina, na Arábia Saudita. Aqui a biblía deles é o Alcorão, e eles são realmente religiosos, acreditam verdadeiramente nas passagens do livro.

Já estamos em dhu al-hija, que seria o décimo segundo mês do calendário islâmico, e e dentro de pouco será a festa do sacrifício (Eid al-Adha), pelo fim da peregrinação. A festa tem duração de quatro dias. É celebrado pelos muçulmanos de todo o planeta em memória da disposição de Ibrahim em sacrificar o seu filho Ismaeil conforme a vontade de Deus. E ocorre 70 dias após o Ramadam. No Eid al-Adha é feito a troca de presentes e o sacrifício de animais onde a carne é dividida com familiares e com os pobres.

Já fazem algumas semanas que meu velho está por aqui, e em quatro dias ele já irá embora. Quase todos os dias fizemos alguma gandaia, descobrimos quase todos os bares de Beirute, em vários Hassan nos acompanhava e aí sempre estávamos VIP nas festas mais fodas de Beirute. Curti levar meu pai para assistir dança do ventre, o velho também ficou hipnotizando pela dança e a forma como as mulheres se movimentavam também pegou o velho direito.

Essa semana assinei o contrato com a Sharikat Danib, de Dubai. Até então não pude conhecer o Sr. Sharikat, por motivos pessoais do mesmo. O contrato foi assinado aqui em Beirute, na Fattah's economy, apenas eu e Mohamed presentes. Estou confiando em Mohamed, sei que ele não vai fazer cagada com os próprios negócios. Lógico que faço minha parte, vi todas as planificações da empresa, sua antiga empresa de publicidade e os serviços que fazia, pelo que vejo, o contrato foi encerrado com a empresa passada sem nenhum motivo aparente, alguns dias antes de Mohamed me avisar sobre seu novo contrato.

Meu telefone toca, aperto o viva-voz e Khalifa, minha secretária, está do outro lado. — Sr. Belford tenho um convite para entregar-lhe.

Fecho os olhos e respiro fundo, me cai pesado, sei bem sobre o que se trata o convite.

— Tudo bem, pode entrar. — Respondo e desligo o viva-voz.

Apenas pego o convite da mão de Khalifa, fingindo estar ocupado demais para ser avaliado por qualquer olhos julgadores. Foda-se. Cresce Louis.

— Obrigada Khalifa. — Agradeço e dou um sorriso amarelo, na tentativa de compensar o mau humor do caralho que isso me deixou.

— De nada Sr. Belford. — Responde educadamente e se retira.

Eu juro que queria colocar fogo no papel delicado. Dobrado como uma bolsa, branco decorado com pedras vermelhas e alguns diamantes. Sim. Diamantes de verdade em um convite de casamento. Ele abre como um pergaminho, a folha que está dentro é feita de ouro, é possível ver os pequenos brilhos se formando com o reflexo da luz. O nome "Amira Fattah & Mustafa Malik" estão escritos em letra cursiva, em um dourado mais forte. E meu estômago se embrulha.

Sei que cortei a respiração por alguns segundos enquanto abria aquele maldito pergaminho. Fico encarando-o e relendo o nome de Amira várias vezes. Ainda me perguntando se isso tudo foi uma apenas ilusão da minha cabeça?

A festa será em uma semana, assim que finalizar as festas de sacrifício. Em Jbeil, no mesmo local do casamento de sua irmã.

Termino meu dia com o mesmo mau humor de quando peguei tal convite em mãos. Minha cabeça está explodindo, alguém já disse que a vida adulta é um terror? Problemas pessoais, problemas no trabalho, e aleatoriamente sempre aparecem umas merdas a mais. E o que eu posso fazer? Exatamente o que estou fazendo, tratando de manter a postura e colocar o passado em seu lugar.

Me jogo na cama de toalha mesmo, parece que tenho uma péssima mania de fazer isso quando estou exausto. Foi assim que vi Amira nua pela última vez em meu quarto antes de adormecer em nossa "despedida". Merda do caralho.

Sempre gostei do cheiro de incenso, e agora ele invade minhas narinas, me envolvendo em um ritmo sensual, misterioso. Abro os olhos e não estou em meu quarto, ao fundo está tocando uma música que faz meu corpo vibrar, todos os sentidos estão mais palpáveis, tochas acesas e, grandes paredes de pedra, posso ver a noite estrelada refletida no mar por aberturas circulares nas paredes e sedas vermelhas pendendo do teto.

Vejo uma sombra detrás de uma das sedas, ela está nua, e reconheço a silhueta de Amira. Os olhos azuis turquesa estão mais verdes e acinzentados, mas continuam a me penetrar de uma forma que me faz querer levantar, enrolar meu braços em sua cintura e nos perdermos em prazer. Mas algo me impede de ir até ela, não posso me mover. Não tiro os olhos de Amira um minuto, mas sei que estou preso, sinto meu pulso apertado, mas não é algo que eu queira lutar contra, porque Amira está caminhando em minha direção e estou literalmente de joelhos por ela. Amira se ajoelha em minha frente, os mamilos durinhos e estou louco para coloca-los em minha boca, me lembrar como é seu sabor e sua maciez. Com os olhos fixos nos meus, ela passa os dedos pela lateral de meu resto, terminando por meu lábio inferior, seu olhar não é mais acinzentado, vejo visivelmente o verde tomando conta do lindo azul acinzentado, então ela aproxima nossos lábios e irrompe minha boca com sua língua, buscando a minha e encontrando com uma resposta cheia de desejo, fúria, pecado e sedução que eu não consigo evitar expressar. Sinto mãos por minhas costas, mas não tiro a boca de Amira. Sinto lambidas por meu pescoço, braços me envolvem e eu sei que pelas mãos delicadas, Amira e outra mulher me tocam e isso me deixo em trase. À mercê. Não posso falar ou mover-me, apenas sinto o desejo me consumindo, sendo submetido e queimando como o inferno. Meu olhos preguiçosos olham ao redor, estou desorientado com tantas sensações até ver as orbes negros por sobre meus ombros.

Khadijah.

Meu coração bate descompassadamente, acelerado e eu acho que vou ter um infarto. Abro os olhos e vejo a luz do sol entrando pela janela de meu quarto. Respiro fundo buscando ar para me recuperar e acalmar meus batimentos.

Ainda estou em meu quarto, em minha cama, com a toalha envolvida por minha cintura, passo a mão pelos fios de cabelo encharcados de suor em minha cabeça. Isso foi um sonho ou o que? Ouço algumas batidas na porta, olho meu relógio e ainda são seis da manhã.

— Louis? Está acordado? — A voz de meu pai soa detrás da porta.

— Sim pai, tomarei um banho e te encontro.

— Ok.

Entro no chuveiro e só quero estar perto de outras pessoas para não pensar mais nessa situação. Que diabos de sonho foi esse. O único jeito para lidar com essa situação é deixar toda merda que não quero na minha vida para trás. Então novamente mando essa informação para a ala de "memórias à quatro palmos do chão" em meu cérebro.

Fique bem enterrado caralho.

MaktubOnde histórias criam vida. Descubra agora