Maktub, estava escrito, era o destino.
Recomeço.
É a hora e a vez de Louis Belford recomeçar. Uma volta ao mundo árabe irá virar sua vida de ponta cabeça, uma paixão proibida, fruto de seus jogos, mas que agora não é só mais uma brincadeira. Ele sa...
Os negócios são como um jogo de xadrez. Meu pai, Charlie, sempre foi um cara de negócios, e desde menino me ensinou as regras do jogo:
1. Para ganhar, alguns sacrifícios serão feitos. Cá estou eu, sacrificando meu passado que agora se torna oficialmente enterrado. Agora sei que minha eternidade está reservada ao lado de Khadijah, e uma vida de amor foi a primeira concessão importante que abri mão.
2. Aprenda a forma correta para agir e pensar, se adaptando adequadamente a cada local e situação. E esse foi um dos maiores erros que cometi; Não saber nada sobre o solo em que estava pisando, motivo pelo qual caí no meu primeiro desafio; Amira.
3. Não se engane pelas aparências, peões também ganham o jogo. Nem sempre parecer quer dizer ser. Louis Belford empresário, estadunidense que pisou no Líbano, com sua empresa recém instalada em tal solo sem conhecer nada nem ninguém. E hoje estou aqui consagrando-me membro da família mais importante da Arábia Saudita, país que rege o Oriente Médio.
4. A peça chave: ao lado de um rei, sempre haverá uma grande rainha. A rainha é a peça mais poderosa do tabuleiro. Eu pensei que deveria me tornar tal peça, mas agora eu entendo minha posição e sem a rainha ao meu lado, não há reinado.
5. O fim só é declarado com o cheque-mate.
Eu encontrei minha rainha e meu reinado está apenas se iniciando.
Ontem, assim que assinei o contrato, também assinei a segunda pilha de folhas, onde me tornei perante à lei, oficialmente marido de Khadijah.
A família Ayad está no governo da Arábia Saudita desde os primórdios. Riad é a cidade prometida a Khadijah, ela a governa, e agora eu também governarei.
A música suave ecoa pelas caixas de som. As mulheres se mobilizam ao me tedor passando o tecido negro e dourado por minha cabeça organizando-o em um Keffiyeh bem feito. A costureira dá os últimos pontos ajustando a seda preta veste perfeitamente meu corpo. Uma camada de seda dourada é coloca por sobre meus ombros e finalizado com um colar ramificado em diamantes brilhantes. Coloco as sandálias de couro e me olho no espelho sentindo a luxúria me apossar. Eu jamais imaginaria Louis Belford trajado dessa maneira. E o sentimento que essa vestimenta me gera, é de puro empoderamento.
Irei casar-me como um muçulmano e sei que daqui em diante isso também fará parte de minha vida. Meus olhos brilham em aceitação e admiração. Estou pronto para o meu destino.
Sou escoltado por guardas até a entrada principal da casa. Paro ao lado da porta e meu coração acelera forte ouvindo a multidão. Sinto a presença de Khadijah que se coloca ao meu lado e entrelaça nossas mãos. Uma onda de calor percorre meu corpo e nossos olhos se conectam quando os tambores vibram.
— Está pronto para se tornar um Ayad, Habib? — Ela questiona me olhando profundamente. E resposta está estampada em minha mente: sim! Estou fodidamente pronto para me tornar marido de Khadijah.
Com a mão livre seguro seu rosto carinhosamente coberto pela burqa negra adornada em pingentes dourados, deixando apenas seus olhos em evidência. Khadijah tem a capacidade de tirar o rei leão que vive em meu interior. Olha-la é como enxergar a glória, conquista e prosperidade. Me dando a segurança e certeza de que ao seu lado, conquistarei o mundo. Eu agradeço mentalmente, ainda fitando-a e eu sei que de alguma forma, ela é capaz de compreender.
Estou pronto.
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