Planos

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Abdallah ainda furioso, ouviu atentamente meus planos e com seu jato particular, voou de volta para meca. Deixando em nossas mãos o fardo da resolução com Israel, já que ele ainda tinha a crença de que a culpada era Khadijah.

A verdade é que está muito além de uma guerra religiosa. Os muçulmanos estão divididos entre povos sunitas e xiitas, aqui somos maioria sunitas e em Israel, maioria xiitas. Vocês já devem ter reparado alguns atentados islâmicos pelo mundo, principalmente pelos EUA, e isso acontece por dois motivos: religião e poder. A religião xiita de uma forma básica e resumida, pensa que todos que não seguem Allah, devem ser mortos, e assim, quem os matou, irá para o paraíso. Por isso armam bombas por seus corpos e explodem em locais com o máximo de "infiéis" possíveis.

Mas aí vem o segundo ponto, por que em locais específicos? Porque o interesse também é político e econômico. Israel é um ponto importante, comunicação entre: mar Mediterrâneo e mar vermelho. Então eles tem o controle da rota mais curta para o  acesso à Europa e América, onde não é necessário fazer à volta pelo oriente médio e África para chegar à outros países. Que atualmente, não temos acesso algum.

Terceiro ponto: os ataques estão concentrados nos EUA, porque eles têm interesses econômicos e políticos pela região de Israel e por isso Israel é o país protegido dos Estados Unidos, porém não são aceitos pela população xiita, causando tal revolta e tais atos de atentado contra os EUA.

Quarto ponto: os conflitos entre sunitas e xiitas existe há séculos, ou seja, desde 632 d.C., ano da morte de Muhammad. Esse fato foi propulsor para desencadear desavenças entre esses povos que até os dias atuais cometem atos de violência entre sí.

Estive os últimos dias grudado ao escritório, livros e livros tentando entender todo o conflito e interesses de ambos países. Preciso planejar e começar a ação, Abdallah não me dará muito tempo, os ataques estão ocorrendo, pessoas estão morrendo.

E aí encontrei a chave do negócio. Primeiramente precisamos do apoio dos EUA, porque Israel é protegido pelos mesmos, e assim os soldados estadunidenses estarão com as bandeiras brancas quando infiltrarmos o governo do país, deixando Israel sem defesa, e sem conhecimento de tal. Mas muito mais do que isso, podemos ter o apoio de todo o Oriente Médio, deixando a livre passagem de comércio de todos os países, por acordos beneficentes.

Com quem os EUA prefere fazer negócio? Com árabes do estado islâmico, ou um estadunidense? A resposta para mim é clara. E é aí que entra a vantagem de Khadijah ter casando-se comigo, eu sou o ponto chave para a conquista de Israel. Estive em contato com Hassan, quem me ajudou a entender parte dos negócios. Trunfo na manga! Tenho o apoio de Hassan e Mohamed, os quais tem acordos com quase todos os países do Oriente Médio, assim significa que o apoio dos países será facilitado. Temos o campo preparado para o ataque. Precisamos armar o soldados certos e apertar os ajustes finais do plano.

E foi assim que eu cheguei até aqui, cansado e com dor nas vistas por tanta leitura. Levanto-me da cadeira. Olho meu relógio de pulso e já está perto da hora marcada com Hassan. Hoje começam minhas práticas de tiro. Vou em direção ao quarto, preciso passar uma água no rosto e trocar minhas roupas. Quando abro a porta do quarto, escuto ruídos, como um choro.

Ando rápido em direção à porta do banheiro, de onde vem o som, e ao abrir me deparo com cacos de vidro espalhados pelo chão. O vidro que se localizava acima da pia, está partido. O choro vem do closet, e quando paro abaixo do arco que dá acesso ao mesmo, meu coração se despedaça quando vejo Khadijah jogada ao chão, com as pernas juntas ao peito, envolvida por seus braços e a cabeça baixa, em prantos. E posso sentir sua dor.

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