Mudanças

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Estive dentro de todas as reuniões oficiais do último mês, e não só dentro. Mas Khadijah não se pronunciou mais, deixando o comando e voz por minha conta. Eu fiquei apreensivo no início, mas meu árabe está evoluindo muito bem, me deixando cada vez mais seguro.

Eu sempre fui um cara muito seguro. Lembro-me bem de discursar durante o período da faculdade. Sempre era convidado para debates e o escolhido para representar a turma. Sempre soube que a lábia era meu dom, então busquei estudar, para não só falar bem, mas saber o que dizer.

Subi muitos degraus para chegar onde cheguei. E se o universo me presenteou com tamanho poder, sei que estou apto para assumir. Sem medo, tomo as rédeas da situação e encaro as surpresas do universo.


Me sinto absoluto. Mas incompleto. Algo lá no fundo me trás essa sensação. Não entendo, mas sei que ainda tenho muito caminho a percorrer, e conforme o caminhar, sei que essas respostas visão. Cada degrau do sucesso, vem consigo lições que necessitam ser aprendidas, por bem ou por mal, para subir ao próximo degrau.

Encaro meu reflexo no espelho da academia do palácio. Mesmo corpo está com alguns quilinhos de músculo à menos desde que fui para Beirute. Por fora até pareço o mesmo Louis que pisou no Oriente Médio ano passado. Mas me assusta para um caralho saber que aqui dentro, tudo mudou.

Louis que se tornou Muhammad, que aceitou seu destino, e não só aceitou, como está lutando lado a lado para conquistar os frutos prometidos. Não é sobre pedir e desejar, é sobre fazer acontecer.

Tudo oque eu queria era conquistar o Oriente Médio com a C&B. Quem diria que tudo tem o seu tempo e cá estou eu, por hora abrindo mão da expansão rápida de minha empresa, para abrir novos caminhos, de conquistar a Arábia Saudita como um todo.


Alcanço meu iPhone do bolso e aperto play. Mötley crue é a culpada por meu sangue correr mais rápido aquecendo todas as células em sincronia. O som estoura por meus fones de e então alcanço os halteres de cinquenta quilos cada lado. Me deito no banco e me concentro fodidamente contra a força do peso e da gravidade, estourando cada fibra muscular de meu peitoral. Uma, duas, três... quinze repetições foram meu máximo. Jogo os halteres no chão e minhas veias saltam por meus braços e peitoral. A onda de endorfina invade meu corpo e agora o treino começa de verdade.


Faço o treino completo de peitoral, chegando ao fim esgotado. Um total de cinco exercícios de quatro séries com repetições até a fadiga.

Subo na esteira e mudo a play list para algo mais calmo.

A esteira fica de frente para o espelho e aproveito para dar uma conferida no pump do treino. Peitoral inchado, é sinônimo de serviço bem feito. Uma das coisas que sempre me deu prazer na vida foi a musculação. O sentimento de controle sobre si mesmo. A sensação de superar a si mesmo pode-se comparar ao sexo.

Bom, somente ao sexo comum, com uma mulher nota média. Não o sexo com Khadijah, porque esse é de outro mundo. Ela tem a capacidade de fazer o controle se esvair por minhas entranhas, ao mesmo tempo que luto com todas as forças para reverte-lo, e quando ele volta, é muito mais intenso que o normal. Eu me torno perigosamente meticuloso e controlador. Ela tem a capacidade de fazer uma outra versão minha surgir.

O que Khadijah me faz sentir só não é a melhor foda da vida, porque nada pode-se comparar a sensação de conexão além do carnal que ela me fez sentir. Os olhos turquesas que nunca fui capaz de esquecer. Meu peito se aquece e eu balanço a cabeça deixando esses pensamentos de lado.

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