Cigana

607 50 0
                                    

Encaro Khadijah, que mostra um semblante confiante, fazendo meu peito estourar.

Assim como foi dito; cada resposta apareceria no momento oportuno. Eu tenho a confirmação e certeza de que conquistaremos Israel, pois a resposta está à nossa frente.

Shukran Allah, shukran. — Khadijah olha para cima, sorridente, agradecendo à Allah.

Aperto a coxa de Khadijah e fecho os olhos, pensando o mesmo: Shukran Allah.

Descemos a arquibancada, e antes que os seguranças nos cercassem, pedi passagem para agradecer pessoalmente à presença do circo, por primeira vez na Arábia Saudita, mas no fundo agradecido mesmo por fazerem parte do sucesso que estamos para alcançar.

Então me aproximo da senhora cigana que tem um cachimbo prateado pendurado pela boca e algumas cartas na mão. Khadijah mantém-se atrás de mim.

Aceno com a cabeça em cumprimento, colocando a mão na barriga para me curvar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Aceno com a cabeça em cumprimento, colocando a mão na barriga para me curvar. — Salaam Aleikum. Espero que tenham tido uma boa vinda, aproveitado a cidade e a hospitalidade de nosso povo acolhedor. Estamos agradecidos pela magnífica apresentação. — Digo em inglês, na esperança que a senhora entenda meu idioma.

Ela puxa o canto do lábio em um sorriso e se aproxima. — Então é você. — Responde em um árabe perfeito, diminuindo nossa distância, ela fixa os olhos aos meus, que me envolvem como se já tivesse os visto antes, muitas vezes. Um frio percorrer por minha espinha. Mantenho-me paralisado, muito atento, esperando explicações, então ela emenda: — Esperei por você. As cartas me disseram muito sobre você, estive curiosa em conhecê-lo.

— Cartas? — Disse sem pensar, mas decidi que seria a última palavra dita. Algo me diz que que não preciso fazer perguntas, porque as respostas virão, pois ela veio.

— Khadijah Ayad. — Ela ignora minha pergunta e olha para minha esposa. Aproxima-se da mesma e a encara, assim como encarou-me.

Observo a cena pasmo. Khadijah está paralisada, seus olhos estão fixos aos da senhora. Ela quebra o contato com a senhora quando me fita, assustada, e pela segunda vez, vejo os olhos trêmulos de minha esposa, sem poder ver toda sua feição, coberta pela burqa. Meu peito parece incendiar, quero trazê-la ao meu abraço, mas a senhora caminha até a tenda e Khadijah me faz parar o trajeto até ela, ao dizer:

— Vá. — Ela confirma e faz sinal com a cabeça incentivando-me a entrar. Me aproximo e beijo o topo de sua cabeça, por de cima dos panos.

Antes de entrar na tenda, olho para os seguranças e faço sinal com a cabeça afirmando estar tudo bem, e Khadijah manteve-se fora.

A tenda é escura, a luz que está sobre a mesa provém de uma fenda ao centro da tenda, o local cheira incenso, a senhora está sentada de frente para a mesa quadrada, e faz sinal para que sente-me ao outro lado. Sento-me e analiso a superfície que esta coberta com uma toalha decorada de mandalas coloridas, um bloco de cartas, um copo de água, um vaso de flores brancas, uma vela, um incenso e uma sineta de prata. A senhora pega a sineta e balança três vezes, murmurando palavras que não posso  escutar.

MaktubOnde histórias criam vida. Descubra agora