Capítulo 4 - Ordinary day

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He said take my hand,

Live while you can

Don't you see your dreams lie right

In the palm of your hand


Um mês após o encontro na delegacia, ambos não haviam perdido o contato. Apesar de possuírem perfil em redes sociais, o tempo para manterem-se conectados eram poucos, mas vez ou outra se permitiam vagar pelo perfil do outro, esperando que a bolinha verde ao lado de seu nome aparecesse, indicando estar online. Trocavam mensagens no celular entre os intervalos das aulas de Rose e os períodos tranquilos na delegacia de Dimitri. Mas não deixavam de se falar.

Uma dupla curiosa, Rose e Dimitri formavam.

Enquanto Rose era impulsiva e raramente segurava sua língua, Dimitri pensava duas – talvez três – vezes antes de falar ou agir e mantinha-se quieto a maior parte do tempo. Agia com cautela e precisão que Rose achava graça. Eram iguais e ao mesmo tempo tão diferentes.

Ambos tinham ânsia por ajudar aos outros, pondo-os acima de si mesmos. Não suportavam injustiças e, embora Rose fizesse de maneira torta, procuravam sempre aconselhar para o melhor. Dimitri, talvez, fosse mais sério neste último ponto. E havia o brilho no olhar, que poderia ser feroz ou animado dependendo da situação. Ambos possuíam o mesmo brilho.

Eram diferentes. Brigavam por conta disso. Tinham discussões que, às vezes, acabavam em silêncios incômodos, linhas mudas e expressões fechadas. Eram iguais, e não suportavam ficar muito tempo sem se falar. Ao final do dia – uma vez no meio da noite – se entendiam novamente.

A maior parte do tempo em que os dois passavam juntos, entretanto, ocupavam-se em tentar discernir o que sentiam. A amizade evoluíra rapidamente e um confiava no outro para o que tinha de dizer e fazer. Por mais que Dimitri fosse mais fechado que Rose, a cumplicidade entre eles era palpável e inegável. Por que não era apenas o bem estar que sentiam ao estarem perto.

Dimitri ajudou Rose a se focar e concentrar no que fazia, a estabelecer um objetivo – que, primeiramente, era se formar. Com ele ao seu lado, ela conseguiu terminar seu trabalho com antecedência e melhorar suas notas sem muito esforço, pois com seu tempo organizado ela tinha tempo de estudar e tirar suas dúvidas.

Rose, por sua vez, distraia a mente de Dimitri do trabalho. Disse, certa vez, que logo andaria curvado de tantas preocupações que carregava nas costas de dentro da delegacia. Na hora, Dimitri riu, mas sabia que havia algo correto ali. Ele vivia para o trabalho até conhecê-la e depois que se tornaram amigos sorria mais (comentário feito por sua mãe, em um almoço no final de semana). Rose o relaxava e somente assim conseguia descansar verdadeiramente em suas folgas.

E, claro, havia também as mudanças que eles ainda não viam, talvez por estarem ocupados demais extasiados pela presença do outro. Aquelas mais íntimas em seu âmago: ambos cresciam juntos. A curta convivência já poderia concluir isso. De uma maneira inconsciente, um fazia o outro ser uma versão melhor de si mesmo. E isso apenas contribuía para a relação deles e a forma como eram vistos.

- Dimitri, querido, você está parecendo mais jovem. - Olena, sua mãe, havia passado em sua casa para presenteá-lo com uma cesta de pães e bolos que havia feito com suas próprias mãos. – Tem dormido direito, não é? Feito exercícios? O que tem feito de diferente?

- Nada, mama. – respondeu ele, de olho nos quitutes debaixo da toalha – Nada demais. São seus olhos.

Mas o olhar de mãe não se enganava. Olena sabia que havia algo de diferente em seu filho. Se ele não via – por incapacidade ou teimosia – ela via. E contentava-se com a mudança.

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