Capítulo 16 - Angel With a Shotgun

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If loves a fight, than I shall die

With my heart on a trigger

Marcel Conta era um homem esguio, de olhos claros e cabelos escuros manchados por mechas grisalhas que poderiam lhe dar um ar de um quarentão charmoso. Poderia, se seu estado não fosse triste. Estava despenteado e as roupas amassadas, os olhos avermelhados com uma expressão paranoica. Rose pode sentir, por baixo do medo que pingava de seus poros e da confusão que aparentava, raiva em seus olhos ao olhar para ela.

Camille havia parado de chorar com um soluço engasgado. Rose não olhou para ela, estava focada na arma nas mãos trêmulas do pai dela.

– Sua idiota! Você é uma idiota! – a mão livre do homem foi à cabeça, despenteado ainda mais os cabelos. Com qual das duas ele falava? – Tinha que ligar pra Rose? Estava tudo finalmente se ajeitando, achei que você estivesse se comportando, Camille! Me traiu, me traiu. Minha filha!

Pelo canto do olho, Rose pode ver Camille se encolher. Juntou as pernas ainda mais ao corpo e abraçou-as. Apenas seu olho era visível por trás dos cabelos, e estava cheio de medo e fixo no pai. Ela tremia inteira e Rose se perguntou se havia apanhado novamente. Achava que sim, não precisava de muito para Marcel perder o controle e, e ele estava muito, mas muito, bravo.

A menina trêmula não estava amarrada, pelo menos não fisicamente. Sua mente assustada a deixava quieta no lugar. Rose precisava fazer algo. Ou as duas acabariam seriamente machucadas – se não mortas. Se conseguisse se desamarrar, acreditava que poderia desarmar e nocautear Marcel. Havia aprendido defesa pessoal e estava em forma, além do mais, tinha força nas pernas e nos braços porque nunca havia parado de fazer algum tipo de exercício ou esporte.

– Marcel. – Chamou Rose com a voz controlada. O homem virou a arma para ela. – Você não precisa fazer isso. Só vai piorar as coisas. Largue esta arma e nos deixe ir.

As mãos nas costas se moviam tentando soltar o que quer que fosse prendia seus pulsos.

– Não! Você não entende! Eles vão me matar!

– Ninguém vai te matar. Se nos deixar ir embora. – Como é que havia aprendido? Contato visual, voz calma e firme. Não se deixar amedrontar nem descontrolar. – Marcel, não destrua sua vida. Solte-me, solte Camille. Cada um seguirá seu caminho e nunca mais nos veremos.

O homem levou as duas mãos à cabeça, balançando-a com força. Ele iria sucumbir.

– Tudo o que tem que fazer é nos deixar ir. Eu prometo.

Um clique. Foi o que pareceu, e Marcel se transformou. Ergueu a cabeça e voltou a apontar a arma para Rose. Suas mãos não tremiam dessa vez.

– "Eu prometo". "Eu prometo". Quem é você para prometer algo? HÃ? Eu estou com a arma, eu dito as regras! E agora as duas, calem-se! – Virou a cabeça como se ouvisse algo ao longe – Não quero ouvir um pio de vocês. Ou juro por Deus...

Deixou a ameaça velada em aberto e saiu batendo a porta, sem se importar em trancar.

Rose esperou, contou três minutos mentalmente para que ele voltasse, mas Marcel não voltou. Nem ninguém mais. Estava silencioso.

– Camille. – chamou em voz baixa, se inclinando para a outra – Camille, você tem que me soltar. Camille.

A amiga ainda tremia, mas ergueu a cabeça timidamente para Rose. Não se moveu, entretanto.

– Vamos, Camille. Vou tirar a gente daqui. Quando você veio me procurar eu prometi que te ajudaria, se lembra? Não quebrarei esta promessa. Mas você precisa me ajudar.

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