Capítulo 17 - Find You

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Make them dance

Just like you

'Cause you make me move

Yeah, you always make me go


O silêncio perdurava há muito tempo, Rose não sabia dizer quanto. Camille ainda tentava desamarra-la, mas o nó com o qual havia sido presa era forte e bem feito e apesar de ter ficado um pouquinho mais frouxo, não parecia que ia soltar tão cedo. Com dificuldade, Rose passou os braços amarrados por baixo de si, pelo menos assim poderia ver a corda em seus pulsos e isso a ajudaria a pensar.

– Vamos precisar cortar isso, não vai sair. – concluiu em voz baixa.

Camille a encarou perdida e Rose via a pergunta em seus olhos: cortar com o que?

– Me ajude, vamos procurar qualquer coisa aqui que possa ajudar. Algum prego, pedaço de vidro, qualquer coisa.

As duas, então, se ajoelhara em silêncio, tateando o chão em busca de algo que tenha ficado para trás.

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– Com licença. – Dimitri abordou um guarda que fazia ronda no parque, não sorria e tinha um porte profissional que deixou o outro atento. – O senhor viu essa moça hoje aqui no parque? Ela atende por Rose.

Dimitri virou a tela de seu celular para o guarda. Rose sorria na tela, como se estivesse prestes a aprontar.

– Desculpe, não me recordo. – O guarda balançou a cabeça. – Por volta de que horas?

– Especialmente próximo das nove da manhã.

– Meu turno começou agora, às sete da noite. Mas posso ver quem trabalhou de manhã e conseguir seus contatos, se quiser.

– Isso seria ótimo, obrigado.

Janine abordara diversos vendedores ambulantes, mas nenhum se lembrava de ter visto Rose àquela manhã, em parte porque muitos que ela conversou chegara ao parque somente depois do almoço. Não estava tendo sorte.

– Boa noite, dona, vai um cachorro-quente? – cumprimentou um vendedor simpático quando Janine se aproximou.

– Dessa vez eu passo, obrigada. – suspirou ela já sem muitas esperanças – Gostaria de saber se o senhor viu essa moça hoje de manhã. Ela atende pelo nome de Rose.

O vendedor encarou a foto que Janine lhe mostrou em seu celular. Essa era diferente, Rose não olhava para a câmera e parecia distraída. Janine havia tirado essa foto sem que a filhe percebesse, durante um almoço antes da lua-de-mel.

– Ah, sim! Rose, eu sei quem ela é! Ela sempre compra o meu cachorro-quente, diz que é o melhor que ela já comeu. – expõe orgulhoso com um sorriso largo – Eu a vi hoje sim, quase todo sábado ela corre e sempre me deseja bom dia. Muito educada e simpática essa menina.

Isso deixou Janine em alerta. Ele a vira. Alguém finalmente a vira. Eletricidade percorreu seu corpo, deixando-o dormente de emoção. Janine engoliu os sentimentos, os pressionou no canto para que não perdesse o controle. Respirou fundo.

– A que horas mais ou menos a viu?

– No começo da manha, não lembro bem a hora, próximo das 9 horas, eu tinha acabado de chegar.. estava correndo. – só então o senhor percebeu que havia algo errado. O sorriu se desfez e as sobrancelhas se uniram em confusão. – O que aconteceu?

– Me conte tudo o que lembra desse encontro.

– De manhã eu sempre fico ao norte do parque, perto do ponto de táxi, sabe? Ela parou pediu o de sempre, duplo com molho molho extra. Pagou com dinheiro e comeu ali perto mesmo, num banquinho. – ele fez menção de continuar a falar, mas se interrompeu e franziu a testa – Eu tinha deixado isso de lado, mas aconteceu algo. Ela jogou fora metade do cachorro-quente, assim, no lixo do meu lado, logo após desligar o telefone. Eu fiquei um pouco ofendido, ia perguntar pra ela se estava ruim, sabe como é, se tivesse algo errado fazia outro por conta da casa, mas nem deu tempo, ela saiu correndo. Parecia preocupada e com raiva de algo. Quase foi atropelada para conseguir um táxi.

Janine ligara para Rose às nove da manhã. Será que seu relacionamento com a filha estava tão perdido que a fizera correr? Que a deixara irritada e preocupada assim? Culpa desceu ácida por sua garganta. Deveria ter se esforçado mais. Rose era uma menina magoada e tudo o que fizera fora magoar mais. Via na rebeldia e personalidade forte de Rose uma afronta e recusa da mãe, mas tudo o que ela sempre quis era carinho e era muito orgulhosa para pedir. E agora Rose poderia estar perdida para sempre.

Janine ainda não se recuperara totalmente, mas ao encontra Dimitri alguns minutos depois ergueu suas barreiras e ocultou sua dor. Dimitri parecia preocupado, havia um brilho ali que Janine reconhecia de seu trabalho: novidades. Belikov encontrara algo. Que fosse a esperança.

– O parque tem algumas câmeras espalhadas e uma delas pegou Rose pegando um táxi às nove e oito da manhã. Não conseguimos ver a placa, mas deu para ver a companhia e pedi pro Mikhail entrar em contato.

– Isso bate com as informações que tive.

Janine relata a Dimitri palavra por palavra do depoimento do vendedor ambulante, marcadas como estavam em sua mente. Dimitri a ouvia com atenção, balançando a cabeça.

– Acho melhor irmos à delegacia e analisar a linha do tempo. Fica muito mais fácil visualizar e entender os passos dela. E, Janine... não vamos encontrar sua filha. Ela não está perdida e nada disso é culpa sua, você sabe não é?

Tudo o que Janine fez foi abrir os olhos em surpresa. Pensava que havia erguido todas as suas defesas e escondido seus sentimentos, mas Dimitri a desvendara. Talvez eles fossem mais parecidos do que imaginara.


I'll run away with your foot steps

I'll build a city that dreams for two

And if you lose yourself

I will find you

EnchantedOnde histórias criam vida. Descubra agora