Capítulo 8 - We Both Know

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When I think back
The things that threw us off track
We handled like a heart attack
'Cause we didn't see the light

Os dedos tamborilavam incessável e incansavelmente sobre o tampo da mesa, em um ritmo que refletia sua profunda irritação e descontentamento. Os policiais que passavam por Dimitri Belikov abaixavam os olhos, alguns mudavam o caminho para não cruzar o seu, temendo despertar sua raiva. Dimitri trabalhava no distrito tempo o suficiente para saberem que ele não estava em um dia bom.

Tudo se iniciara quando Rose, num rompante, abandonara o jantar na casa de Christian. Ela estava possessa com ele, e Dimitri pode perceber um brilho triste escondido em seu olhar. Ele admitia que não havia dado muita atenção a ela, Tasha monopolizava a conversa e fazia tantos anos que não se viam... tinham tantas coisas para falar! E não era como se ele a ignorasse e Rose estivesse sozinha, seus amigos também estavam ali. Então porque sua frustração era descontara apenas em Dimitri?

Não adiantou que nos dias seguintes ele e Rose não conseguiram se encontrar. O trabalho dele não apenas multiplicara, mas acumulou tremendamente. Dimitri focara-se tanto que algumas noites haviam dormido por lá mesmo. Tasha havia ido até o Distrito pessoalmente para se certificar de que Dimitri continuava vivo – e dormindo e se alimentado. Quando Dimitri se dedicava a um caso, ele esquecia-se de si mesmo.

Tasha.

Ele a adorava, a considerava uma grande e boa amiga. Porém, não era o que ela queria. Dimitri sabia, já há um tempo, que os sentimentos dela por ele ultrapassavam o limite de fraternidade. Ele, entretanto, não correspondia aos sentimentos dela, por mais que tentasse. Ela era fácil de gostar como amiga, mas impossível de ser algo mais. Os dois nunca haviam conversado sobre o assunto, mas Dimitri havia deixado bem claro seus sentimentos e Tasha nunca insistira.

E então teve a cena na rua no domingo à tarde. Quando o caso que lhe tirara o tempo terminou, seu primeiro pensamento foi ligar para Rose. Ela havia parado de insistir e de mandar mensagens, e ele sabia que isso significava que ela estava chateada com sua falta de tempo. Ele, então resolveu fazer-lhe uma surpresa: apareceria em sua casa sem avisar para conversarem e se acertar. Mas assim que chegava em seu carro, Tasha foi que apareceu sem avisar, e parecia que estivera chorando. Novamente, ele pusera seus planos de lado em prol aos outros e ao invés de passar uma tarde tranquila com Rose, ouvira Tasha e sobre sua briga com Christian.

Ele não poderia imaginar que Rose apareceria por lá. Não que ele estivesse se escondendo, mas seus olhos não conseguiram deixar o corpo de Rose enquanto ela andava duramente do outro lado da rua. Seguida por alguém. Mesmo de longe, seus olhos treinados lhe disseram que ela não estava contente. Dimitri sentiu uma súbita necessidade de tira-la daquele sufoco. Não suportava a ideia de que ela estivesse com problemas, principalmente quando o "problema" era um homem.

Depois de uma semana tempestuada com Rose, sua segunda havia começado com o pé esquerdo. Não tirava da cabeça o olhar decepcionado e suas palavras cheias de raiva e magoa. Algo dentro dele dizia que havia algo mais. Que o problema não era apenas Dimitri ter sumido naqueles dias. Pelo olhar de desgosto que ela lançou a Tasha, Dimitri desconfiou que o problema de fato era ele estar com ela.

Rose estaria com ciúmes? Não poderia ser. Ou será que podia? Dimitri e Rose eram apenas amigos. Não eram? Pelo menos era como ele gostava de pensar: amigos. Sem cobranças e expectativas. Era como deveria ser. Não podia permitir-se embrenhar-se no caminho dos sentimentos, do amor. Não era seguro nem correto. Dimitri tinha uma vida incerta, a cada dia que ostentava seu distintivo. Sabia como os vilões da vida poderiam ser vingativos e que envolver-se com alguém expunha não apenas a ele, mas a outra também em perigo. Já lhe bastava preocupar-se com a sua família todos os dias.

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