You should have kissed me
I was right on the edge
and ready to fall
Covarde.
Era essa a definição de Dimitri para si mesmo. Desde que conhecera Rose, meses atrás, tinha vontade de selar seus lábios nos dela e sentir seu gosto que, ele tinha certeza, seria doce. Tentara, e falhava miseravelmente, abafar seus sentimentos. Dizia a si mesmo que eram amigos e que sua idade e profissão não coincidiam com o futuro promissor da jovem. Que ela, provavelmente, possuía outra pessoa em sua vida – o que ele sabia que não era verdade pela conversa que tivera com Adrian no começo da semana, mas Dimitri era bom em se enganar.
Os argumentos eram muitos, porém, nenhum era verdadeiro ou forte o bastante para fazer com que Dimitri recuasse. E de todas as despedidas que tiveram, nunca houve momento mais oportuno como àquele para que o sonhado beijo acontecesse.
E ele deixara a chance escapar por entre os dedos.
Amaldiçoou-se cem vezes por isso. Dimitri Belikov, o policial durão que não temia entrar na mira de um revolver, que não temia lidar com a escória da sociedade, temendo dar um passo na relação estável que possuía. Como ele poderia amar e ao mesmo tempo temer a mulher que entrara num rompante em sua vida?
Temer? Sim. Temia a capacidade de Rose de fazê-lo pensar em algo além do trabalho; de fazê-lo querer algo mais na vida, de idealizar um futuro. Dimitri via tudo preto no branco e Rose viera com seus tons de cinza bagunçar a sua vida. Uma adorável e encantadora bagunça. Imaginar-se descobrindo o sabor de seus lábios e como seria acordar com os raios de sol sobre a pele perfeitamente morena já o aterrorizava o suficiente.
Havia ficado louco ao vê-la com Adrian naquele dia fatídico. Como se não bastasse a ideia de ele a estar importunando no meio da rua, Dimitri quase não suportou quando os viu jantando juntos. Como Adrian ousava tocar na pele que ele...
Não! Por Deus, eles deveriam ser somente amigos. Nada a de idealizações e desejos. Nada de ciúmes. Ele era muito amigo de Rose, sim, mas seus sentimentos por ela não era comparado o afeto quase paterno que tinha por Tasha. Rose o fazia queimar com o simples toque.
Suspirou e olhou pela janela do carro. Não teve coragem de dar a partida e ir embora. Continuava em frente à casa de Rose feito um amante perdido em seus anseios. Como Romeu no balcão de Julieta.
Enganava apenas a si mesmo, achando que Rose não havia plantado raízes firmes, fortes e fundas em seu coração e alma. Havia sido arrebatado pelo amor, mas achando que, se não admitisse em voz alta, ele – o amor – tornar-se-ia insignificante o suficiente para ser ignorado; Mas apenas crescera cada vez mais forte e frondoso, deixando em frangalhos suas forças e autocontrole.
Não podia mais se enganar. Não podia mais ignorar o fato de estar completamente apaixonado por Rosemarie Hathaway. Seu amor era tão grande e tão forte que não lhe cabia no peito e a cada vez que a via, que ouvia sua voz e sentia seu cheiro, intensificava.
Perder o autocontrole era raro. Mas naquela noite, aquela noite em especial, ele gritou em sua mente um foda-se bem alto e largou tudo para o alto.
Tirou a chave da ignição e saiu do carro sem pensar duas vezes no que fazia. O jardim de grama curta e verde, bem cuidado, parecia imenso abaixo de seus pés. Qualquer centímetro longe de seu destino tornava-se milhas que o separavam de seu coração.
Correu.
Apenas algumas passadas até chegar ao ponto que despedira minutos atrás, ao pé da varanda.
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Enchanted
RomanceJá houve uma época na sua vida que quase tudo lhe parecia cansativo e falso? Rose se sentia sufocada. Eram muitas coisas a sua volta e isso a ensurdecia, não dando a chance de ouvir seus próprios pensamentos e segui-los. Fatigada, em uma noite que e...