Tokyo Manji Pups AU - I

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Mikey

Maitake


Desde que era criança, nos velhos e bons tempos onde seus pais ainda não haviam sido chamados para trabalhar no exterior, Takemichi queria ter um cachorro, e, bem, ficar sozinho em casa 9 dos 12 meses do ano certamente não havia diminuido em nada aquela vontade. 

No entanto, ele nunca havia realmente criado o pouco de coragem necessária para expressar aquele seu pequeno sonho para seus pais, mesmo com todas as vezes que Chifuyu e seus amigos do Mizo Mid lhe falaram que seus pais não iriam negar aquela segurança a mais para seu filho.

Ele apenas... Achava que preferia continuar na incerteza do não ter, do que ter a certeza de não poder ter.

Ao invés disso, ele geralmente se contentava em brincar com os cachorros na rua, ou o cachorro de Pah-Chin, e até mesmo em deixar um pote de ração do lado de fora de sua porta para caso algum cachorro abandonado precisasse se alimentar.

Não era suficiente para compensar a vontade de ter um cachorro para si mesmo, um companheiro para lhe fazer companhia e o receber sempre que ele chegasse em casa, mas, já era alguma coisa, e ele estava bastante feliz por isso.

Então não, ele não tinha um cachorro, o que explicava plenamente o seu choque quando acordou em um belo dia de manhã com um pequeno filhote dormindo a seu lado.

O cachorrinho parecia já não ser mais tão novo, mas certamente também não havia atingido ainda a fase adulta. Ele tinha um casaco de pelo dourado felpudo e longo cobrindo todo seu corpo, e também é claro, sua cabeça, que caía emoldurando o rosto do animal de forma que quase fazia parecer que eram fios de cabelo ao invés de pelo.

As almofadinhas de suas patas eram de um tom clarinho de rosa, assim como sua língua que estava parcialmente visível por causa da pequena pontinha que ele mantinha fora de sua boca.

Curiosamente Takemichi achou que o filhote o lembrava de alguém por algum motivo, mas ele desconsiderou rapidamente a ideia ao perceber que no momento aquela estava longe de ser sua prioridade principal.

Ou pelo menos não era, até que ele resolveu procurar pelo pelo do cachorrinho qualquer sinal, plaquinha ou coleira que ele não tivesse percebido que podia responder a ele a pergunta principal de como aquele filhote havia entrado em sua casa, e a quem ele pertencia.

Takemichi não esperava que o cachorrinho acordasse enquanto ele mexia em seu pelo, mas ele também não podia dizer que estava surpreso, afinal, o cachorro podia ter apenas sono leve ou algo assim.

Mas seus olhos, oh Deus seus olhos. Takemichi simplesmente não achava que em algum momento de sua vida seria capaz de esquecer a profundidade daquele olhar caído e entediado com a coloração do mais puro onix.  

Como diabos os olhos de Mikey foram parar em um filhotinho de cachorro?

Takemichi respirou fundo enquanto tentava se controlar. Ele sabiamente excluiu a informação da existência da viagem no tempo, o que poderia implicar a existência de outros tipos de magia também, de sua mente enquanto observava o possível sósia canino de Mikey ainda deitado em sua cama.

Certo, sem pânico, era impossível que aquele cachorrinho fosse Mikey, certo? Ele tinha certeza de que se ligasse para seu comandante loiro naquela mesma hora descobriria que ele estava apenas passeando em sua babu ou comendo dorayaki em alguma loja recém inaugurada que ele acabou encontrando no caminho.

Takemichi passou seus olhos rapidamente pelo quarto procurando o aparelho. Era isso, ele só precisava ligar e aquela confusão toda seria esclarecida, e talvez ele até pudesse chamar Mikey para ajudá-lo a descobrir como foi que o cachorrinho entrou em sua casa, e de quem ele pertencia.

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