PRÓLOGO | ΠΡΟΛΟΓΟΣ

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"Na maior parte das vezes, aquilo que você mais quer é aquela coisa que você não pode ter. O desejo nos parte o coração, nos esgota. O desejo pode ferrar com tua vida. E por mais duro que seja querer muito uma coisa, as pessoas que sofrem mais são aquelas que sequer sabem o que querem."


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O ar cheirava a maresia e laranja doce, os braços ao redor da minha cintura  estavam em um aperto firme, mesmo durante o sono me mantinha por perto, como se tivesse medo que eu pudesse fugir.

   Abri os olhos e percebi o sol entrando pelas frestas das cortinas creme, o som das ondas eram reconfortantes e me diziam que eu estava em casa, Não me movi, apenas voltei meu olhos para ela, o rosto relaxado e os fios claros tão bagunçados quanto poderiam estar, o band-id da Lilo e Stitch  cobria o pequeno corte na testa feito no dia anterior.

— Não lhe ensinaram que é macabro ficar observando alguém dormir? — sussurrou, a voz lenta e rouca de sono,  rolei os olhos e bufei me virando de costas em um claro protesto manhoso e indignado.

Não demorou mais que alguns segundo para que eu sentisse a palma sobre meu estômago me puxar mais para perto, colando minhas costas contra seu tronco e  fazendo com que minha nuca se arrepiasse com a respiração quente.

— Bom dia, carino. — sussurrou contra minha derme, enviando um arrepio direto para a minha coluna.

Murmurei alguma coisa desconexa, meu cérebro havia dado tela azul e eu me encontrava reiniciando o sistema no instante em que me forçou a voltar à posição inicial, de frente para ela. 

—  Bom dia.

Sussurrei depois de algum tempo encarando os olhos claros fixos em mim, por um instante meu coração havia errado da batida  e tudo pareceu ficar em um profundo e gostoso silêncio, era como se nada mais importasse e não existisse mais ninguém no mundo, somente ela, seu par de olhos acinzentados e a voz rouca me sussurrando "bom dia. "

Eu desejava que aquilo durasse para sempre,  mas não iria e eu sabia disso, respirei fundo e escondi o rosto na curva de seu pescoço, seu cheiro ali era mais forte, mais doce e mais cítrico, assim como a laranja  que tanto adorava.

Me peguei pensando  sobre o que mudaria naquele ano inteiro  e percebi que não mudaria absolutamente nada. Eu o viveria mil vezes, sem mudar nada, foram todos os erros que me levaram até onde estava e mesmo que eu não gostasse de admitir  foram os meus erros que minaram tudo aquilo, mas eu seria a única a arcar com as consequência, não permitiria que ela sofresse  mais do que iria.

Meu coração estava partido, isso era um fato, mas eu não poderia ignorar  que por mais algumas horas eu ainda  a teria   por perto, me dando o privilégio de ver seu sorriso e de sentir seu cheiro.

Me apegava a ideia de que ela iria superar o adeus, ela tinha de  fazê-lo, em contrapartida duvidava que eu pudesse superá-lo.

Amor à Grega | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora