CAPÍTULO 5 | ΚΕΦΑΛΑΙΟ 5

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"É inútil dizer que os seres humanos devem satisfazer-se com a tranquilidade; eles precisam de ação; e a criarão se não puderem encontrá-la."
(Jane Eyre)

ATHENA

🌻🌻🌻

O silêncio  começava a incomodar,  me fazendo ficar inquieta no banco, já era quarta ou quinta vez que eu prendia e soltava meu cabelo, o espaço pequeno  do carro limitava meus movimentos, aumentando a ansiedade dentro de mim.  Porque os infernos tinha de ser um espaço tão pequeno e o quão doida eu pareceria estar se pedisse para Alekzandra para o carro para que eu pudesse respirar?

Meus dedos já não estalavam quando eu os apertava e eu também não tinha mais cantinhos de unha para roer, eu teria uma síncope se aquele silêncio continuasse por mais  alguns  segundos.

—  Está tudo bem? — a voz soou rouca e curiosa enquanto entramos na garagem do prédio, o carro foi desligado em uma vaga próximo ao elevador e então eu senti o par de olhos cinza-azulados sobre mim.

— Graças a Deus! — suspirei, as palavras pulando da minha boca, sem que eu tivesse controle algum. — Me desculpe por... Você está chateada não é? quer dizer, brava.  Eu sei que foi impulsivo e eu não devia, me desculpe por...

Mordi o inferior e movi as mãos, meio desengonçada. Meus ombros estavam tensos e eu jurava que estava começando a sentir meu coração subindo goela acima, seria isso humanamente possível???

— Me beijar? Não seja boba, Onassis. — Alekzandra desatou o cinto, ainda me olhando, em sua mão esquerda o pequeno círculo dourado ainda permanecia intacto.  Ela o tiraria?

Eu o tiraria?

— Eu só... você sabe, não tinha que ter feito isso. — rebati,  sentindo minhas bochechas  esquentarem.

— Não é como se você nunca tivesse beijado alguém, ou que eu não tivesse recebido algum beijo.  Estou certa de que haverão outras situações que acontecerão coisas assim e... seu gloss... ele é bom. — disse, despreocupada.  E eu senti meu corpo inteiro tremer.

Por que  ela parecia  tão calma?   céus, eu queria aquela tranquilidade.

  — Vamos?  Depois de instalar você vou levar Farofa para passear.

Eu congelei. O cachorro. Eu tinha me esquecido completamente do cachorro.

— Você tem um cachorro.

— Sim.. você o viu quando dormiu aqui, inclusive ficou brincando com ele antes de apagar.  — o cenho estava franzido.

Estava aí mais um motivo para não ingerir uma gota sequer de álcool: imprudências!

Alekzandra saiu do carro e deu a volta,  ouvi o som da minha mala sendo colocada no chão e então ser arrastada. Olhei-a pela janela, eu tinha certeza que o meu rosto estava contorcido em uma expressão de desespero. Minha mente me dizendo em todos os idiomas que eu sabia que aquilo  não iria dar certo. Talvez eu pudesse ficar com a Melissa ou voltar pra casa, não havia problema nenhum certo? Muitas pessoas casadas moram longe uma da outra. E aquilo nem era uma relação real, eu nem a conhecia direito.

Tudo bem, eu a conhecia, mas não sabia nada pessoal sobre ela, a não ser que tinha um cachorro quase do tamanho de um cabrito!

— Planeja ficar ai?

Sim! eu planejava! eu não desceria daquele carro nem por um milhão de euros.

— Acho melhor  eu voltar pra casa. — disse, num fio de voz e eu tive certeza de que ela não escutou. Através do vidro eu a vi voltar os metros que tinha percorrido e abrir a  minha porta.

Amor à Grega | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora