CAPÍTULO 12 | ΚΕΦΑΛΑΙΟ 12

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"Eu, sinceramente, não acredito no fim do amor."
(Pequena Sereia)

ALEKZANDRA

🌻🌻🌻

— O que acha de tomarmos um café? — Ouvi a voz de Athena enquanto observava com atenção o comércio, a ilha pequena proporcionava aquele tipo de comércio familiar, em que era facilmente possível ouvir os integrantes da comunidade conversando, a maioria das coisas eram fofocas, as vezes sobre um alguém que deixou a família para tentar a vida em Rhodes, outras vezes era simplesmente coisas do cotidiano.

Kastellorizo era pequena o suficiente para que todos se conhecessem, quatrocentas e cinquenta pessoa, não era sequer um bairro em Atenas.

Encarei-a por alguns momentos antes de balançar a cabeça e concordar.

— Conheço um lugar que vai adorar. -—Vi os olhos escuros brilharam e havia um sorriso quase infantil nos lábios da herdeira.

Meu coração se apertou ao me lembrar que tão logo os problemas retornariam como uma onda grande demais em uma súbita subida de maré. Mas afastei os pensamentos e tomei as mãos de Athena entre as minhas e a guiei pelas ruas pequenas.

Stratos Café, o café favorito de Caroline quando éramos mais novas, ela sempre pedia por um frappucino e torta de amoras, era quase que um ritual das viagens em família, antes que eu começasse a me dedicar demais ao trabalho, nos primeiros anos de casamento com Arman as férias eram algo que não deixávamos passar, mas com o correr do tempo e nosso afastamento como casal as férias acabaram por perder espaço em nossa rotina.

Suspirei e deixei que Athena escolhesse uma mesa, quando nos sentamos soltei a guia do Farofa e o deixei descansando debaixo da sombra da minha cadeira, um bebedouro portátil com água e biscoitos foram o suficiente para lhe dar conforto, a caminhada o cansara suficiente para um cochilo longo. Stratos ficava bem à na avenida, de um lado tínhamos as construções coloridas e antigas influenciadas pela cultura turca e do outro o mar com toda sua imensidão azul.

— Eu poderia viver aqui pelo resto da vida. —Athena subiu os óculos para o topo da cabeça e descansou o queixo nas mãos.

— Parece um bom lugar para descansar do ritmo de Atenas, mas ainda gosto muito de ter a facilidade que uma metrópole oferece.

Athena pareceu pensar um pouco sobre e logo a vi balançar a cabeça em concordância.

Entre uma conversa amena sobre assuntos aleatórios os pedidos foram feitos, para um um café expresso, para Athena um frappucino e bolo com sorvete. Não conseguia entender como alguém poderia gostar tanto de doce daquela forma, mas Onassis parecia decidida a adoçar tudo que pudesse.

Muitas vezes durante aquele fim de semana eu me via desligada, por mais que respondesse ao entusiasmo de Athena, algo me incomodava e eu não sabia exatamente o porquê ou o quê dava origem ao sentimento de ansiedade dentro de mim. O tempo com Onassis parecia correr de uma forma diferente, às vezes, acelerado, às vezes, lento demais.

Ela havia pego gosto por jogar o disco amarelo e ver Farofa correr e trazer o brinquedo aos seus pés. Por mais que em uma dessas tardes, durante algum momento da brincadeira, o labrador tenha disparado atrás de uma Athena totalmente desesperada com um um filhote de gaivota nas mãos enquanto chamava por mim. As bochechas avermelhadas e a fala rasa me fizeram rir enquanto ela tentava explicar que o cão queria jantar o filhotinho de pássaro. Procuramos por um ninho, mas não havia nenhum na beira da praia, talvez ele tenha caído ou a mãe tenha o esquecido, depois de tantas suposições chegamos a conclusão de que não saberíamos o que tinha acontecido. Levamos o pássaro para casa e o mantivemos até a manhã seguinte em uma caixa confortável e improvisada, até que Marla viera buscar o animal. Pelo canto dos olhos pude ver Athena analisando a velha senhora, talvez verificando se ela cuidaria bem do filhote.

Amor à Grega | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora