em algum momento do futuro.
Athena permanecia sentada confortavelmente em uma das cadeiras do jardim, ainda que reclamasse dos pés inchados e das inúmeras idas ao banheiro depois de tomar meio copo de soda limonada, sabia que Alekzandra concederia qualquer pedido feito com um pequeno beicinho ou um olhar mais intenso, já haviam passado por aquilo e a loira conhecia Onassis o suficiente para saber que ficaria impossível lhe negar algo durante os meses que se seguiam depois do teste positivo.
— Eu ainda não acredito que você escreveu um livro sobre... a gente. — disse a herdeira franzindo o cenho ao apoiar o balde de pipoca com caramelo sobre a barriga, estava indo para o oitavo mês. Há quase uma semana Andréas havia simplesmente anunciado um manuscrito, intitulado "Amor à Grega", um trocadilho infame com a nacionalidade das personagens que levavam não apenas os nomes, mas as mesmas personalidades de Athena e Alekzandra Onassis-Leannou, inicialmente ficaram em dúvida se aquilo era algum tipo de autobiografia sobre o casamento de ambas, mas acabaram descartando a vontade de compreender o que Galanis havia planejado com tudo aquilo e apenas aceitaram que sua história agora se tornara mais um dos livros da amiga. No fim, Andréas explicou que era um presente carinhoso pelos cinco anos de casamento, o qual ela teve um papel importantíssimo para que pudesse continuar.
— O que eu poderia fazer? É uma história de amor e tanto! É claro que usei de licença artística para alterar e dar um ar mais interessante a alguns fatos, mas tudo que contém nessas páginas é um fato. — Galanis sorriu e ajeitou os óculos de sol sobre o nariz, havia um sorriso vitorioso em seus lábios. — O mundo precisa conhecê-la!
Alekzandra ergueu os olhos do livro recém publicado e franziu cenho, as sobrancelhas louras unidas em uma expressão mista entre a surpresa e o estranhamento.— O que Athena sussurrou para Melissa no hospital? — perguntou curiosa, os olhos vagando da amiga para a esposa, ainda tinha o manuscrito entre os dedos.
— Que eu havia atrapalhado ela a comer você pela primeira vez. — Melissa estendeu uma taça com alguma bebida alcóolica para Andréas, mas antes de se erguer roubou um beijo de Galanis que não evitou um sorriso satisfeito. Do outro lado da mesa de centro, entre as cadeiras do jardim, próximo à piscina, Athena sentia o rosto queimar, Melissa jamais tivera filtros, a melhor amiga de infância era um caso perdido quando se referia à língua solta, Sentia suas bochechas quentes em uma onda repentina de vergonha e calor. — Eu ainda não consigo entender o que deu nela de me colocar como hétero.
— Licença poética, amor.
Melissa iria retrucar, mas Amélie chegava puxando uma criança loirinha de olhos escuros e rostinho choroso.
— Tia Alek, ele caiu do balanço. — Disse num tom culposo, algo dizia ao quarteto de adultas que estavam aprontando, mas é claro não haviam motivos para uma bronca, um aviso para que tomassem cuidado seria o suficiente, afinal crianças eram crianças e não iriam parar de aprontar. Farofa vinha logo atrás trotando em guarda enquanto Gergelim o acompanhava com suas patinhas pequenas, o filhote de Dachshund tentava ao máximo acompanhar o labrador em todas suas aventuras e isso significava perseguir Cyan e Amélie pelos quatro cantos da casa.
Alekzandra tomou o menino nos braços e afagou os fios macios, a franja loira estava manchada com sangue, havia um pequeno corte no lado esquerdo da testa, era superficial e um curativo deveria resolver.
— Está tudo bem, meu amor, está doendo? — O menino fungou e balançou a cabeça, confirmando a pergunta e Alekzandra. — Não tem importância chorar, se estiver.
O garotinho de quase cinco anos completos fungou e olhou para Athena, esperando para saber o que sua outra mãe achava, a herdeira sentou-se o mais ereto que a barriga gemelar lhe permitia e afagou o rosto infantil com um sorriso brando no rosto ao encarar o filho com todo carinho que poderia emanar em um único gesto.
— Sua mãe tem razão, somente pessoas fortes choram, Cyan. — Disse tocando afastando os fios finos e claros do rostinho meio sujo e choroso. Cyan buscou pelos olhos claros de Alekzandra que assentiu. Ele desabou, o beicinho tremeu e as lágrimas gordas rolaram dos olhos escuros em um choro infantil e sentido, ainda que a criança tivesse todos os traços de Alekzandra, ao menos os olhos escuros e a personalidade haviam sido herdados de Onassis.Meio desajeitada, mas ainda sim acostumada, Athena tomou a criança nos braços e lhe afagou as costas num afago maternal, um dos gêmeos, dentro do ventre, chutou, o que tirou o foco de Cyan de seu choro e do corte pequeno em sua testa, Alekzandra tinha uma cicatriz esbranquiçada no mesmo lugar, lembrou-se Athena de repente.
Os olhinhos escuros e curiosos encararam Athena.
— Está tudo bem, querido, eles estão apenas agitados, você também gostava de chutar bastante.
Amélie pouco depois voltou com uma caixa de primeiros socorros e entregou à tia, antes de tomar um espaço pequeno ao lado de Athena, que não demorou em tomá-la em um abraço carinhoso, depois de devolver Cyan ao colo de Alekzandra, para fazer um curativo e coloca um band-id de algum personagem infantil que o garoto tanto adorava.
Melissa e Andréas observavam tranquilas, habituadas a situações como aquelas. Ainda que os olhos esverdeados da ruiva dissessem a Galanis que teriam uma conversa séria ao chegarem em casa, tudo parecia em ordem. Tudo parecia estar como deveria. Athena ainda administrava a empresa da família, Alekzandra conseguira uma solução para os negócios do vinhedo e estabilizar a situação dos pais e se tornara sócia, trabalhando ativamente para o crescimento de tudo aquilo.
Os filmes de quarta-feira à noite haviam se tornado episódios de desenho e as noites de sábado eram reservadas para uma taça de vinho. Alekzandra nunca deixara de se incomodar com o andar descalço de Athena, percebera logo que o filho começou a andar que Cyan poderia ser uma uma versão sua pequenina de olhos escuros, mas puxara os olhos e a aversão aos sapatos para Athena.
Ainda que toda vida profissional de ambas estivessem em uma grande cidade e uma das ilhas mais visitadas do país, haviam optado por formarem sua família em uma casa em uma área tranquila de Samos, tinham um deque que dava no mar e uma extensa faixa de areia antes das praias badaladas e conhecidas da ilha e a brisa do mar lhes abraçava todas as manhãs e tardes, há dois anos haviam optado por morar com as tias, já que Carol havia se mudado para França com o marido e os filhos, e os avós já não conseguiam acompanhar o ritmo de uma criança.
🌻🌻🌻
— Eles dormiram? — Athena perguntou deixando de lado o livro infantil que lia num tom baixo para os bebês ainda em seu ventre.
— Depois de dois livros de história. — Alekzandra suspirou e subiu na cama, os olhos claros nutriam o mesmo carinho pela esposa, mesmo com a rotina intensa ainda tinham tempo de, no meio do dia, trocarem uma mensagem carinhosa.
Houve um breve momento entre a troca de olhares e o selar de lábios que quase evoluíra para um beijo completo, antes de Onassis sussurrar contra os lábios de Alekzandra:
— Eles estão agitados, sua voz os acalma... — pediu num tom de justificativa, o que arrancou um o riso baixo da loira que escorregou pela cama até estar a altura da barriga que abrigava o casal de gêmeos, Alekzandra começou, num tom baixo, a narrar o dia, e antes mesmo de terminar percebera a respiração ritmada e o silêncio que se instalara no quarto.
— Eu amo vocês. — sussurrou antes de voltar a se ajeitar na cama e apagar as luzes. Athena mexeu-se desinquieta até achar uma posição confortável
— Nós também te amamos. — sussurrou sonolenta ao sentir os braços da esposa circularem sua cintura avantajada.Muitos diziam que nem mesmo os deuses tinham tudo, mas Alekzandra se tornava um tanto egocêntrica ao afirmar que tinha tudo o que precisava.
FIM
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Amor à Grega | ⚢
RomanceDepois de ser demitida de uma empresa, que em tese, deveria ser sua Athena Onassis se vê desempregada, solteira e com um ultimato do avô, prestes a viajar para supervisionar a construção da nova sede na America Latina, um processo que levaria um ano...