"Tudo quanto vive, vive porque muda;
muda porque passa;e, porque passa, morre.
Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa,
constantemente se nega, se furta à vida."
( Fernando Pessoa)ALEKZANDRA
(ouçam a música ela diz muito sobre esse capítulo)
🌻🌻🌻O silêncio era um velho amigo, abraçando-nos com ternura enquanto nossas respirações se faziam profundas. Minha mente girava tão rápido que eu temia começar a ficar enjoada, eu me esforçava para absorver cada uma daquelas palavras, com a vã esperança de que uma hora ou outras elas se tornariam mais fáceis de relembrar; Não se tonaram.
E eu podia jurar que doíam como pequenas facas entrando na minha carne, me deixando com raiva e dor. Eu queria conseguir esbravejar, e indignar, mas algo dentro de mim segurava as emoções e me fazia pensar racionalmente, filtrando o que seria externado em palavras enquanto a raiva e a dor escorriam pelos meus olhos em lágrimas gordas e salgadas.
— Eu confio... — sussurrei abrindo os olhos e encarando Athena tão de perto que eu conseguia ver o suave degradê de marrom que se formava até sua íris. — Mas queria que você confiasse em mim da mesma forma, não sei por quanto tempo ainda posso confiar em você.
Athena engoliu em seco e fechou os olhos por um breve momento, como se ponderasse sobre o que deveria fazer em seguida, como se estivesse em dúvida sobre me contar ou não tudo aquilo que passava dentro de sua cabeça.
— Eu sei que você consegue, independente do que esteja enfrentando, eu sei o quão forte você é, mas você não precisa dar conta de tudo sozinha e de uma única vez. — sussurrei, e então senti as palmas quentes sobre a minha bochecha, numa carícia suave. — Me deixe ajudá-la ou ao menos saber o que está fazendo.
Athena balançou a cabeça e se afastou, deixando um vazio inexplicável naquele único gesto. Observei as bochechas avermelhadas pela febre e o rosto abatido pela gripe, mas era perceptível o semblante cansado. A vida não deveria ser tão cruel assim.
— Eu deveria estar ansiosa para assumir o lugar do meu avô, assim como ele esteve ansioso para assumir o lugar do meu bisavô. Da mesma forma que acontece há gerações. — ela se recostou na cama e encarou algum ponto atrás de mim. — Mas isso não é um problema, eu sei que um dia eu vou ter que estar no lugar do meu avô,
Ela não parecia particularmente ansiosa para que isso acontecesse.
— Eu não deveria ter que assumir nada, quer dizer, meu pai deveria assumir, mas ele tá morto. — Uma risada anasalada escapou dos lábios dela e então Athena franziu o cenho. Eu me mantinha atenta a cada uma das suas palavras, tentando entender onde ela queria chegar. — Meu avô espera que eu assuma o lugar do meu pai e o dele, espera que eu dê continuidade no seu trabalho, mas eu não posso simplesmente dar continuidade, eu nunca quis nada disso, mas eu fui criada para isso, pra que um dia eu assuma o lugar que o meu avô ocupa. E agora que eu tenho que fazer isso me deparo com toda essa sujeira. Não é preciso ser um gênio para deduzir que a corrupção existe em todos os setores, e na Companhia não é diferente.
Permaneci em silêncio enquanto ouvia Onassis falar, ainda que nada daquilo fizesse sentido, eu esperava que ao final eu conseguisse entender o que estava se passando em sua cabeça, ao menos um pouco.
— Há seis anos, meu avô fez o teste de segurança do sistema da empresa, sabe? para descobrir pontos fracos e inconsistências. E adivinha só...
— Haviam inconsistências...
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Amor à Grega | ⚢
Lãng mạnDepois de ser demitida de uma empresa, que em tese, deveria ser sua Athena Onassis se vê desempregada, solteira e com um ultimato do avô, prestes a viajar para supervisionar a construção da nova sede na America Latina, um processo que levaria um ano...