Cavalinho

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— Mais um dia no inferno.— resmungou abrindo os olhos quando novamente o maldito galo cantava sem parar, o sol entrando pela janela, ela olhou para os lados, e para entre suas pernas, a poça d'água na cama e corou.
Demorou a dormir noite passada, e não viu outra opção a não ser se masturbar para acabar com o fogo, o orgasmo fora tão forte que molhou quase toda a cama, um dos melhores que já teve com seus dedos, é claro.
Tirando esses pensamentos ela finalmente levantou da cama, sentindo dor nos pés quando tocou o chão frio. Prendeu o cabelo duro como palha no topo da cabeça e cambaleou até o pequeno balde lavando o rosto. Água fria. Sabonete de coco.

— Aí meus pés.— gemeu. Vestiu um short jeans, e blusa de alça branca.
Calor dos infernos. Não era nem as seis da manhã e ela já estava suando.
 Passou desodorante Rexona que nunca te abandona e cheirou as axilas, e foi quando ela viu os pelos enormes ali. Nem se quer tem uma gilete pra raspar a mata atlântica. 
 Sentou na cama e elevou uma das pernas até repousar no joelho e viu seu pé, ainda vermelho e com grandes calos, mais graças as ervas que Mikoto deu, estava bem melhor. Pegou um par de meia e um tênis e calçou. E gemendo ainda sentindo leves dores saiu do quarto mancando e segurando nas paredes.

A conversa que vem do andar debaixo mais parecia uma briga do que um simples café da manhã, panelas caindo, cachorro latindo e risadas  escândalosas com tosse de alguém engasgando no final.

— Oh povo sem educação. Eles não dormem?
 Quando entrou na cozinha todos a olharam, certo claro exceto Sasuke que estava comendo em silêncio de cabeça baixa, Mikoto e Fugaku sorriram.

— Como tá seu pé?

— Bem melhor.

— O que aconteceu?— Itachi perguntou sorrindo divertido esse já devia saber de toda história.

— A dandoca esqueceu que tá na fazenda e veio descalço.— resmungou Sasuke, ela bufou pelo nariz.

— Culpa sua que recusou me ajudar.

— Eu avisei. Océ que não tem educação.— ela revirou os olhos de forma exagerada.

— Por favor, vamos comer. Tem queijo Minas e café para você querida, pão de queijo quentinho que preparei também.

— Obrigada.— ela sentou longe de Sasuke, e começou a comer, Itachi a olhou.

— Gostando daqui? —ela o olhou e sorriu forçadamente.

— Acho que dar pra sobreviver. Mas ainda prefiro cidade grande.

— Ocê acostuma. Depois que decidi vim pra cá não volto mais pra capital.— Fugaku disse.

— Nem todos tem o mesmo pensamento.

O dia por sorte passou rápido, era quase as cinco da tarde quando ela entrou no curral, observou as vacas e cavalos e suspirou cansada. Massageou o pescoço e estralou os dedos doloridos. Fez um rápido aquecimento de braços e pernas e suspirou soltando o ar pela boca.

— Bem, vamos lá. —caminhou devagar observando cada cavalo dali, e sem dúvidas ela não escolheria o que riu da  desgraça de sua vida.— você não.— o animal relinchou para ela.

— Se quero sobreviver aqui para ir logo embora, tenho que entrar no espírito da coisa.— sorriu tentando se animar.
Abriu o curral onde tem um cavalo branco longos cabelos bem penteados ela sorri amarelo.

— Eu consigo. Olá cavalinho, ou égua. Não sei.— fez uma voz de criança mimada sorrindo, aproxima devagar, o animal a olha desconfiado e nada faz.— ok, vamos dar uma volta? Preciso conhecer a área, vê se tem um riacho ou algo assim. Sabe como é né? Vida na fazenda não está sendo fácil. — a égua balançou o rabo.— ok, vou subir em você e seja boazinha.— a égua bufou e ela aproximou acariciando- o.

O Caipira (Sasusaku)Onde histórias criam vida. Descubra agora