Já que o Stage era meu por uma semana, guardei o computador na mochila e fui escrever lá. Pedi um espaçozinho no balcão do pátio, sem querer atrapalhar, prometi que nunca tiraria o aparelho do modo avião nem jamais ligaria a câmera, mas, quando conversei com a recepcionista, ela me disse que várias pessoas estavam incomodadas com a presença e a ameaça que um notebook trazia para o ambiente.
Então, no dia seguinte, entrei logo com um papel colado nas costas, para que todo mundo lesse: "estou escrevendo", e fiquei no balcão de forma que todos conseguissem ver a minha tela.
Dali em diante, ninguém mais se importava com o notebook e, algumas vezes, as pessoas até vinham me perguntar sobre o que eu escrevia, ou, quando já sabiam, quando o livro sairia.
Voei, regada a tônica com limão, mais do que as semanas anteriores. Algo como estar no ambiente da minhas história me impulsionava a escrever mais e melhor, a mudar a escaleta para colocar cenas mais interessantes e, diante dos meus olhos, Teresa Harper e seu mocinho cresciam bem mais do que eu planejei.
Às vezes eu parava para olhar as pessoas ao redor se divertindo. Uns fetiches eu jamais entenderia, mas bondage e aquela amarração toda me interessou. Assistir os outros transando me dava um tesão do caralho, e isso se refletia no jeito como as coisas saiam no processador de texto.
Mas nada me deixou mais fora da casinha como quando vi dois homens juntos. Jesus amado, que coisa maravilhosa. Não eram homens parecidos com os meus vizinhos, gente normal, mas coisa de capa de revista e novela.
Eles eram grandes, fortinhos e tal, e um lambia o outro, de joelhos e as mãos amarradas, enquanto o lambido puxava-lhe o cabelo com força, usando de alça.
Todos os músculos marcados, o abdômen e os braços, os ombros proeminentes e as carinhas de prazer, os sorrisos travessos cheios de chamego, um dando prazer no outro.
Parei de escrever para ficar assistindo, bem cara de pau mesmo, e quase babei com a vista. Lá embaixo já estava tudo babado, bastante babado, mas eu estava falando da boca. De cima.
Voltei para casa tão quente, mas tão quente, que brinquei sozinha e acordei quente mesmo assim. Não parava de pensar na beleza de dois homens juntos, um dando prazer para o outro, o rosto deles, suas mãos.
Fui para o Stage pouco depois de abrir, para continuar escrevendo, e estava contente com o progresso. Mandei os dez primeiros capítulos para a minha editora, com um aviso para que ela só falasse dele comigo depois que eu terminasse a obra.
O progresso era tamanho, que nem vi os dias passarem. Cortei sábado e domingo sem perceber, fiquei triste ao descobrir que o Stage não abria de segunda, e, quando vi, já tinha passado mais de uma semana.
Só me toquei dos dias por que meu queixo se encheu de espinhas e tive de contar quanto tempo faltava para descer para mim. Daí que fui lembrar que era hora de devolver as chaves para o dono real do bar, que o castigo dele tinha acabado e que eu deveria voltar a escrever em casa.
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Todas as coisas que Deixei por Ti
ChickLitClube dos Corações Partidos #2 Ela é uma escritora falida fazendo pesquisas para seu novo livro. Ele é o Dono do Stage, o bar mais fetichista da cidade, e prefere casos de uma noite só. Ela ainda está muito machucada por seu último relacionamento. E...