Arregaçada. Sabe a sensação depois do primeiro dia de academia? Doíam músculos e articulações que eu nem sabia que existiam. Com as pernas trêmulas, precisei de ajuda para sair de cima do balanço. Sorri engraçado por que minhas pernas estavam moles e não consegui parar em pé.
Me apoiei no peito dele, sem segurança alguma em mim mesma, e pedi alguns segundos.
— Abraça meu pescoço. — Falou com uma firmeza que me deixou em dúvida se tínhamos mesmo acabado a brincadeira.
Muito bem-humorada, não tinha saco para rebater ou perguntar, então o abracei. Dei-lhe um beijinho na boca, já que estava ali, e ele me segurou por baixo dos joelhos, me segurando no colo.
— Sei que você tá cansado também, Batatinha. — Resmunguei, deitando a cabeça em seu peito que era quentinho e mais confortável do que parecia — Era só me dar uns minutinhos que eu...
— Calada.
Fiz careta, revirando os olhos para a ordem, mas não respondi. Largando as coisas que usamos no meio do salão vazio, colocou o primeiro pé na escada e tive que olhar para baixo, com um puta medo de cair.
— Olha só, se você quer dar uma de machão, essa não é hora para isso. — Avisei. — É lindo que queira me carregar no colo e tal, mas se a gente cair...
Fez shiu pra mim! A audácia do sujeito de querer me calar! Apertei mais o pescoço dele, com medo real de cair, e pronta para pular de seu colo quando tropeçasse.
Se ele não tinha medo de escadas, pois eu tinha. Sou da época da novela da Nazaré e sabia das tragédias possíveis.
Atingiu o último degrau, avançou pelo corredor inteirinho e pediu que eu girasse a maçaneta do último quarto, o primeiro que conheci quando entrei no Stage pela primeira vez, o mais normal de todos, com cama grande e um sonho de banheira.
Pois foi comigo até ela, inclusive. Não sabia mais onde meu sutiã tinha parado e nem me dei ao trabalho de procurar. Me deitou na banheira vazia e limpa, tapou o ralo com a tampinha e a ligou.
Demorou pouquíssimo tempo para que começasse a encher e o calor da água funcionava como um amaciante para minhas pernas.
Sem conseguir evitar, deitei a cabeça na borda da banheira, sentindo seu efeito relaxante, e ele veio com um elástico para prender meu cabelo.
Coisa de sapo velho. Só um cara muito acostumado a dar banho em mulheres teria o cuidado de prender meu cabelo.
Olhei para ele, juntando todos os meus cachinhos num coque, e sorri pela delicadeza. Deu vontade de dar um beijo nele, então o puxei um pouquinho para alcançá-lo.
— Vai me dar banho? — Talvez minha voz tenha saído um pouco mole demais.
— Vou.
Nem perguntou se eu queria que me banhasse, ou se poderia. Às vezes essas perguntas com respostas óbvias eram necessárias, mas ele não se importava o bastante para perguntá-las. Puxou, de debaixo da pia, um sabonete de bolinha e a jogou na água que já atingia a metade da banheira.
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Todas as coisas que Deixei por Ti
Literatura KobiecaClube dos Corações Partidos #2 Ela é uma escritora falida fazendo pesquisas para seu novo livro. Ele é o Dono do Stage, o bar mais fetichista da cidade, e prefere casos de uma noite só. Ela ainda está muito machucada por seu último relacionamento. E...