Todo mundo ao meu redor me obedecia. Queria saber se ela tinha o que era preciso para me dobrar.
Foi com esse pensamento que toquei o interfone, com o harness que me pediu escondido embaixo do terno, e entrei no elevador.
Encarei minha própria face no espelho e gostei do que vi. Havia um sorriso ansioso, cheio de expectativas, e não toda hora secava as mãos nas calças, sem saber o que fazer com elas.
Toquei a campainha, meia-bomba só de pensar o que teria planejado para mim, e respirei fundo para ordenar os pensamentos. Se me visse tão ansioso assim, entenderia que minha rendição seria fácil, mas não pretendia cedê-la tão de bom-grado assim.
Abriu a porta com um sorriso maior que o meu, os cabelos soltos e encaracolados, brilhantes. Nunca tinha visto aquele cabelo tão brilhante, e achei que já o tivesse decorado.
Arrumou-se para mim, percebi. Colocou vestido, embora não fosse o tipo de vestido que eu escolheria para vesti-la, era um vestido. Preto, com um zíper na frente, e que a abraçava o suficiente para que não fosse indecente em público.
Descalça, os dedos dos pés pintados.
— Tá lindo, Toninho. — Ela disse primeiro. — E cheiroso também!
Com um beijo na bochecha, embora tivéssemos intimidade para beijo de verdade, avançou para tirar meu terno, puxando-o pelos ombros, sem perceber que estava abotoado.
— Me ajuda a tirar. — Ela pediu, se atrapalhando com os botões.
Obedeci, pois, se dependesse dela, destruiria meu Zegna feito exclusivamente para mim.
Dobrei meu terno com cuidado e procurei um canto para apoiá-lo. Achei o braço de seu sofá e ali o deixei, virando-me para ela, mostrando o harness que fiz há alguns anos, preto e com correntes em prata, mas sem nada amarrado no pescoço por que me recuso a usar qualquer coisa com coleiras.
— Lindo, Batatinha. — Curioso. Nunca tinha sido olhado e gostado de ser visto desse jeito quente e perverso, acompanhado de pensamentos profanos que podia praticamente ouvir. — Lindo...
Era um terno usado apenas uma vez, da reserva das roupas para grandes eventos. Não lhe contaria que escolhi aquele apenas para vê-la, mas admito que foi.
— Não mereço um beijo melhor só por causa disso? — Me atrevi.
Riu se aproximando, a passos lentos demais para o meu gosto, e pulou no meu colo, abraçando-me com pernas e braços, e logo perguntou:
— Assim?
Espontânea e caótica. Me deu um beijo bom o suficiente, tomando minha boca para si, cheia de vontade de transar e, como era ela essa coisa que não precisava de muito para me por pronto, lá estava eu.
Há muito não recebia um beijo como aquele, coisa de quem me queria, feita para desmiolar um sujeito com um lançamento à vista e uma equipe inteira para gerir.
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Todas as coisas que Deixei por Ti
ChickLitClube dos Corações Partidos #2 Ela é uma escritora falida fazendo pesquisas para seu novo livro. Ele é o Dono do Stage, o bar mais fetichista da cidade, e prefere casos de uma noite só. Ela ainda está muito machucada por seu último relacionamento. E...