NOS TRILHOS DA MARIA FUMAÇA

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Dizem que em criança eu adorava caminhar com meu pai nos trilhos da Maria Fumaça, lá no Matosinhos em São João del-Rei. E feito gente grande, grudava minha mãozinha no seu dedo mindinho e caminhava com ele, indo e voltando, da Estação pra Capela e, de novo, da Capela pra Estação. À época, meu sonho era ser maquinista, motor de locomotiva, só para apitar meio-dia, juntinho com as doze badaladas da Capela do Senhor Bom Jesus de Matozinhos.

Sinto muito a falta do meu pai, até hoje. Depois da Grande Guerra, ele vivia entrincheirado dentro dele mesmo, no maior e mais profundo silêncio. Olhos erguidos para o distante; sossegados no abismo do firmamento.

Certeza tenho não! Mas acho que meu pai morreu de poesia. Porquê!? Porque virou estrela e fez morada lá no céu.

Por muitos anos fiquei de mal dele. Depois que meu pai se foi eu queria virar estrela também.

Criança tem cada uma...

NARCISO CEGOOnde histórias criam vida. Descubra agora