Tio Vicente, irmão de minha mãe, era músico, e a pessoa mais instruída da família. Foi ele quem ensinou a mim e a meu irmão Hélerson a tocar violão.
Nós, "os meninos da Célia", ficávamos encantados com a intimidade que o tio Vicente tinha com o instrumento.
Certa vez, impressionado com a arte, envergadura e destreza que o "Vicente da Nazaré" tinha com o instrumento, o Lercinho perguntou:
- Tio, como é que o senhor consegue decorar tantas notas assim?
- Eu não decoro. Tenho um coração em cada dedo das mãos.
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NARCISO CEGO
Short StoryNARCISO CEGO: NÃO HÁ ESPELHO QUE NOS TIRE DE NÓS MESMOS É um livro de contos miúdos, de prosa fiada e tecida na roça. Tem cheiro de mato, flor de laranjeira, capoeira e mata nativa. Tem gosto de pasto, arado de terra, vara de pesca, barro, lagoa, r...