Prólogo

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31 de outubro de 2015

Um amplo terreno gramado onde lápides bem cuidadas se distribuíram sob o céu acinzentado de Tokyo. Chovia naquele dia. Nem frio, nem quente. Nem congelante, nem escaldante. A temperatura neutra combinava bem com o vazio no coração da mulher sentada diante da lápide marcada com kanjis formando as palavras 'túmulo da família Baji'.

Ela não usava guarda-chuva, as gotas amenas escorriam pelo capuz de seu casaco e molhavam o rosto, disfarçando as lágrimas. Eram lágrimas de saudade e arrependimento.

"O Mikey tem o direito de odiá-lo, mas... eu não posso. Não posso perder o Kazutora! Ele está obcecado e se os dois se enfrentarem... eu sei que o Mikey irá matá-lo. E-eu não pude proteger o Kazutora... nem do mundo, nem de si mesmo. Eu apenas falhei esse tempo todo. Eu não sei mais o que fazer..."

As palavras que dirigiu dez anos antes à pessoa enterrada ali ecoaram em sua mente.

"Já chega, Shiori!" ele a repreendeu severo "Limpe essas lágrimas, isso não combina com você. Não com a garota que enfrentou a Black Dragons. Não com a pirralha que desobedeceu o irmão mais velho, mesmo sabendo que ele poderia ser muito pior que aqueles putos da nona geração."

Naquela época, eram todos tão jovens, ingênuos e inconsequentes. Não passavam de crianças perdidas, lutando desesperadamente para proteger o que tinham de mais importante. Crianças incapazes de perceber como sua dor, manifestada em ações, se encontrava à dos outros tramando o futuro que moldaria suas vidas.

"Você foi a melhor coisa que aconteceu na vida dele e... na minha também. Mas sou eu quem vai tirar o Kazutora desse caminho no qual ele se perdeu. Eu devo isso a ele. Então peço que você me escute ao menos uma vez..."

"Keisuke..."

"Confie em mim. Eu vou trazer o Kazutora de volta e tudo será como antes. Isso é uma promessa."

Ao final da frase, ele sorriu. O sorriso aberto e radiante, evidenciando os caninos irregulares e excessivamente pontiagudos. O sorriso que era um traço de família e parecia conseguir cativar qualquer um a quem se dirigisse. Shiori sentia falta daquele sorriso, como se fosse um pedaço brutalmente arrancado de si mesma. Como se, sem ele, nunca mais pudesse se sentir completa outra vez.

Baji Keisuke não era igual aos demais. Com apenas quinze anos, ele era capaz de enxergar dentro do coração das pessoas e decifrar com exatidão as motivações que nem mesmo elas podiam compreender.

Diante do túmulo do homem mais importante de sua vida, Shiori pensou que deveria ter imaginado que ele se sacrificaria. Ela tinha apenas quatorze anos e acreditou na promessa, foi convencida pelo sorriso. Mas, depois da noite conhecida como 'o Halloween de sangue', nada nunca mais foi igual.

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