18 - Kodawari

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Fevereiro de 2016

Naoto levantou da cama e se apressou em vestir suas roupas. Shiori apenas se cobriu com o lençol e virou para o lado, a fim de alcançar o maço de cigarros na mesa de cabeceira.

Deitar-se com uma mulher com quem não se tem um compromisso definitivamente não era o tipo de coisa que o promissor Detetive da Delegacia Central de Tokyo costumava ou esperava fazer. Vazar informações confidenciais da polícia para uma civil, também não. [1]

Ele não a amava e tinha certeza de que, da parte dela, também não havia esse tipo de sentimento. Naoto amava um ideal de família do qual Shiori parecia fugir. "Cuida da sua irmã...", as palavras ditas por Hanagaki Takemichi foram o estopim para que seus olhos passassem a ver o mundo de outra forma.

Um delinquente em uma praça disse amar sua irmã e declarou ter vindo de doze anos no futuro, há dez anos atrás. Talvez fosse loucura acreditar em uma alegação tão absurda. Mas, quando o ouviu dizer "No dia 04 de julho, daqui doze anos, a sua irmã vai... morrer. E, nesse dia, você vai morrer com ela.", sua mente girou. Não foi a previsão de futuro, tampouco a data, o que o chocou, mas a palavra 'morte'.

Tudo o que é vivo, um dia morre. Para um garoto racional de treze anos e com inteligência acima da média, essa não seria uma constatação chocante. Mas, ao ser levado a temer pela primeira vez que 'a morte' atingisse aqueles que ama, algo dentro dele mudou.

Se antes Naoto não passava de uma criança isolada negligenciada pelo pai, sempre ocupado com o trabalho, e incompreendido pela mãe e irmã, pessoas com as quais ele sequer tinha intimidade, depois daquele dia, ele descobriu o valor daquilo que já estava deixando escapar por suas mãos.

Ele não se importava se as previsões de Takemichi eram loucura ou não. E, ainda que não pudesse evitar a morte, lutaria com todas as suas forças para que ela demorasse a alcançar os seus. Por isso se tornou um policial. Ainda naquela época, passou a interagir mais com seus pais e tentar compreendê-los. Também ficou mais próximo da irmã e monitorou as atividades da gangue de delinquentes com a qual ela estava envolvida.

Com o passar dos anos, o sonho de proteger sua família cresceu. Naoto às vezes pensava no dia em que encontraria uma boa mulher para construir uma família como aquela na qual cresceu. Ainda faltavam dois anos para que as previsões de Takemichi se provassem verdadeiras ou falsas e, mesmo se considerando mais cauteloso do que supersticioso, ele decidiu esperar. Então, Shiori apareceu.

A mulher de pavio curto, tão determinada quanto misteriosa. Ele nunca teve a ilusão de que aquela fosse a parceira que o acompanharia na conquista de seus sonhos, mas também não chegava a ser um empecilho ou um desvio do caminho. Baji Shiori era o tipo de pessoa que aparece na vida de alguém, deixa marcas e desaparece, tão abruptamente quanto chegou. E isso não era necessariamente ruim, não para alguém com planos tão opostos aos dela.

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