16 - Aibo

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24 de dezembro de 2015

A noite estava fria e os primeiros flocos de neve começavam a cair sobre as ruas. Chifuyu estacionou sua Goki ao lado do Jeep na garagem do sobrado em Shibuya, abriu a porta, tirou o casaco inverno, os sapatos e seguiu para o interior da casa sem fazer cerimônias. Não era exatamente o tipo de atitude que o deixava confortável, ele ainda sentia-se um pouco invasivo e desrespeitoso. Mas, ao lhe dar as cópias das chaves de sua casa, Shiori insistiu que, quando fosse vê-la, Chifuyu apenas entrasse sem se anunciar ou esperar algum tipo de tratamento especial para visitas.

"Despois de tudo o que compartilhamos, mesmo sem saber... Não somos estranhos, nem velhas que pensam que ainda vivem na Era Edo. Você se tornou a pessoa mais próxima a mim no Japão depois que... . Bom... eu gosto de tê-lo por perto. Então, pegue essas chaves e apareça sempre que quiser." foi o que ela disse na ocasião.

O aroma peculiar e tilintar metálico das panelas no fogão guiaram Chifuyu pelo corredor de acesso à cozinha. Mas foram as exclamações irritadas que o fizeram acelerar o passo.

"Merda! Merda!! Merda!!!"

Ao passar pela porta do cômodo, ele estatelou os olhos surpresos. Uma pequena nuvem de fumaça cinza pairava no ar, junto ao odor de queimado. Shori sacudia um pano de prato, chicoteando uma panela em chamas sobre o fogão, em uma tentativa pouco eficiente de apagar o pequeno incêndio.

Pensando rápido, Chifuyu depositou o pacote que carregava sobre a mesa, encheu um jarro com água e se dirigiu para o fogo.

"Shiori-san, se afaste!" ele despejou todo o líquido na panela incandescente e desligou a chama do fogão.

"Chifuyu!" a jovem usava pullover escuro, estampado com estrelas amarelas, tinhas os cabelos presos em um rabo de cavalo e, apesar das circunstâncias, o abraçou contente "Você sempre aparece nos piores momentos." ela desfez-se do abraço e sorriu "Ironicamente, também é a hora certa."

"Hm... a-acho que sim." ele gaguejou com as bochechas avermelhadas, tentando disfarçar a timidez que ainda não conseguira superar "Você está bem?"

"To sim, só não posso dizer o mesmo da nossa ceia de natal... Merda! Era pra ser uma receita de família, mas acho que exagerei na tubâ, na hora de flambar."

Chifuyu concluiu que se tratava de alguma receita de cortes de porco flambados em bebida alcoólica, ao encarar as tiras carbonizadas na panela e observar a garrafa do vinho, tempero e outros ingredientes tradicionais filipinos sobre o balcão.

Ele também percebeu que a cozinha estava mais bagunçada do que Shiori costumava deixar. Além dos alimentos e recipientes no balcão, havia um notebook e folhas de papel com anotações sobre a chabudai [1]. Ela parecia um pouco cansada e tinha os olhos fundos como os de quem tem dormido pouco. O que, talvez, fosse a causa de estar tão desastrada naquele dia e demonstrava claros sinais de que a jornalista vinha trabalhando demais.

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