8 - A cidade que nunca dorme

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Novembro de 2015. Shinjuku, Tokyo

Dizem que as madrugadas são para as putas, os poetas e para aqueles que sofrem de amor... Shiori não poderia ser classificada oficialmente em nenhuma dessas categorias, mas não deixava de ter características que a aproximavam das três.

Um beco escuro e mal cheiroso na zona vermelha de Kabukicho [1], no distrito de Shinjuku. Aquele era o lugar onde, na calada da noite, ela esperava encontrar o caminho para as respostas que procurava há tanto tempo.

Estar ali fazia parte da jornada que a jovem Baji iniciou quando prometeu a Shinichiro que usaria sua inteligência para fazer do mundo um lugar melhor. Por toda a adolescência, ela se dedicou às lições da escola e se destacou como uma estudante brilhante. Mesmo pertencendo a uma família de classe baixa, conseguiu acesso às melhores escolas particulares e ingressou na Universidade de Cambridge na Inglaterra.

A escolha pelo curso de jornalismo foi a primeira etapa para alcançar seu sonho. Shiori cresceu no subúrbio de Tokyo dominado pelas gangues de delinquentes. Ali, teve a oportunidade de conhecer a maldade, injustiça, violência, mas também bondade, gentileza e os laços de amizade capazes de salvar os jovens da realidade cruel que os cercava. Ela acreditava que as pessoas aptas para mudar o mundo pacificamente, como os políticos, ativistas e donos dos mecanismos de poder, não fariam nada se não fossem pressionados. Sua forma de pressioná-los era expondo a verdade, contando ao mundo o que havia de mais podre, levando voz às pessoas que precisavam de ajuda e expondo os perversos que comercializam sua violência.

Por isso, ela se interessou pelo jornalismo investigativo e encarou a missão de desvendar os esquemas que nem a polícia, muitas vezes corrupta e complacente, se atrevia a vasculhar. Talvez dessa forma forçasse as autoridades a tomar uma atitude.

Logo que se formou na faculdade, Shihori passou a integrar um grupo internacional de jornalistas dedicados à investigação e exposição de crimes e situações de injustiça em diversos países. Sua primeira reportagem visava denunciar a situação de exploração sexual de mulheres e garotas nas Filipinas, onde passou a viver depois que deixou o Japão.

Não era um projeto ambicioso, mas acabou tomando outro rumo quando a jovem repórter se deparou com um verdadeiro esquema de escravidão sexual, envolvendo sequestros, drogas, tronturas e até assassinatos. Neste ponto, Shiori já sabia o que fazer.

Por dois anos, ela coletou informações, se infiltrou no esquema se passando por uma garota de programa, reuniu nomes e provas e, quando já estava em posse de todas as informações que precisava, publicou uma série de reportagens bombástica de repercussão mundial denunciando todas as atrocidades que descobriu.

O resultado, centenas de pessoas investigadas pela polícia, entre membros da própria corporação, políticos, empresários e criminosos. Diversas prisões. Dezenas de mulheres e meninas resgatadas. Um escândalo nacional no país onde morava, a indicação para o prêmio Pulitzer [2] daquele ano e incontáveis ameaças contra a jornalista que trouxe toda a podridão à tona.

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