14 - Policial mau, policial bom

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Dezembro de 2015


"Sinto muito..." o policial sentado atrás da escrivaninha no departamento de registro de queixas da delegacia central de Tokyo observou os dedos da mulher do outro lado da mesa com algum desprezo, em busca de uma aliança "... senhorita. Mas não podemos registrar uma queixa de desaparecimento de alguém que sequer possui identificação."

"O nome dela é Shelly. Tem mais ou menos a minha altura, os cabelos loiros, lisos, compridos e olhos castanhos. Deve ter entre vinte e vinte e cinco anos. Tem uma irmã que cometeu suicídio, ambas trabalhavam como garotas de programa em Kabukicho e a Shelly está desaparecida há cerca de um mês."

Shiori repetiu com impaciência as mesmas informações que disponibilizou quando chegou àquele lugar para denunciar o desaparecimento da pessoa que não conseguia contactar há semanas. Ela foi encaminhada para falar com um homem na casa dos cinquenta anos, cabelos grisalhos rigorosamente penteados para trás e um bigode espesso. O Sargento Tanaka, era quase como uma caricatura, o retrato dos 'homens da lei'.

"Isso já não é o suficiente para vocês iniciarem uma busca ao menos pelo bairro onde ela costumava trabalhar?!" a jornalista indagou enérgica "Se falarem com as pessoas na região, deve haver alguém que reconheça as descrições!"

"Nome?! Trabalho?! Busca?! 'Shelly' não passa de um nome de guerra." o policial falou com a mesma má vontade que ostentava desde de que ouviu as palavras 'garota de programa' pela primeira vez naquela conversa "Você tem ideia de quantas prostitutas loiras chamadas Shelly devem existir em Tokyo?! Tenho certeza de que uma puta exatamente como a que você descreveu 'desaparece' toda semana nessa cidade."

Shiori não ficou surpresa com o descaso do Sargento, estava acostumada a conviver com homens como ele desde que formou-se como repórter investigativa. Mesmo assim, não pode conter sua indignação. Preguiçosos, desinteressados, machistas e preconceituosos, para ela, policiais eram todos iguais em qualquer lugar do mundo.

"Então é isso?! Você não vai investigar um desaparecimento por se tratar de uma prostituta?!" ela bateu a mão na mesa e aumentou o tom de voz "Essa mulher pode estar sendo torturada enquanto conversamos! Ela pode inclusive já estar morta."

"Escuta, mocinha, não venha me dizer como fazer o meu trabalho." já Tanaka, não se sentiu ameaçado e continuou com o mesmo ar de desprezo, tanto pela vítima, quanto pela denunciante "Essas garotas 'desaparecidas' somem por um mês ou dois e depois aparecem sem dinheiro e com o rabo cheio de drogas. Se quer tanto encontrá-la, sugiro que procure no ponto de tráfico mais próximo."

Uma pessoa estava em perigo e Shiori perdia seu tempo tentando explicar o óbvio para um troglodita com mentalidade da era Edo [1]. O homem à sua frente era o tipo de pessoa que talvez lhe causasse mais asco que os próprios criminosos e uma profunda irritação subiu à cabeça.

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