2 - Urashima Taro

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Novembro de 2015

Uma antiga lenda popular em todo o Japão conta sobre um pescador humilde que um dia salvou uma princesa disfarçada como tartaruga de ser espancada até a morte por moradores de sua vila. Encantada pela coragem e bondade do homem, a donzela o levou para seu castelo no fundo do mar. Depois de três dias deleitando-se das maravilhas mágicas e estonteantes do Palácio do Dragão, o pescador retornou para sua casa, mas nada permanecia igual. Enquanto esteve longe dos seus, trezentos anos passaram em terra firme. Do passado, apenas o pescador mantinha-se intacto, sem pertencer àquele ou a qualquer outro lugar.

A história contada às crianças para inspirar o medo de se afastarem de casa na companhia de estranhos, ocupou os pensamentos de Kazutora, quando ele ouviu Chifuyu contar sobre o destino das pessoas que costumava chamar de 'amigos'.

"Depois que o Baji-san se foi, enfrentamos dias difíceis. Desmascaramos o Kisaki e o Hanma por influenciarem você, o Pah-chin, o Peh-yan e outras pessoas para corromper a Toman, mas o preço disso foi a vida da Emma-chan. Eles a mataram em retaliação ao Mikey-kun e... acho que, nesse momento, algo no Comandante se perdeu. Pouco tempo depois, ele dissolveu a Toman e se afastou de todos nós."

Kazutora já estava a par da maior parte daquelas informações. A extinção da gangue de motoqueiros que viu nascer e ajudou a fundar; o assassinato da garota sempre gentil e generosa com cabelos dourados e sorriso iluminado; a morte acidental do inimigo que Baji deu a vida tentando derrotar e a fuga do outro... Draken lhe contou sobre esses eventos em algumas das muitas visitas que o fez, primeiro no reformatório, depois na prisão.

O jovem Hanemiya não tinha dúvidas de que o único amigo que continuou a vê-lo durante o cárcere, o fazia com a intenção de afastá-lo da solidão e protegê-lo de si mesmo. De modo que, embora o mantivesse a par dos acontecimentos, não se aprofundava nos detalhes, talvez para não perturbá-lo.

No momento em que Baji se foi, Kazutora desejou acompanhá-lo. O amigo que tirou a própria vida para que o garoto que o esfaqueou não se sentisse culpado. Foi um ato nobre, mas teve o efeito contrário. Apenas diante da dor de perder seu melhor amigo, da consciência de que destruíra com as próprias mãos o que tinha de mais importante, Kazutora pôde encarar seus erros.

Quando finalmente olhou para si mesmo, ele pensou que apenas a morte poderia redimir os pecados do monstro que se tornou. Então, Draken apareceu para visitá-lo pela primeira vez, trazendo consigo uma mensagem de Mikey: "Agora e sempre, o Kazutora é parte da Toman. Eu te perdoo.".

Os pais de Kazutora o abandonaram à própria sorte na cadeia; sua namorada o odiava e nunca iria perdoá-lo; o amigo que o acolheu e protegeu sem nunca pedir nada em troca estava morto... foram as palavras de Mikey que o mantiveram vivo e firme durante os últimos dez anos.

Mas agora que a Toman já não existia mais e seus membros seguiam suas vidas trilhando caminhos diferentes, ele sentia-se como se tivesse passado uma década parado no tempo. Coisas ruins aconteceram com aqueles que costumava considerar importantes e ele não estava lá. Nem culpava os que não fizeram contato durante esse tempo, convencido de que fosse merecedor de todo ódio e desprezo que viesse a receber.

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